Hogwarts: Escola mágica para criaturas

Verdadeiro Lar

"O vampiro simboliza o apetite pela vida que renasce quando pensamos já estar saciados. É o desejo de viver que se revela como um desejo ávido de se satisfazer em vão. É um ser mitológico de origem eslava. O vampiro só consegue sobreviver ao fazer uma vítima, já que não consegue encontrar vitalidade em si mesmo. Numa perspectiva psicológica, tornar-se vampiro é entrar num processo de auto-destruição."

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Sirius estava nervoso com o primeiro dia de Harry em sua nova casa, até mesmo Harry poderia dizer isso, pela forma como o padrinho ficava constantemente movendo uma mão contra a outra e trocando o peso dos pés dentro do trem. Harry piscou, pacientemente esperando que o silêncio tenso fosse quebrado em algum momento. Ele tinha várias perguntas para fazer, mas por algum motivo seu coração dizia para ficar calado, aguardando, até que o vampiro estivesse se sentindo bem o suficiente para conversar.

Felizmente quando faltavam apenas duas paradas para a estação deles, Sirius se virou para Harry.

– Quando chegarmos em casa você vai poder voltar para sua forma original a vontade. – Ele abriu um sorriso seguro.

Harry assentiu devagar, ainda não muito acostumado com essa história de "forma verdadeira". Ao mesmo tempo, ele mal podia esperar para ter suas orelhas pontudas de volta. Voltar para a forma humana depois de um dia inteiro como féerico era desconfortável, Harry percebeu, como se ele estivesse usando algum tipo de roupa bastante pesada. Ele podia comparar com o dia que se vestiu de mascote nos jogos da escola, já que ninguém o deixava jogar graças a Duda e seus amigos.

– E, uh... Harry. – Sirius disse, voltando a mover uma mão contra a outra e evitando olhar para o garoto. – Eu... Não sou a melhor pessoa do mundo para... Er...

– Está tudo bem. – Harry disse, abrindo um sorriso para Sirius que esperava que fosse tranquilizador. – Pode dizer devagar.

– Bem, eu não sou a pessoa mais estável... Depois de dez anos em Askaban, eu... Bem, eu consegui escapar dos dementadores várias vezes por conta da minha habilidade especial, mas um lugar assim deixa marcas profundas, e eu só quero que você saiba que se eu... Algum dia, agir rudemente com você, que não é culpa sua, nunca será culpa sua. – Sirius falou, ficando um pouco mais sério agora. – E que eu posso gritar e jogar coisas, mas eu nunca, jamais, levantarei um dedo contra você.

Harry piscou, olhando atentamente para o homem, sem saber muito bem como reagir. Ele estava acostumado com adultos violentos, sabia muito bem como as coisas poderiam esquentar se fizesse algo errado, mas a forma como Sirius estava agindo, como se ele estivesse tentando previnir que a saúde de Harry fosse afetada por isso era uma novidade marcante para o menino.

– Eu estou vendo uma curadora de mentes. – Sirius disse, erguendo o queixo um pouco orgulhoso de si mesmo. – Duas vezes por semana agora! Quando saí da prisão eram todos os dias, então isso é um sinal que estou melhorando, entende?

Harry assentiu.

– Isso é bom. – O garoto falou, e Sirius sorriu mais largo.

– Sim, com certeza é! – O vampiro soltou com animação.

O trem foi diminuindo de velocidade, algumas pessoas desceram e ninguém subiu. Eles dois estavam praticamente sozinhos, salvo um velho que dormia no banco distante e uma garota mais velha que estava sentada ouvindo música em seu toca CD portátil. Sirius olhou para fora e assentiu, na próxima parada eles desceriam.

– Moony me ajuda muito, sabe? Eu espero que vocês se dêem bem, e é... Bem é isso o que eu gostaria de falar com você. – Sirius disse, seu nervosismo parecendo voltar. – Sei que no mundo trouxa as coisas são bem difíceis com relação ao amor e dinâmicas familiares, e que provavelmente você pode ter algumas perguntas com relação a isso. Mas eu queria que você soubesse, para não ser um choque... Moony e eu somos um casal.