10. PERSUASÃO

34 5 2
                                    


Para crédito de Ian, ele foi paciente ao longo de todo o interrogatório feito por Esteban à mesa de jantar e respondeu a cada uma das suas perguntas, dentre as quais estavam:

"Quem são os seus pais mesmo?".

"Manoel Medeiros e Isabela Fontana, senhor. O meu pai é advogado e a minha mãe deu seguimento ao negócio da minha avó, mas agora está nos Estados Unidos a estudos".

"Quais as suas ambições?".

"Estou no último ano do ensino médio e também faço cursinho. Ainda não tenho certeza da carreira que pretendo seguir, mas penso em cursar Direito, como o meu pai".

"E quais são as suas intenções com a Luna?".

"Pai!" Exasperou-se a garota que, até então, olhava de um para o outro como se estivesse assistindo a uma competição de tênis de mesa.

"Não me leve a mal, mas a minha filha é mais nova, menos experiente, um tanto bobinha..." Quanto mais ele falava, mais Luna ia ficando mortificada. "E me preocupa que esteja tentando se divertir às custas dela".

"Eu entendo, sr. Montez, mas garanto que não é o caso..." Ian abriu um de seus sorrisos charmosos e olhou Luna de esguelha, mas ela ainda encarava o pai com o rosto vermelho de vergonha. "A Luna pode parecer ingênua, mas ela não é. Levei semanas para convencê-la de como me sinto, e o que eu sinto, é que gosto muito dela. Por isso estou aqui".

Esteban não pareceu nada abalado com aquela declaração, mas Olga só faltou soltar fogos de artifício pelo poder do pensamento. Com um sorriso gigantesco, a sra. Montez ficou de pé e anunciou:

"Bem, acho que isso pede por algo doce. Vou buscar a sobremesa! Você me ajuda, Luna?".

A garota hesitou, olhando do pai para Ian com todo o receio cabível em deixá-los sozinhos. Se, com a presença delas, Esteban tinha tornado o jantar um grande interrogatório, com a ausência então...

"Luna!" Olga voltou a chamar.

"Estou indo!".

Ela se levantou e deu a volta na ilha da cozinha para pegar a prataria que utilizariam para comer a sobremesa. Enquanto isso, Esteban encarou Ian, ainda desconfiado.

"Espero que esteja sendo sincero", disse o mais velho. "Se eu pudesse, retardaria o máximo possível o momento em que a Luna traria um rapaz aqui, mas não por ciúmes como ela pensa, e sim por cuidado. Não quero que ela se magoe ou que a sua vida seja estragada por um mero namoro adolescente. Só que é impossível fazê-la entender isso quando parece tão deslumbrada por você, então torço por sua honestidade".

"Isso significa que a Luna tem sua permissão para sair comigo amanhã?".

A garota voltou no meio daquela pergunta com novos pratos e talheres, que pôs sobre a mesa enquanto esperava pela sentença do pai:

"Se responder mais algumas das minhas perguntas..." Esteban murmurou. "Tipo para onde vão, com quem, quando voltam...".

"No vocabulário taciturno e orgulhoso do meu marido, isso significa que vocês têm permissão sim", Olga também voltou à mesa, mas com uma torta de limão, que depositou no centro do tampo.

E vendo finalmente a torta de climão daquele jantar começar a ruir, Luna sorriu com alegria pela primeira vez e envolveu o pai em um abraço entusiasmado.

"Obrigada, obrigada, obrigada!".

Isso desarmou Esteban por dentro, mas ele não demonstrou por fora. Ainda performando orgulho e teimosia, ele pigarreou quando Luna o soltou e voltou a dizer:

CRUSH II - Em Busca da Fórmula do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora