Gabriela olhava para o marido contemplando-o pensativa. Everaldo, com sua cara de poucos amigos, lia o jornal como se o mundo dependesse daquela notícia. Ela tomou um gole de café, sentindo um nó na garganta. Era hora de dar o próximo passo.
— Everaldo, eu já tomei uma decisão.
Ele levantou os olhos do jornal, surpreso.— Que decisão?— Eu vou ter um filho.
Um silêncio pesado pairou no ar. Everaldo arregalou os olhos, incrédulo.
— Você está louca?— Não estou louca, Everaldo. Estou apenas seguindo meu coração.— Mas sem a minha autorização? Você não pode fazer isso!
Gabriela sorriu, um sorriso amargo.
— Por que não posso? Sou uma mulher adulta e capaz de tomar minhas próprias decisões.— Você vai se arrepender disso.— Vamos ver quem se arrepende primeiro, Everaldo. Vamos ver quem é mais teimoso.
Everaldo se levantou de súbito, batendo a mão na mesa.
— Você não vai fazer isso, Gabriela! Eu não vou permitir!— Já permitiu, Everaldo. A decisão já foi tomada.
Gabriela, com a leveza de uma gazela ferida, esgueirou-se para o quarto, trancando a porta com um estalo seco que ecoou pela casa. Era como um desafio, um grito silencioso de independência. Do outro lado da porta, a fera rugia. Everaldo, enfurecido, batia com as mãos na madeira, vociferando como um louco.– Não permito! Não permito! – berrava ele, a voz rouca de raiva.
Gabriela sorriu, um sorriso de vitória. A chave girou na fechadura e a porta se abriu, revelando um espetáculo digno dos deuses. A luz do abajur banhava seu corpo esguio. Vestida apenas em véus de seda e rendas, ela era a própria tentação. Os cabelos, soltos e espalhados pelos ombros, emolduravam um rosto que irradiava um desejo incontrolável. Seus olhos, antes tímidos, agora brilhavam como brasas, desafiando o olhar de Everaldo.
Ele ficou paralisado, a boca aberta em um "Ó" perfeito. Jamais a vira tão bela, tão provocante. Aquele corpo, que ele sempre achara belo, agora era um altar a ser adorado. Era como se tivesse descoberto uma nova mulher, uma estranha que o fascinava e o aterrorizava ao mesmo tempo.Gabriela, com passos lentos e sensuais, aproximou-se dele. – Você não esperava isso, não é? – sussurrou ela.Ele tentou responder, mas as palavras se perderam em um gemido. Gabriela, com um gesto suave, passou a mão pelo rosto dele, sentindo a barba áspera. Aquele toque deu início ao ato de amor do casal.
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A mulher que queria ser sensual
Short StoryA jovem Gabriela era uma moça tímida e recém casada. Sua mãe a incentivava e ser mais atrativa para o marido e assim conseguir engravidar. Mas um fato inusitado provoca uma grande reviravolta e algo grandioso, quase trágico, acontece.