Capítulo 3: A Confraternização

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A música alta e as luzes piscando na quadra criavam um ambiente eletrizante. Luiz sentia a adrenalina correndo em suas veias enquanto caminhava ao lado de Samuel, Carla e Patrick. A festa estava em seu auge, mas a preocupação com Brayan pairava sobre eles como uma nuvem escura.

"Vamos dividir e conquistar," Patrick sugeriu, seus olhos brilhando com a excitação do ambiente. "Eu vou procurar a galera do futebol; eles devem saber onde o Brayan está."

"Carla e eu podemos olhar pela pista de dança," Luiz disse, sentindo que precisava estar perto de Carla. Havia algo reconfortante na presença dela, mesmo com todos os sentimentos não resolvidos entre eles.

A festa estava repleta de alunos dançando, rindo e se divertindo, mas para Luiz, a alegria parecia distante. Ele e Carla se moveram pela multidão, tentando capturar um vislumbre de Brayan, mas o que encontraram foram grupos de amigos desfrutando do momento, alheios à tensão que se desenrolava em seu próprio círculo.

"Você acha que ele realmente está aqui?" Carla perguntou, sua voz quase abafada pela música.

"Espero que sim," Luiz respondeu, tentando manter a esperança viva. "Precisamos encontrá-lo antes que faça algo que possa se arrepender."

"Luiz..." Carla começou, hesitante. "Sobre o que aconteceu entre nós... você não precisa se sentir pressionado. Eu entendo que as coisas mudaram."

Ele a interrompeu. "Não é só isso. Eu quero que a gente resolva tudo, mas preciso também saber como todos estão. Não quero que os nossos problemas acabem nos afastando ainda mais."

Ela sorriu de forma suave, e por um momento, Luiz sentiu que estavam se conectando novamente. Mas logo a música aumentou, e eles se perderam na multidão, a realidade os puxando de volta.

Depois de alguns minutos de busca, Luiz avistou uma figura conhecida no canto da quadra. Era Brayan, sentado em um banco, a expressão vazia. O coração de Luiz disparou. Ele se virou para Carla. "É ele."

"Vamos lá," Carla disse, determinada.

Os dois se aproximaram de Brayan, que parecia alheio ao mundo ao seu redor. Ele estava com um copo na mão, os olhos perdidos, como se estivesse em um lugar bem diferente.

"Brayan!" Luiz chamou, a preocupação clara em sua voz.

Brayan levantou a cabeça lentamente, um sorriso forçado cruzando seu rosto. "Olha quem voltou da terra dos mortos," ele disse, a ironia escapando de seus lábios.

"Isso não é engraçado," Luiz respondeu, sua voz mais firme. "Estamos preocupados com você."

"Preocupados? Comigo?" Brayan riu, mas não havia alegria em seu tom. "Vocês estão se divertindo. Não precisam se preocupar com um ninguém como eu."

"Você não é um ninguém," Carla interveio, sentando-se ao lado dele. "Nós nos importamos. Precisamos saber como você realmente está."

Brayan bufou, seu olhar distante. "Estou ótimo. Só curtindo a vida, como qualquer um deveria fazer."

"Isso não é curtir, Brayan. Isso é se perder," Luiz insistiu, aproximando-se mais. "Você não precisa passar por isso sozinho."

O silêncio se instalou entre eles, e a festa ao redor parecia desaparecer. Brayan olhou para os dois, sua expressão mudando lentamente. "Eu só... não sei mais como lidar com tudo isso. Às vezes, tudo fica pesado demais."

"Você pode falar com a gente," Carla disse suavemente. "Estamos aqui para ajudar."

Brayan desviou o olhar, os olhos começando a se encher de lágrimas. "E se eu não souber mais como?" Sua voz falhou, e Luiz sentiu um aperto no coração.

"Então nós vamos descobrir juntos," Luiz respondeu, sua determinação renovada. "Você não precisa enfrentar isso sozinho. Estamos com você."

Brayan respirou fundo, as palavras finalmente chegando a seus lábios. "Eu só queria que as coisas voltassem ao normal..."

E naquela noite, com a música ecoando e a energia da festa pulsando ao redor, Luiz percebeu que, mesmo em meio ao caos, a amizade deles ainda era uma âncora. O caminho seria longo, mas juntos, eles poderiam enfrentar qualquer tempestade.

"Vamos dançar?" Luiz sugeriu, tentando aliviar a tensão. "Um pouco de diversão pode fazer bem."

Brayan hesitou, mas finalmente assentiu, e os três se levantaram, movendo-se em direção à pista de dança. E assim, entre risos e passos desajeitados, eles começaram a se reencontrar, um passo de cada vez.

Segredos Entre as SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora