capítulo 3: respirar

16 9 0
                                    

Ele sorriu, e olhou para o teto.

- Mulher, eu posso morrer a qualquer momento, arriscar a minha vida é o que faço o tempo inteiro, podemos morrer a qualquer instante, e para te levar em segurança, é reconfortante. Depois de tantos dias matando pessoas sem parar, poder ajudar alguém, me parece agradável.

Balancei a cabeça concordando.

- Engraçado você falar isso, um segundo atrás você queria me matar.

Sua risada me chamou atenção, a maneira em que ele sorria, era atrativo. Acho que a guerra está mesmo, acabamos com os meus neurônios.

- Águas passadas, supera gata.

Gata?

- Aí pelo amor. Jamais vou superar seu bipolar.

- Bem típico de mulher, daqui há 25 anos, quando eu tiver 50 anos, vou para Alasca esquiar, e vou me encontrar contigo e você vai me dizer a mesma coisa, "e ae, bipolar, uma hora salva e uma hora mata".

Ele suavizou a voz, para imitar a minha.

Rir incrédula, com a encenação dele.

- Ei, eu não falo assim. E quem diachos vai esquiar no Alasca?

- Eu iria! E você fala sim, eu sou um ótimo ator.

Balancei a cabeça em negação com a sua expressão facial.

- Ainda bem que se tornou soldado, se fosse ator passaria fome.

Ele me cutucou, meio ofendido.

- Sendo soldado, tô passando fome do mesmo jeito.

Ficamos nos encarando em completo silêncio.

- Mas cara, por que você iria pro Alasca?

Mudei de assunto, incrédula que de tantos lugares, escolheu o Alasca.

- Morrer comido por um urso, parece ser um futuro promissor.

- Tá de sacanagem?

Ele começou a rir.

- Eu estou só brincando. Só para descontrair.

- Então você tem 25 anos?

Ele ficou surpreso.

- Como você sabe? Andou me procurando na internet? Mostra o celular.

Oxe.

- Você acabou de dizer, que quando tiver 50 anos irá para Alasca e falou que era daqui há 25 anos.

- Eu sei, só quis jogar verde.

Revirei os olhos.

- Se eu tivesse celular, meus irmãos já estariam aqui e você já estaria morto.

Ele arqueou as sobrancelhas.

- E como eles chegariam aqui? Esse lugar só eu conheço!

Olha que audácia.

- Então você me diz que eu estou presa em uma caverna com um desconhecido e meu inimigo que ninguém sabe a localização?

Ele sorrir.

- Exatamente, bem que poderíamos aproveitar, não é?

Sentir uma pontada de malícia em sua voz.

- Sai! Eu não!

Ele se fingiu estar ofendido.

- Eu sou bonito, carinhoso, cheiroso, não hoje, mas sou, qual o meu problema?

esperança Onde histórias criam vida. Descubra agora