Respirações descompassadas, uma contra a outra; os lábios quase se roçavam pelo curto espaço que havia entre eles, e os olhares — ah, os olhares — as órbes pareciam fissuradas umas nas outras. Era como se estivessem conversando sem usar palavras sobre um assunto que só eles sabiam qual era. Hidan engoliu em seco; ele nunca havia beijado na vida, já que isso era algo íntimo, que só se fazia quando se casava. Mas, poxa... ver aquele rosto moreno e incrivelmente bonito de perto lhe dava água na boca. Sem muito o que fazer, ele fitou os lábios carnudos e escuros do outro, que pareciam tão gostosos. Apertou os lençóis abaixo de si; seu coração batucava como louco. Fechou os olhos e suspirou, sentindo seu rosto esquentar. Era agora ou nunca! Num surto de coragem, Hidan abraçou o pescoço do alfa, forçando-o a selar seus lábios.
Kakuzu se surpreendeu de início, mas logo tratou de apoiar um cotovelo na cama e, com o outro braço, contornou a cintura do ômega, trazendo-o para mais perto. Passaram alguns segundos assim, até que o alfa moveu-se um pouco e lambeu os lábios alheios. Hidan abriu levemente a boca em surpresa, e o outro considerou aquilo como uma permissão. Sua língua veio de novo, e dessa vez mais ousada, buscando a língua alheia enquanto movia os lábios lentamente. Sem saber o que fazer, o ômega imitou o movimento do mais velho, e quando suas línguas se encostaram pela primeira vez, um arrepio tomou conta dos dois. Os olhos do albino, mesmo fechados, começaram a marejar e acumular lágrimas nos cantos. Aos poucos, ambos se acostumavam com a velocidade, não deixando de soltar brevemente o ar pelo nariz.
Mas Kakuzu queria mais.
O moreno se afastou de Hidan brevemente apenas para ajeitá-los na cama, fazendo o ômega ficar sentado com as pernas uma de cada lado de seu corpo.
— Espere, isso é... — não teve tempo de pensar; seus lábios foram tomados com voracidade dessa vez. Os grandes braços rodearam novamente a cinturinha fina com mais força, como se quisesse impedir que ela fugisse. Suas pernas tremularam com o contato tão íntimo, e ele, sem querer, suspirou contra a boca do alfa. Este cessou o ósculo assim que percebeu que poderia passar dos limites, mas, para encerrar, ele mordeu o lábio inferior do ômega devagar. Ambos abriram os olhos quando ele se afastou da boca alheia, encarando-se por alguns segundos. Então, o imperador — todo soberano do império, rei de mil guerras, temido por toda a Roma — deu alguns beijinhos na bochecha alva e fungou no pescoço delicado, sem desfazer do abraço.
— Eu nunca tive de pedir nada a ninguém — sua voz saiu mansa, mas ainda rouca — então não diga que "não".
Hidan fechou os olhos, se acomodando melhor.
— Esqueça de onde veio e de tudo que não seja eu. Case-se comigo.
Assustado, ele se afastou, colocando as mãos nos ombros do moreno.
— Ca-casar? — fez contato visual, buscando algum resquício de brincadeira no outro — com você?
— E com quem mais seria? Não me casarei com outro — disse, firme e sério.
— Não precisa dessa falta de educação — seu rosto adquiriu ainda mais pigmentação vermelha pela vergonha — só estou surpreso; você me tratou como um asno esse tempo todo.
— Asno?! Foi você quem começou a usar perfume sem me dizer o motivo e depois mentiu para mim — suas sobrancelhas se franziram — mentiu para o imperador; deveria pagar pelo seu crime!
— Como? — perguntou, ofendido, afrouxando o abraço — ora essa! Você quem me provocou primeiro com essa sua arrogância! O que eu poderia fazer?
— Ao menos ficasse quieto, mas a questão a ser discutida aqui não é essa — a mão segurou o queixo alvo — quero que se case comigo — praticamente exigiu.
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Serás minha imperatriz
Hayran KurguNão serdes tolerante com os vermes. Pisar-te os teus inimigos até que morram. E não esqueça-te do teu propósito. O amor vem para muitos, mas para ti não virá, pois o imperador não ama, e nem deve amar. Fôra o que seu pai lhe disse no leito de morte...