Naquela tarde, tudo estava mais bonito. Não estava tão quente e até arriscaria dizer que uma chuva estava por vir, já que algumas nuvens se acumulavam ao longe no horizonte. O clima na grande Roma era diferente do de Alexandria, mudando constantemente. Os ômegas eram os que mais sofriam com essa bipolaridade temporal, sempre tentando se adaptar e falhando miseravelmente. Essa era a situação recorrente de Hidan, que estava chateado, com o corpo dolorido e as narinas congestionadas. Por que diabos tinha que adoecer justo no dia em que se encontraria com o imperador? Lamentável era pouco para descrever sua condição atual. Ele não conseguia nem sentir o próprio cheiro, e pedir a alguém que o cheirasse seria estranho demais. Então, o que faria?
Certo, já havia tomado um bom banho carregado de sais, colocado sua melhor e mais bonita túnica, em um tom claro de azul, tão bem lavada quanto ele. Mesmo assim, tomou uma dose generosa de xarope e teve de beber mais alguns chás, já que estava realmente ruim. Certamente exalava a doença.
- Querido, se apresse ou vai chegar atrasado. O cocheiro já está impaciente! - seu pai adentrou a cozinha da casa, observando seu filho deprimido em uma das cadeiras da mesa. - O que houve?
O albino suspirou pela boca, já que sua congestão nasal ainda o atrapalhava.
- Acho que estou empesteado com o fedor destes chás - empurrou uma xícara com um pouco de líquido, que o pai identificou como o antídoto para a enfermidade do filho.
O homem mais velho, percebendo a situação, deu uma risadinha.
- Do que achas graça? - o viu se aproximar ainda rindo e agora um pouco vermelho. - Me encontro em um embaraço sério aqui! - o fitou com indignação.
- Também fiquei da mesma forma quando convidei sua mãe para passear pela primeira vez - pôs as mãos nos ombros do filho e se abaixou um pouco para beijá-lo na bochecha. - Está bonito como sempre, meu primogênito. Tenho certeza de que ele irá gostar.
O rosto do ômega enrubeceu.
- Ele não é a mamãe, pai, e eu certamente não sou o senhor - ele riu. - És tão baixinho que chego a ter dó.
Sua gargalhada cortou a cozinha, enquanto seu pai o olhava com indignação. O homem se sentiu ligeiramente ofendido, mas não pôde deixar de apreciar a risada desengonçada e linda do filho enquanto concordava com ele.
- Tem razão, és igualzinho a sua mãe.
O galope afobado dos cavalos chamou a atenção do homem alto que se situava em frente ao grande teatro. Em toda a sua soberania e presença, com uma toga preta e sandálias gladiadoras, ele estava impaciente, parecia estar ali há uma eternidade. Sua face demonstrava tédio e descontentamento. Quem em sã consciência ousava deixar o imperador esperando? Cruzou os braços e suspirou. A verdade é que ele estava ansioso e tenso. Nunca havia sentido tamanha química e interesse por alguém. Hidan era alguém para se puxar, agarrar e não soltar, mas, na melhor oportunidade, Kakuzu faria isso.
Os batimentos cardíacos aceleraram como uma carruagem puxada por 400 cavalos quando o ômega veio até si lentamente. Diferente de antes, ele parecia mais confiante. Sua cabeça estava erguida, mas o olhar mantinha-se no chão em sinal de respeito.
- Saúdo a ti, ó grande sol do império, graça e paz te cerquem - o albino se curvou com elegância, mantendo uma considerável distância entre eles.
E quando Kakuzu iria lhe responder de forma ousada e provocante, um cheiro invadiu suas narinas sem permissão. O olfato apurado do alfa fez com que ele ficasse irritado instantaneamente. Onde estava o cheiro marcante de amoras? Por que diabos Hidan estava usando um perfume tão forte?
- Se não querias vir ao meu encontro - começou com a voz carregada - podias ter me recusado.
Hidan paralisou.
- Co-como? - o coração disparou como louco. Um frio congelante cortou-lhe o estômago, enquanto um gosto horrível e amargo começava a se apossar de sua boca. - Majestade, eu não tive a intenção de...
- Está bem, está bem, poupe-me de explicações sem sentido - por Deus, o tamanho do ódio que ele sentia naquele momento. Seu alfa interno arranhava as paredes do cérebro tentando entender o porquê do ômega tentar esconder o próprio cheiro de si. Ele não lhe desejava? Não era bonito o suficiente para ele? Talvez fosse seu corpo, ou seria sua voz? Ele realmente não sabia, e quanto mais divagava sobre isso, mais se chateava. - Vamos entrar.
Por fim, Hidan endireitou a postura e pôs-se a andar na sombra do imperador. Hidan nunca sentiu tamanha irritação. Sua garganta estava trancada, junto de um choro que entalava e não saía de forma alguma. Se ele pudesse, já estaria aos berros com aquele alfa arrogante. Seria por causa do atraso? Ou o perfume? Não estava vestido adequadamente ou à altura? Não, isso não seria.
...
A porta bateu com força, gerando um estrondo alto que ecoou pela residência inteira. Passos apressados puderam ser ouvidos logo após, e as empregadas vieram ver o que era aquele alvoroço. A única coisa que viram foi um ômega de costas andando na maior velocidade que podia.
- Por Deus, o que está acontecendo aqui? - Duque Asami apareceu por ali, assustado com o barulho, e perguntou às empregadas.
- Vossa graça, vosso filho entrou aqui desta forma - a governanta começou - mas não nos deu tempo algum de questionar.
Um estalo ecoou na mente do homem.
- Voltem a seus afazeres, por favor - andou em direção às escadas, subindo cautelosamente. Ele sabia que havia um pequeno risco de aquele encontro não dar certo, mas, mesmo assim, ele via o brilho nos olhinhos do filho quando alguém falava do imperador. Sempre deu o melhor para o primogênito; por que não dar um marido promissor? Ele também observou como o imperador gostava de sorrir quando estava na presença de Hidan. Então, por que? Por que o ômega estava tão nervoso e choroso? Oque era aquele som de choro? Seus passos se apressaram para chegar à porta do quarto do filho, mas, assim que girou a maçaneta, ela estava trancada.
Um esganiçado clamor cortou o silêncio de breves segundos atrás.
- Hidan, meu filho, o que houve? - forçou a maçaneta mais uma vez. - Abra a porta, meu bem.
E, como se fosse mágica, a porta foi aberta, revelando uma figura albina com o nariz vermelho e olhos inundados.
- Oh, meu Deus - o abraçou apertado, sendo prontamente correspondido. O pobre se agarrou a ele, trêmulo, como um filhote que necessita do alento da mãe.
- Eu odeio aquele homem, papai! - segurou com força a toga do pai. - E ele me odeia igualmente. Não quero vê-lo nunca mais!
Oi gente!!! Dei uma sumida né kkkkk tive alguns meses conturbados, mas estarei postando com mas frequência
(Pelo menos assim planejo) bjs 😘
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Serás minha imperatriz
Hayran KurguNão serdes tolerante com os vermes. Pisar-te os teus inimigos até que morram. E não esqueça-te do teu propósito. O amor vem para muitos, mas para ti não virá, pois o imperador não ama, e nem deve amar. Fôra o que seu pai lhe disse no leito de morte...