capítulo 2: o que me impede?

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A não, me recuso a morrer aqui, depois dele se recusar a me matar, que bipolaridade é essa?

Segurei firmemente o seu braço, quando tentou levantar a faca.

— Para quem quer morrer, você tem muita força de vontade.

— Achei que não quisesse desperdiçar anestesia.

Sua boca se abre, ele parece surpreso com o que eu disse.

— Vai embora!

Ele me soltou.

Baixando os braços.

— Me rastejando? Eu não, você me trouxe aqui por que quis. Assuma suas responsabilidades como homem!

Ele bufou.

— Então eu vou ter que te matar.

— Se quisesse mesmo, já teria me matado.

Eu estou machucada, sou biologicamente mais fraca, e ele está com todos seus equipamentos, eu estou apenas com a roupa no corpo e a coragem.

— Mulheres são um saco.

Ele coçou a nuca.

— Eu não vou morar contigo, não sou louca, quando eu conseguir colocar o pé no chão, eu vou embora, eu prometo.

Ele bufou.

— Você podia se matar, né?

O encarei seriamente.

— Eu mesma não, não passei por tudo o que passei para me matar não. Aliás, você me reconheceu porque me viu correr, onde você me viu?

Me aproximei dele com dificuldade.

Ele deu um passo para trás. Ele não está com medo de uma aleijada, está?

— Eu fui um dos responsáveis por matar seu pelotão, eu não te matei, por que eu não quis, e confesso que fiquei curioso com o fato de você ter sido atingida na perna e continuar correndo.

Inflei meu peito.

— Não sabia que você era assim covarde, em deixar seu inimigo fugir.

Seu maxilar travou.

É muito bizarro a mistura de sentimento que eu sinto agora. Uma parte de mim quer mata-lo, mas a outra... É como se minha vida só continuou, porque ele quis.

E eu odeio isso.

Odeio que um simples soldado, é razão de eu estar viva.

Eu poderia estrangular ele agora.

Mas isso é uma guerra, o fato dele ter cuidado de mim, e eu estar viva, é puro mérito dele.

— Achei que você fosse me atacar, ao saber que eu matei a sua amiga.

Como se eu pudesse.

— Meu bem, eu tô aleijada, sem nenhuma arma, tu acha que eu sou louca?

Perguntei.

— Sem dúvidas nenhuma. — Ele coçou a nuca, parecia estar confuso. — Você vai me matar?

Arquei as sobrancelhas.

— Já matei, você já foi morto há uma hora, aqui está apenas seu espírito com vontade de viver.

Ele revirou os olhos.

— Você era mais simpática antes.

Que audácia.

— E você era mais legal, não tinha esse discurso de homem idiota.

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