Capítulo Dois

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Katherine por diversas vezes tentou confrontar sua mãe na tentativa de alerta-la sobre o homem com o qual a mulher havia posto dentro de sua própria casa, ainda mais perto de sua princesinha. – Homem este, que dizia ser o quê não era. – Mas, infelizmente Louren nunca acreditou numa única palavra do que a filha tentava lhe explicar sobre quem o padrasto realmente era. Pois, todas as vezes que ela tentava iniciar uma conversa com sua mãe sobre Brian, a mulher sempre acabava desviando do assunto.

A menina não conseguia entender como é que sua mãe havia se envolvido tão rápido pela forma galante e sedutora de seu novo marido. A mulher estava completamente cega de paixão pelo belo homem com o qual havia se casado, que simplesmente achava que a filha estava inventando toda aquela história somente para tentar chamar a atenção para si, como sempre fazia.

Porém, Katherine nunca desistiu de tentar alertar sua mãe e desde aquele dia, ela insistia em ter aquela conversa sobre o padrasto com a mulher. Mas, o que a menina não sabia era que devido a sua insistência, sua mãe mudaria para sempre a forma de como tratava a filha, pois, começou a trata-la da forma mais fria e ríspida possível. Coisa que a menina nunca havia visto em toda sua vida.

A menina havia percebido que sua mãe havia mudado drasticamente com ela por conta de sua insistência para tentar contar a mulher sobre a forma como seu padrasto havia começado a olha-la. Mas, devido a influência frequente e a manipulação constante que Brian havia adquirido sobre a Louren, era impossível para Katherine ter uma conversa civilizada com sua própria mãe. Já que a mesma surtava de raiva todas as vezes que a filha insistia em tocar no assunto ou simplesmente quando ficava chapada.

Ela tentava ficar o mais longe possível de sua mãe todas as vezes que ia tentar tocar no nome do padrasto, pois, havia aprendido a identificar quando a mulher ia jogar algo em sua direção. Louren gostava de ficar arremessando tudo o que via pela sua frente, na tentativa inútil de acertar algo na filha, mas, graças aos céus a mira da mulher nunca foi das melhores e ela nunca havia conseguido acertar nada na menina.

“Flash Back On

        Mansão dos Halstead’s há Seis anos Atrás

Mais uma vez Katherine foi obrigada a pegar o ônibus escolar para ir para a escola. Era algo que a menina detestava fazer, já que antigamente, muito antes de ser expulso de casa e até mesmo do falecimento de seu pai, era ele, Jay, seu irmão do meio e por quem a menina era mais apegada, quem a buscava e a deixava. Mas, depois que o rapaz foi expulso e foi servir no Afeganistão, foi Louren quem passou a ter essa função. Pelo menos até se casar novamente. Isso aconteceu há mais ou menos uns oito meses atrás, após sua mãe conseguir superar a perda de seu amado marido.

No início, a mulher estava até indo lhe buscar há alguns meses atrás, mas, agora nem isso ela fazia mais. Ainda mais depois que seu “querido” padrasto havia comentado durante um dos jantares com a esposa de que Katherine já estava bem grandinha para pegar o ônibus escolar para ir e vir quando precisasse. No entanto, a menina estava decidida à ter uma conversa franca com sua mãe, assim que chegasse em casa.

Katherine desceu do ônibus e começou a andar sobre a passarela de pedras que dava acesso a entrada de sua casa. A menina suspirou de forma cansada, pois, já não estava mais aguentando tudo aquilo que estava acontecendo em sua vida. Assim como todas as tragédias que rondaram e ainda rondam sua família. – Porém, não era por esse motivo que ela estava tentando retardar a sua entrada na sua própria casa, - mais era porque a menina sabia que assim que abrisse a pesada porta de alumínio preta com prata, teria uma nova briga com sua mãe, da qual não sairia nada de bom. Ela pegou a chave com um chaveiro metálico com o formato do brasão de hogwarts que tinha alguns detalhes em dourado que dava um charme no objeto, que estava no bolso da frente da sua mochila branca estampada com rosas azuis, e entrou dentro de casa.

- Mãe! – Katherine exclamou ao entrar no hall da casa, enquanto jogava a mochila em cima de uma das poltronas bege de estilo vintage que tinha próximo a porta. A menina não obteve resposta ao chamar pela sua mãe, então, ela foi em direção a sala de estar ao ouvir um barulho de TV e deduziu que novamente sua mãe não havia ido trabalhar e ao chegar no local a garota estava certa, pois ao entrar no cômodo, viu a mulher sentada no sofá no mesmo estilo das poltronas, - que ficam na entrada da casa, - com uma garrafa de Bourbon sobre a mesinha de centro de vidro e um copo cheio de gelo. – Mãe... – ela exclamou novamente, enquanto se aproximava de onde a mulher estava.

- Ah... Oi... Querida... Não... Lhe... Ouvi... Chegando! – Louren disse se esforçando para disfarçar sua voz embolada mas sem sucesso, fazendo com assim, a mulher revelasse o seu alto nível de embriaguez no qual se encontrava, enquanto jogava a cabeça para trás para encarar a filha que estava parada atrás de si.

- Preciso falar com a Sr.ª! – Katherine disse seria, enquanto dava a volta no sofá para se sentar ao lado da mulher. Enquanto, ela desatava o nó do blazer preto do seu uniforme que estava em sua cintura, a menina começou a morder inferior e a esfregar as mãos, estava bem claro para ambas que ela estava nervosa por ter que tocar novamente naquela conversa.

Desde pequena, Katherine tinha essa mania de morder o lábio inferior e esfregar as mãos, o que sempre acabava há entregando por conta de sua ansiedade e de seu nervosismo. Porém, a menina estava decidida à ter aquela conversa com sua mãe e ela não iria desistir tão fácil assim. Mesmo que aquilo magoasse profundamente a mulher e a destruísse ainda mais por dentro e a fizesse odiar a filha pelo resto de sua vida. Mas, ela estava disposta a fazer com que sua mãe a escutasse nem que fosse a última coisa que Katherine fizesse em toda sua vida.

- Sobre! – Louren indagou sem muito interesse em começar uma conversa com a menina ao seu lado, que lhe encarava de forma nervosa. Katherine abriu a boca uma ou duas vezes, no intuito de criar coragem para dar início a conversa que definitivamente, definiria o futuro de sua relação com sua amada mãe, porém, sua voz faltou alguns instantes, enquanto encarava nervosa a mulher à sua frente. Enquanto a mesma esperava impaciente a filha criar coragem para lhe falar o que queria, ela aproveitou para dar um último grande gole em sua bebida, lambendo os lábios em seguida com a língua para poder não desperdiçar uma única gota se quer de seu “amado” Bourbon.

Katherine nunca gostou do seu padrasto, desde a primeira vez em que o viu a menina sentiu algo ruim sobre o homem, - e olha que na época ela era só uma criança, - ainda mais depois do ele havia feito sua mãe se tornar. Antes, Louren era uma mulher decidida, elegante, sofisticada e bem sucedida em tudo o que fazia, porém, agora, era uma dependente química, desleixada e uma usuária de drogas.

- Sobre o Brian! – A menina disse indo direto ao ponto, fazendo com que assim, sua mãe se remexesse inquieta no lugar onde estava. Louren se remexeu inquieta no sofá, coçando rapidamente a cabeça, intrigada pelo assunto “tolo” no qual a filha insistia tanto em tocar sobre o homem. Nervosa pela “atitude infantil” de Katherine por tentar colocá-la contra o marido, a mulher encheu novamente o copo até a borda e bebeu outro grande gole em seguida.

- De novo com esse assunto, Katherine! – Louren indagou de forma severa para a filha que a encarava com um brilho de esperança no olhar a ponto de que sua mãe pudesse entender sua angústia em relação a forma de como o padrasto estava começando a olha-la, estava começando a lhe incomodar. A mulher apenas assumiu uma postura rígida, enquanto bebia mais um grande gole de sua bebida, - indicando claramente que estava começando a se estressar. – Pois ela não gostava da forma como a filha “insinuava” as coisas sobre seu novo marido. Assim, como também não acreditava nas “besteiras” que a menina dizia, porque sabia que a filha só estava fazendo aquilo para chamar à atenção, como sempre fazia. E toda vez que a ela insistia em tocar no assunto, ambas acabavam brigando, já que aquela atitude da menina só a deixava ainda mais estressada e triste. – Não quero e não vou entrar nesse assunto de novo com você, Kathy! – disse a mulher suspirando pesadamente.

- Mais mãe... – Katherine tornou a insistir, vendo que novamente aquela conversa não daria em nada além de uma nova briga e novos estilhaços de vidro no chão, enquanto a mulher ao seu lado, apenas a encarava com tristeza no olhar.

Louren nunca conseguiu entender do porquê da filha insistir tanto em difamar o padrasto, logo ela que sempre esteve ao seu lado. Agora, a menina não concordava com seu novo casamento, sendo que foi ela quem insistiu tanto para que sua mãe arranjasse um novo marido e agora vivia dizendo que o próprio não era digno dela. Quem Katherine achava que era para dar palpites em suas relações matrimoniais? Após quase sete meses de união do casal, a mulher se sentia finalmente “feliz” depois de todo o sofrimento que passou com a perda de seu marido, só porque mais uma vez ela havia se casado com alguém tão importante quanto seu falecido marido. E esse alguém havia tirado o peso de comandar a empresa que Joseph havia lhe deixado. Esse alguém era ninguém mais, ninguém menos que o maior acionista da Halstead’s Corporation, seu nome. Brian Bolton.

- Não têm essa de “mais” Katherine! – A mulher disse emborcando de uma vez só o que restara de sua bebida, enquanto se levantava o mais rápido que conseguia e saía cambaleando de perto da filha e indo em direção a cozinha, pois não estava nenhum pouco afim de discutir ou de ouvir as asneiras que a menina queria falar sobre o seu marido.

- Mais, mãe isso é sério! – Katherine disse seria e se levantando para ir atrás da mulher. Dessa vez a menina estava decidida a enfrentar a mãe e dizer tudo o que achava sobre o comportamento grotesco de seu padrasto, mesmo que aquilo jogasse sua mãe ainda mais para o fundo do poço e a fizesse odiá-la pelo resto sua vida. Ainda assim, Katherine ficaria feliz em saber que pelo menos havia tentado mais uma vez abrir os olhos de sua mãe, sobre fazê-la enxergar o tipo de homem com o qual havia se casado. Apesar de nunca ter contado a ninguém, nem mesmo para a mulher sobre o episódio, onde Brian á assediou na cozinha meses atrás, - após o homem e sua mãe terem voltado da lua de mel, - no qual foi defendida pelo irmão que ameaçou bater no padrasto depois de mais uma discussão e meses depois ter sido pego aos socos com o mesmo, causando assim, sua expulsão de casa na época. E por fim deixando a menina sozinha com sua mãe e a mercê do pervertido do Brian. – O jeito que ele me olha... – continuou sem se importar com a reação de sua mãe ao tocar naquele assunto, enquanto se apoiava sobre a bancada da cozinha e a encarava de forma desesperada para ter uma resposta positiva. – Me dá calafrios! – Katherine disse por fim, procurando o olhar de amparo de sua mãe, um olhar que não veio.

Louren á encarava severamente com olhos azuis envelhecidos e irritados pela grande quantidade de álcool que ela havia adquirido momentos antes da menina chegar. A mulher não conseguia acreditar numa única palavra sequer que saía da boca da própria filha.

- Você está vendo coisas, Katherine! – a mulher brandiu para a filha, enquanto continuava a encara-la com os olhos avermelhados e severos que rapidamente passaram a ser repreensivos, que diziam que o assunto estava encerrado e não tocaria mais no assunto.

– É difícil... – Katherine continuou sem se importar com o que sua mãe havia acabado de lhe falar, ela só queria que sua mãe soubesse quem realmente era o homem com o qual havia se casado. A menina estava decidida a mostrar isso a mãe e isso era um fato, porque em termos de teimosia, ela era tão teimosa quanto a mulher que a encarava de forma severa naquele momento, pois havia herdado isso da mesma que permanecia parada a sua frente. Porém, dessa vez, ela estava disposta á arcar com as consequências de sua teimosia e de sua insistência, por isso não iria se dar por vencida tão facilmente, então, continuou mesmo sobre os protestos da mulher. – É difícil para mim falar sobre, mãe! – mesmo não querendo e sem perceber, a menina acabou elevando seu tom de voz um pouco mais do que devia. – Você não vê?! – indagou se aproximando ainda mais de sua mãe, enquanto há encarava, vendo finalmente o estado deplorável no qual a mulher se encontrava.

Louren tinha estatura mediana, pele alva, olhos esverdeados – que agora estavam envelhecidos pela idade, - lábios levemente cheios, porém, preenchidos com botox, assim como seu rosto esticado por dezenas de cirurgias plásticas, seus cabelos ruivos e volumosos eram ondulados com vários fios brancos que se mesclavam aos ruivos, o que dava até um certo charme na mulher, pois dava há entender que ela havia feito algumas mechas. Era o mesmo que estar vendo Katherine, porém, anos mais velha e com mechas brancas no cabelo. Ela devia ser a mulher mais linda nos seus dias de glória, ao contrário do estado deplorável e de pura desgraça que se encontrava agora neste momento de sua vida. A mulher estava com os olhos fortemente irritados e com as pupilas dilatadas, consequência do alto teor de álcool que ela havia consumido junto com as drogas e os antidepressivos, ou talvez seja o resultado desse “maravilhoso” coquetel do diabo, com os adolescentes chamam hoje em dia.

- Sabe o que vejo, Katherine!? – A mulher questionou áspera, pois não aguentava.  mais todas aquelas “insinuações e mentiras” que a menina vinha dizendo sobre o padrasto e tratou logo de parar de vez com aquele showzinho que a filha estava mais uma vez tentando fazer sobre o seu marido. Louren mudou drasticamente seu tom de voz que à pouco estava exasperado, porém, agora estava carregado de desprezo pelo mal comportamento da filha. – Vejo uma menina que está acostumada a ser o centro das atenções... – continuou, pegando o pulso da menina com brutalidade e fazendo com que a mesma se aproximar de si, ignorando completamente o excesso de força que estava colocando sobre o pulso da filha, enquanto os olhos verdes da filha que eram tão parecidos com os seus. – Uma garota patética e mimada, filhinha de papai que e que era mimada pelos irmãos que não estão mais nem ai para ela! – ela disse por fim, apertando ainda mais o braço da menina.

- Mãe! – Katherine exclamou incrédula não acreditando no que sua mãe acabara de lhe falar, ela sentiu seus olhos começarem a marejarem em seguida suas lágrimas escorrem e banharem seu lindo rosto de porcelana. A menina não sabia o que fazer ou que dizer para confrontar sua mãe naquele momento, depois do que acabara de ouvir, parecia até que ela estava de frente para uma desconhecida. E de fato estava.

A forma como Louren havia passado há tratá-la nos últimos meses, era rígida em suas ações e seca em suas palavra, e a menina já havia percebido isso. Porém, não se importava muito, pois sabia que a mãe estava agindo assim por conta dos efeitos colaterais dos antidepressivos que vinha adquirindo ao longo dos meses. Mas, agora, a menina finalmente havia percebido que não era só por conta dos medicamentos que sua mãe estava consumindo, mais sim, por conta de Brian que havia feito uma espécie de lavagem cerebral na cabeça, pois, não haveria outra explicação para forma que a mulher a sua frente estava agindo. Logo ela que havia conseguido equilibrar todos as coisas ruins que tinham acontecido em sua família e que estava indo tão bem em seu tratamento contra a depressão, além de que era um exemplo de mãe e um amor de pessoa, pois era amável, carinhosa e superpaciente, e agora parecia ter virado uma pessoa na qual Katherine não conhecia.

- Você só está com inveja porque agora não têm mais aquele “playboyzinho” de merda do Jason Franklin como namorado! – Louren disse de forma seca, porém, sua voz saia embolada. A mulher tentava ao máximo não trocar as palavras, enquanto gesticulava freneticamente com a mão livre. Enquanto, Katherine a encarava com pavor nos olhos, pois nunca pensou que sua própria mãe á atacaria desta maneira e ainda mais que fosse dizer coisas desse tipo. Ela não conseguia acreditar nas palavras que saiam da boca de sua mãe. – Olha... – a mulher continuou sem se importar se magoaria os sentimentos da garota, enquanto apontava o dedo indicador para a mesma. – Deixa eu te falar uma verdade, querida! Você não é tão especial assim, sabia! – ela indagou por fim com sarcasmo na voz. – Ele te largou porque você não deu para ele e ele acabou caindo fora na primeira oportunidade que surgiu. Os homens são assim.

Katherine encarava sua mãe assustada com a forma á qual ela acabara de lhe tratar, e sem dizer uma única palavra sequer, puxou seu pulso para se soltar e o massageando em seguida, enquanto olhava para trás e saía o mais rápido que conseguia dali, com o rosto banhando em lágrimas. Então, a menina foi para o único lugar onde ainda podia ter um pouco de paz e sossego naquela casa, e que certa forma ainda podia sentir um pouco de paz, esse lugar era o quarto de Jay.

Flash Back Off”

Katherine HalsteadOnde histórias criam vida. Descubra agora