Capítulo 8

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Ivy Scarlett

Eu já estava de fato mais solta, isso é claro devido aos drinks que tomei que foram vários, sinceramente se o barman não estivesse trabalhando eu já havia beijado ele, pois percebi que me observa sempre.

Estou dançando com o cara que me chamou há alguns momentos atrás, mas não gostei muito da forma como toca enquanto dançamos, então me afastei um pouco.

Fui até o bar e sentei um pouco, onde o barman que outrora flertava comigo me deu água, o olhei arqueando a sobrancelha sem entender bem.

-Tomou bebidas fortes! -é a única coisa que diz e comprime a boca em linha reta, então pego a água e tomo de uma vez, o que de imediato faz eu perceber que estava na hora de parar com o álcool.

Peguei meu celular na bolsa e vi que já passava das 03h da madrugada, e por sinal nenhuma mensagem ou ligação do Matteo, me senti rapidamente chateada e tinha certeza que naquele momento não queria mais ficar ali.

-Tem algum táxi ou algo do tipo aqui por perto? -perguntei ao barman que agora estava menos ocupado e parado me observando.

Confesso que a minha pergunta foi bem idiota, estamos num luau, é perto da praia e eu querendo um ponto de táxi.

-O máximo que pode conseguir é uma moto, uns rapazes ficam aí sempre esse horário, os conheço. -responde. -Se eu tivesse no meu horário eu mesmo te levaria de moto. -completa e aquilo soou tão acolhedor. -Diga que foi o Brad que mandou, e relaxe apesar da cara brava são tranquilos. -disse e não sei se aquilo exatamente me tranquilizava.

Agradeci ao Brad e saí em direção ao local que ele me indicou que era ao lado direito da tenda, só que num lugar um pouco mais distante. Fui caminhando até lá e de fato era notório que houve motos ali, mas no momento não tinha nenhuma.

Respirei frustrada e liguei pra casa,  não queria acordar o motorista, mas isso era necessário.

....

Quando finalizei a chamada que estava péssima e eu mal ouvia o homem que atendeu, mas que pelo visto não dormiu esperando que eu ligasse olhei pro lado por instinto e vi que o homem que dançava comigo vinha em minha direção.

Algo em seu olhar parecia familiar e não muito confiável, julgo isso pela forma quase que sorrateira que se aproximava.

-Já de saída gatinha?! E nem se despediu? -questionava claramente embriagado, bem mais que eu que estava levemente tonta.

-Sim, pra mim já deu. Eu não queria atrapalhar a festa. -falo sem jeito tentando desviar de sua aproximação.

-Mas de forma alguma atrapalharia, você é que é o espetáculo. -seu tom de voz trazia mais malícia e eu não gostava da forma como se aproximava. Estava prestes a mostrar a ele tudo que a tia Sophia e o tio Nick ensinaram se for preciso. -Posso te levar em casa. -afirma, mas nunca que eu faria essa loucura.

A única pessoa que já andei dirigindo sobre efeito de álcool foi o Matteo e ele não costuma abusar assim.

-Sem chance, você está mais bêbado que eu. -afirmo e viro de costas saindo vou para a direção dos carros, lá o motorista me vê melhor.

No mesmo instante o homem segura meu braço e joga o copo de bebida no chão.

-Parei de beber, olha só. -diz erguendo a mão como se fosse engraçado.

-Se segurar meu braço de novo, acerto sua cara. -digo seca e ele parece achar graça.

Insistente ele não solta meu braço e apenas me viro e com toda força acerto forte um soco que não consegue desviar mais ao perceber, no seu nariz, que sangra na mesma hora.

O homem passando a mão no rosto e olhando pra mim agora detinha um olhar feroz que não havia visto antes. Vejo-o erguer a mão, mas antes que a encoste em mim, faróis altos de carro brilham na nossa frente.

A porta é aberta do veículo assim que para, mas não conseguimos ver quem é.

-Se tocar essa mão nela eu a arranco e enfio na sua boca pra sair no seu rabo. -ouço a voz que eu jamais confundiria dizer.

Matteo se aproxima e eu me solto da mão do homem.

-Já disse para não se aproximar dela, me ouviu bem?!. -Matteo diz segurando o homem pelo pescoço que parece sem reação e em seguida o lança longe o fazendo cambalear.

Não entendo por que falou com o homem como se o conhecesse, e fico meio sem reação.

-Ivy entra no carro. -ele diz e permaneço imóvel, prefiro esperar o motorista, ele me evitou o dia inteiro. -Entra Ivy Scarlett, o motorista não vai vir, eu dei ordens para que não fizesse, pois vinha te buscar. -fala com rispidez, como se fosse meu pai e eu odeio isso, porque eles são extremamente parecidos já.

Ando a passos firmes e vou até o carro entrando no banco de trás, não pretendo olhar pra sua cara. Matteo entra no automóvel e em seguida arranca dali com tudo.

Estávamos mudos e o caminho que parecia ser de minutos, se tornaria bem mais demorado, pois saiam vários carros lentamente. Me senti enjoada e cansada, mas pude perceber Matteo me olhar pelo retrovisor, apenas fechei o olho para suprir o enjôo que me rondava e não ver seus olhos diante de mim que parecem dizer uma coisa, no entanto de seus lábios saem outras.

[•••]

Acordei com uma pontada forte na cabeça com os olhos incomodados pela claridade que vinha da janela na minha frente, o que é estranho, pois meu quarto a janela não é de frente.

-Sente algo?! -ouvi a voz rouca me dizer e olhei pro lado vendo que Matteo secava o cabelo na toalha enquanto parecia sair do banheiro, vestindo uma bermuda azul claro  e me observando.

-Uma pontada na cabeça somente. -concluo me sentando na cama. -Por que estou aqui? -perguntei de imediato enquanto ele jogava a toalha num canto qualquer e pondo o relógio me observou.

-Na sua cama tinham roupas, sapatos, perfumes e muitas coisas mais que eu não queria arrumar e nem saberia onde botar, então só te trouxe pra aqui. -diz em tom tão gélido e distante.

Ele parecia querer dizer algo, mas pelo visto iria evitar.

-Por quê estou com essa camisa? -pergunto ao ver sua camisa em meu corpo.

-Quando te tirei do carro parecia estar com frio, e quase tremendo, você não trouxe roupas pra tal momento. -vai dizendo e de fato estava certo, estava previsto calor para aqui. -Fique tranquila, não tirei tudo só a saia pois estava muito suja, está com o cropped ou sei lá o que vestia, por baixo. -diz e vira de costas pra mim. -Quer que eu mande trazer o almoço aqui ou prefere tomar café ainda? -pergunta e olho pro relógio de cabeceira e vejo que já são 11h34, o mais viável já é o almoço.

-Vou descer pro almoço. -digo e me levanto da cama, percebendo que me observa engolindo a seco.

Percebo seu olhar e o meu se encontrar e a única pergunta que me sonda é: Será mesmo que ele não sente nada?

Destinados ao AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora