Eram quase 22h, e eu estava sozinha, sentada em um bar no centro da cidade. As luzes suaves do estabelecimento piscavam ritmicamente, quase em sintonia com a música suave que ecoava pelo ambiente. Lisa havia dito que chegaria às 20h, mas depois me mandou uma mensagem dizendo que Lucque tinha aparecido de surpresa e que ela se atrasaria um pouco. Ela sempre dizia que daria um fim nesse relacionamento... se é que se podia chamar aquilo de relacionamento. O cara só aparecia quando queria algo, e ela sempre cedia.
Suspirei pesadamente e tomei um longo gole da minha bebida, sentindo o álcool queimar na garganta. O barulho ao meu redor era um misto de risos, conversas animadas e o ocasional tilintar de copos brindando. Olhei para o relógio no meu pulso e amaldiçoei a hora em que topei sair com ela essa noite.
Algumas horas antes
— Vamos? Vai ser legal. — Lisa insistiu, com aquele brilho nos olhos que eu conhecia tão bem.
— Não, é sexta e eu estou exausta. Tem noção do quanto me exploraram nessa semana naquele trabalho? — Respondi, tentando não soar muito amarga.
— Já disse para cair fora de lá. Faz tempo que não saímos juntas e quero conhecer esse bar novo. Dizem que é maravilhoso. — Ela continuou, ignorando meu tom cansado.
— Lisa... — Suspirei, sabendo que ela não desistiria tão facilmente.
— Por favor...
— Que horas? — Perguntei, finalmente cedendo.
— 20h. — Respondeu eufórica.
— Nós nos encontramos lá. — Concordei, já imaginando a noite que me aguardava.
— Combinado. — Disse ela.
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Olhei em volta e o bar tinha um ambiente acolhedor. Um DJ tocava música eletrônica, e algumas pessoas dançavam, mas a maioria estavam como eu, sentadas e bebendo alguma coisa. O drink era delicioso, e o barman era um verdadeiro colírio para os olhos. Terminei minha bebida e olhei no relógio: eram 22h10. Lisa que fosse para o inferno junto com aquele babaca do Lucque. Fechei minha conta e peguei minha bolsa para ir embora.
Enquanto saía do bar, alguns carros pretos estacionaram bem em frente ao local, e um comboio de homens saiu dos veículos adentrando o bar. Algumas pessoas pararam para observar aquela cena curiosa, e eu me perguntei o que poderia estar acontecendo.
Eram todos muito barulhentos e pareciam já bem alcoolizados, um deles esbarrou em mim e tive que me apoiar na parede para não ir a um encontro doloroso ao chão.
Já fazia uns dez minutos que estava caminhando, minha casa não era muito longe e por isso optei por naquela noite andar aproveitando aquele céu estrelado e a brisa fresca.
Em algum momento senti um calafrio esquisito como se estivesse sendo observada. Comecei a apressar os passos e olhei para trás, mas não havia ninguém, exceto por um carro que estava estacionado. Sei que poderia ser algo da minha cabeça, mas aquela sensação a cada passo que eu dava só aumentava minha afobação e quando cheguei em frente ao portão de casa, minhas mãos estavam trêmulas e por duas vezes deixei o molho de chaves cair no chão. Assim que consegui entrar em casa e tranquei a porta senti o meu coração acalmar. Dei um sorriso e logo comecei a dar risada, aquilo tudo parecia tão ridículo... Onde eu estava com a cabeça? Joguei a bolsa no sofá e tirei os saltos, sentindo meus dedos agradecerem. Subi para o quarto e após um banho quente e relaxante, apaguei.
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-Oi, flor do dia.
-Vai se ferrar, Lisa.
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Ao cair da noite
Chick-LitAo cair da noite, Alana sentiu o ar gelado da madrugada tomar conta da cidade. As ruas, normalmente vibrantes, estavam agora mergulhadas em um silêncio inquietante, apenas quebrado pelo som ocasional de um carro ao longe ou de folhas sendo sopradas...