12. SEM MEDO

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Antes de seguir Luna, Ian lançou um olhar curioso para Caíque, mas o loiro apenas arqueou uma sobrancelha e deu de ombros antes de voltar a entrar no clube. Logo, só restou ao rapaz se apressar e ir atrás da garota, que não sabia muito bem para onde estava o levando, mas eles acabaram no píer do lado oposto ao edifício em que a festa acontecia.

"O que houve?".

Ian estava confuso, mas, mais tarde, reconheceria que, antes mesmo que Luna abrisse a boca, ele já sabia o que ela diria, o que o deixou nervoso quando ela parou de andar e se voltou para ele, de repente sem saber como falar o que tinha em mente. Ainda assim, ela se viu obrigada a tentar.

"O Caíque me falou algo sobre você".

"O quê?".

Por um instante, o coração de Ian chegou a bater nos ouvidos de tanta ansiedade.

"Ele disse que estava surpreso por você ter me trazido, porque no ano passado disse que estava apaixonado por outra pessoa que não era a Carol, mas..." Ela respirou fundo, sem entender porque era tão difícil falar. "Um garoto. Porque você é bissexual".

Por um instante, Ian ficou mudo. Ele sabia que Caíque era impulsivo o bastante para dar com a língua nos dentes e expor a sua sexualidade dessa forma, mas quis acreditar que o rapaz teria um pouco de sensibilidade e foi um erro estúpido. Se havia alguém que exporia um de seus segredos dessa maneira, seria ele e, mais uma vez, Ian se lamentou de um dia ter dado corda para ele, pois agora ela o enforcava.

"Não me leve a mal, eu não estou o repreendendo por gostar de meninas e meninos, até porque não me importo, mas eu me pergunto porque nunca me contou", Luna o encarava como se tivesse sofrido uma traição, o que o deixou sem saber se se sentia culpado ou se armava as suas defesas diante daquilo.

"Ter sabido antes a faria não se envolver comigo?".

"É isso o que você pensa?".

"Um pouco".

"Então você não sabe nada sobre mim, Ian", a chateação dela só pareceu aumentar. "Eu não me importo que seja bissexual, só estou falando tudo isso agora porque... eu me senti uma completa estúpida de descobrir pelo Caíque".

"Se você não se importa... por que só não deixa isso de lado, Lovegood? Eu não te contei porque...".

Não me sinto confortável.

Uma parte de mim tem medo de saber que também gosto de garotos.

Não posso deixar que outras pessoas descubram, porque meu pai me mataria se soubesse.

Sou um covarde.

"Não queria que ninguém soubesse".

Debaixo da chateação que sentia, Luna entendeu a posição dele. Obviamente, não era algo que Ian saía anunciando por aí, porque, se fosse o caso, toda a Horizonte do Norte já saberia. Mas ela não era qualquer pessoa para ele, não é? E se até o Caíque e as amigas do Tomás sabiam... por que não ela?

Luna não tinha a menor ideia de como deveria lidar com aquilo. Era egoísta que se chateasse? Afinal, era escolha de Ian contar ou não...

"Certo", ela murmurou, tentando absorver aquela verdade. "Eu entendo. Só estou chateada porque, por um momento, achei que todo mundo soubesse, menos eu. A forma como o Caíque me contou... sei que disse com a intenção de causar discórdia entre a gente, mas... Eu me senti uma estúpida. Antes, também tive a impressão de que seus amigos sabiam".

Não demorou para que Ian entendesse que, por mais que ele quisesse, Luna não enterraria aquele assunto sem algumas explicações adicionais. Então o rapaz respirou fundo, buscando conter a mistura de pânico e raiva que sentia, e se aproximou do lado do píer que ela estava.

CRUSH II - Em Busca da Fórmula do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora