04

0 0 0
                                    

2 meses depois ~

Cheguei em casa a todo vapor, Camile chorava muito no sofá, infelizmente ela tava passando por muitas dificuldades. Sua avó morreu há um mês, o dono da casa que ela morava expulsou ela depois que soube que ela usa maconha e agora Wesley estava no hospital, ferido com risco de amputar a perna.

Corri e abracei ela, as coisas estavam desabando na cabeça dela... Desde que o BOPE subiu o morro a alguns meses, tudo na favela sofreu uma consequência.

- Eles não podiam fazer isso com ele! Eles não podiam... - ela se debatia no sofá, eu estava agarrada nela tentando acalmar a situação.

- Camile, você sabe que esses policiais são tudo corruptos, filhos de uma puta! Eles não ligam porra nenhuma o que vai acontecer com os moradores... Esses mauricinhos - sussurrei as últimas duas palavras.

Ela ficou um tempo chorando, Wesley foi atingido a um mês, mas cada semana que passa o seu estado piora e fica mais grave. Um carro forte do batalhão da BOPE, bateu de frente com o corsa de Wesley. Óbvio que não aconteceu nada com os vagabundos, deram as costas e foram embora!

Depois de muito de esforço eu conseguir fazer com que ela fosse para o quarto descansar. Acho que eu não falei mas, eu havia largado a casa da minha mãe após ela me agredir com uma tesoura.. alugei uma casa aqui no morro e depois Camile veio morar comigo..

Ela se culpava muito por tudo que acontecia e principalmente por estar sem trabalhar, mas eu não me importava, sei que é um momento difícil e além de tudo meu salário dá pra viver tranquilamente...

Me joguei no sofá e nem vi a hora passar, fui para o meu quarto, tomei banho e me deitei..

--

Acordei muito assustada, muito tiro, gritos e muito barulho de carros..
Levantei e fui verificar se tudo estava fechado, arregalei os olhos vendo Gabriel na sala ao lado de Camile..

- O que ele tá fazendo aqui? - ele andava de um lado para o outro passando as mãos no cabelo.

- Mary, o BOPE invadiu e ele veio para cá, deixa ele ficar aqui por favor. - neguei com a cabeça e olhei sem acreditar para Camile - por favor Mary, eu já perdi o Wesley não quero perder meu irmão. -

- Tá louca Camile? Essa casa é alugada, se eu me meter em B.O com a polícia a gente fica na rua porra! -

Ouvimos um barulho no portão enquanto discutimos, vi pela a janela uns quatro homens entrando, Gabriel se escondeu em algum lugar junto com Camile.

Ouvi umas batidas na porta, óbvio, se não abrir vai ser pior.. dei de cara com uns fuzil imensos, nem olharam na minha cara, apenas entraram e começaram a revistar.

O último a entrar na casa foi o único que eu reconheci, os olhos verdes e o seu tamanho assustador que me deixava um anão perto dele.

Ele parou, me olhou com deboche e entrou na casa, todos estavam procurando apenas o querido tava olhando para os lugares, deduzi que ele fosse o chefe.

Ele se aproximou e se encostou na porta, onde eu também estava encostada.

- a baratinha tá em um novo lar? - seus olhos era tão cínicos, um tom de deboche absurdo. - o que te fez mudar de casa? Tava muito longe da biqueira?

Ele deu uma risada debochada, foi aí que eu me liguei e entendi tudo. Camile havia sido despejada de sua casa um dia após eu ter sido pega pelos policiais com maconha no bolso, era óbvio que esse filha da puta procurou saber se a casa era aluga para falar para o dono.

- filha da puta - ele riu e começou a passar a mão no meu cabelo.

- eu disse que você não escaparia de mim.. - o arrombado se jogou no sofá, todo folgado!

- Senhor, achamos esses dois escondidos - um soldado aparece segurando Camile em um braço e no outro Gabriel, o tal do Mircedo levantou-se e analisou.

- Chefe, encontramos isso em um dos quartos - o homem joga no chão, maconha? Olhei para ela desesperada.

- Você tá com maconha na minha casa? - o olho dela se encheu de lágrimas. - EU TE DISSE QUE NÃO ERA PARA ENTRAR AQUI COM ISSO - eu me desesperei, eu iria ser jogada na rua.

- relaxa aí baratinha - ele colocou sua mão na minha frente, eu tava muito alterada.

Eles conversaram entre si, eu tava sentada no sofá pensando em tudo, minha mãe, o neném que eu cuido, Camile, Wesley, tudo.....

- A gente vai levar ele e as drogas e você fica esperta, se te pegarmos mais uma vez com isso, não vai ter mais saídas.- ele falou isso para Camile, tava sentada no cantinho se culpando e me encarando arrependida.

- baratinha - o encaro parado na porta e ele faz sinal de "vem", me levanto e paro em sua frente - não vou falar nada para o dono da casa, mas fica esperta que essa tua "amiga" vai te por numa cilada. - assenti com a cabeça e agradecer com os olhos, minha garganta tava seca.

Fechei a porta e encarei a garota, ela olhava para o chão envergonhada.

- desculpa - suspiro fundo e peço mentalmente para não surtar - não vou fazer isso de novo, não vou trazer nada mais. -

Apenas subi para o quarto, dia louco! A dor de cabeça tava me matando, me joguei na cama e virei uns quatro remédios na boca, fds.

---



Inevitável - BOPEOnde histórias criam vida. Descubra agora