Liam

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5 - Liam

Vinicius pediu almoço para nós dois aqui no escritório. Odeio isso. Ele está absorto no celular, e isso me dá frio na barriga; pela expressão que faz, deve estar lendo outra bomba sobre mim. Ele passa a mão no rosto, visivelmente cansado, antes de fixar o olhar em mim.

— Isso não tem fim? — ele mostra a tela do celular, confirmando minhas suspeitas. — Já são cinco moças alegando que você as usou.

— Eu... — me calo, porque a verdade é que não sei como me defender.

— Tá! — ele desliga o celular e o guarda no bolso. — Vamos comer. Depois, vou falar com o Andres e mandar ele bloquear mais dois perfis que estão fazendo hate de você, e vejo o que podemos fazer sobre essas novas acusações.

Voltamos a comer. Deveria ser ao contrário. Eu deveria estar no controle, mas, nesse caso, quem manda é o dono da vez.

— Já pensou sobre o aniversário da Tessa? — ele pergunta, parando de comer para me encarar. — Você tem que ir.

Vinicius é a única pessoa no mundo que realmente entende o desconforto que sinto em estar no mesmo ambiente que minha mãe e James. Ele sabe que só faço isso pela empresa, que cada sorriso que dou, fingindo ser parte de uma família amorosa, é como uma estaca enterrada em meu peito.

— Você vai? — pergunto, limpando a boca.

— Não sou tão importante assim.

— Bobagem.

— Como justificariam um simples empregado sendo convidado para o aniversário da dona da empresa?

Olho com amargura para o rosto sorridente dele.

— Dona?

— Hum... Por mais que doa. — Ele levanta os ombros. — Ela é a maior acionista. Manda bastante aqui.

— Porra nenhuma! Eu mando aqui. Ela e James só servem para puxar o saco dos caras certos.

Ele gargalha.

— Não importa quem mija por último. O território já está marcado. E sua mãe está esperando que você esteja perfeito. Terá que ser assim, quer você queira ou não.

— Puta merda. O que é ser perfeito para ela? Não faço o que espera porque não sei o que é.

— E se eu souber?

Seu olhar se fixa firme no meu. Sorrio.

— Seu filho da mãe, é claro que você sabe o que fazer.

Meu secretário listou tudo que eu teria que fazer nos dois meses que antecedem o aniversário de 60 anos de minha mãe. Estou seguindo à risca. Sorrio para todos, procuro ser simpático nas reuniões, e Vinicius parou de responder por mim em reportagens que eu não gostaria de estar (essa última beneficiou muito mais ele). Até em um programa matinal ele foi dar entrevista, enquanto a senhora loira e seu papagaio me ofereciam um belo café da manhã regado a perguntas inconvenientes. Por sorte, Vini previu essas questões e me fez repassar cada resposta, todas com um sorriso e muito carisma.

Dois meses depois, recuperei meu status de homem mais desejado. O problema é que ainda estou no celibato, isso para garantir que a próxima mulher que estiver ao meu lado não me apunhale pelas costas quando soltarmos.

— Você foi ótimo.

Vinicius dá uma joia, analisando junto a mim o terno de três peças sob medida que estou provando.

— Acho que emagreci. — O costureiro puxa a cintura, espetando um alfinete. — A culpa sem dúvidas é sua. — Olho sisudo para meu assistente através do espelho, mas ele não se abala. — Não aguento mais essa seca.

O CEO Arrogante (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora