INVERNO

ECOS DE ESPERANÇA

Fiquei rolando de um lado para o outro na cama, incapaz de encontrar o sono. Depois de um tempo, levantei-me e fui até a janela, atraída pelo som da chuva caindo lá fora. A visão da natureza sempre me proporcionava uma sensação de calma, e fiquei ali por alguns minutos, absorvendo a beleza do momento.

Foi então que percebi uma sombra se aproximando da janela. A figura caminhava devagar, e, ao perceber que eu a estava observando, acelerou o passo. O coração disparou e, tomada pelo medo, afastei-me rapidamente da janela. Procurei meu celular, mas não consegui encontrá-lo. Enquanto me dirigia à porta para chamar meu pai, vi a sombra passar pela janela, e um arrepio percorreu meu corpo. Não queria olhar, pois isso tornaria a situação real demais; o desejo de gritar era forte, mas eu temia demonstrar fraqueza.

Uma voz ressoou em minha mente: "Ore e repreenda." Fechei os olhos e, com a voz tremendo, comecei a orar:
— Eu ordeno agora que toda potestade caia por terra em nome de Jesus! Senhor, me socorre, não deixe que isso tome conta de mim.

Num piscar de olhos, a sombra desapareceu. Olhei ao redor, tentando descobrir para onde ela tinha ido, mas não havia sinal algum. Então, ouvi alguém tentando abrir a porta. E se fosse a sombra? Mas como poderia ser, se ela conseguia atravessar janelas?

— Querida? Você está bem? — ouvi a voz suave da vovó, com um tom preocupado.

Abri a porta e a abracei, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
— Vovó, você não vai acreditar... Eu tive tanto medo! Aquela... — minha voz falhou, as palavras ficaram presas na garganta.

Ela me puxou para perto, passando a mão nas minhas costas, como se quisesse me acalmar.
— Eu sei, minha querida. Eu vi a sombra pela janela quando fui buscar leite. Eu também fiquei assustada.

— Você viu? — perguntei, com os olhos arregalados, um misto de alívio e receio. — O que era aquilo?

— Não tenho certeza — respondeu ela, com um suspiro pesado. — Mas já passei por isso antes. A sombra pode ser uma representação de nossos medos mais profundos. Precisamos lembrar que nossa fé em Cristo é o que nos fortalece. Ele é nossa luz nas trevas.

— O que fazemos então? — questionei, buscando sua orientação. O medo ainda pulsava em meu peito.

— Primeiro, precisamos nos manter firmes na fé — disse vovó, olhando nos meus olhos. — Vamos para a cozinha. Eu tenho algo que pode nos ajudar.

Caminhamos juntas até a cozinha. O cheiro do leite com achocolatado se espalhava pelo ar, e o som da chuva parecia mais suave ali. Vovó pegou uma vela e a acendeu, colocando-a no centro da mesa.
— Esta vela simboliza a luz de Cristo em meio à escuridão. Vamos orar juntas e pedir pela proteção Dele.

Juntas, começamos a orar. A cada palavra que proferíamos, eu sentia o peso do medo se dissipar. Vovó me olhou com um sorriso terno.
— Estamos protegidas pelo sangue de Jesus, minha querida. Ele está sempre conosco. E sempre que você sentir medo, lembre-se de que a luz de Cristo é mais forte que qualquer sombra.

Com a chama da vela iluminando nossos rostos, percebi que, apesar do medo, havia uma esperança renovada dentro de mim. O brilho suave da luz dançava nas paredes, criando um ambiente acolhedor e seguro. Olhei novamente pela janela, a chuva agora caía mais suavemente, e a escuridão exterior parecia menos ameaçadora. Foi nesse momento que compreendi que Cristo é maior do que qualquer sombra que tenta nos afugentar. Sua presença trazia uma força inabalável, dissipando as trevas e preenchendo meu coração com coragem. Com essa certeza, senti a paz começar a tomar conta de mim, como se a luz da vela fosse um reflexo da luz divina que sempre esteve ao meu lado.

~

Eu e Matt estávamos a caminho da igreja, e eu havia prometido que iria com ele. O caminho era tranquilo, e as ruas iluminadas criavam um clima acolhedor. No meio do percurso, não pude conter o que sentia e decidi compartilhar com ele o que vinha acontecendo comigo.