Capítulo 12: Resgate e Confissões

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Jacob Riley


As horas pareciam se arrastar, e a dor em meu ombro latejava como fogo. Cada segundo de espera me fazia imaginar o pior para Daphne, mas eu sabia que, se me movesse, poderia colocar a vida dela ainda mais em ris,co. A respiração era pesada, e a visão, um borrão de dor.

Finalmente, os sons de sirenes ecoaram pelo prédio. Um alívio repentino tomou conta de mim, mas a tensão ainda não se dissipara. Marcus era esperto; ele sempre encontrava uma saída, um jeito de escapar. E, em algum lugar no fundo, eu já sabia que ele não seria pego tão facilmente.

A polícia entrou no recinto rapidamente, armas em punho, fazendo um pente-fino em cada canto. Assim que vi a equipe entrando na sala, desabei. Daphne foi liberada das amarras, e quando nossos olhares se encontraram, havia algo diferente ali – uma compreensão silenciosa sobre o que tínhamos acabado de passar. Ela se aproximou, os olhos cheios de preocupação.

— Jacob... — ela sussurrou, tocando meu braço com delicadeza. — Vamos para o hospital. Você precisa de atendimento.

Assenti, com um leve sorriso para tranquilizá-la, embora a dor no ombro fosse quase insuportável. A ambulância chegou rapidamente, e, mesmo com os paramédicos pedindo para Daphne ficar, ela fez questão de subir comigo no veículo.

No hospital, fui levado diretamente para a ala de emergência. O ombro estava gravemente machucado, e a equipe começou a cuidar dos ferimentos com precisão. Daphne estava ao meu lado o tempo todo, a expressão dela misturando preocupação e culpa. Quando finalmente nos deram um momento a sós, ela se aproximou, puxando uma cadeira para sentar ao meu lado.

— Eu... nem sei o que dizer — Daphne começou, a voz dela quebrada. — Eu deveria ter te protegido melhor.

Eu sorri, mesmo que a dor tornasse o gesto difícil.

— Você não tem que se culpar, Daphne. Eu escolhi estar lá. E você não tem ideia do quanto estou aliviado por você estar bem.

Ela suspirou, parecendo carregar o peso do mundo nos ombros.

— Marcus... ele sempre escapa. Sempre consegue estar um passo à frente. E agora... agora você quase... — A voz dela falhou, e eu a vi desviar o olhar, lutando para segurar as lágrimas.

Aproximei minha mão da dela e a apertei com firmeza.

— Daphne, nós vamos pegá-lo. E até lá, eu estarei com você. — Ela olhou para mim, surpresa, e por um breve momento, o mundo parecia parar.

— Jacob... você é o melhor amigo que alguém poderia ter. — Ela sorriu, mas, apesar das palavras, eu sabia que ela ainda não enxergava a profundidade do que eu realmente sentia.

Senti uma pontada de tristeza, mas tentei esconder.

— Sempre estarei aqui, Daphne — respondi, a voz firme. — Sempre.

Daphne parecia hesitar, mas a proximidade entre nós crescia. Ela olhou para mim de um jeito que nunca tinha feito antes, com os olhos brilhando em meio à tensão. Eu percebia que talvez, pela primeira vez, ela estava me enxergando como alguém além de um amigo. E, sem dizer nada, ela se inclinou um pouco mais.

Eu mal conseguia acreditar no que estava acontecendo. O coração batia acelerado, e minha respiração parecia presa no peito enquanto ela se aproximava, seus olhos fixos nos meus. Quando ela parou a poucos centímetros de distância, eu senti o calor dela, a proximidade que há tanto tempo esperava.

Mas antes que Daphne pudesse completar o gesto, o som de passos apressados quebrou o momento. Olhamos juntos para a porta e vimos Noah, o irmão mais novo de Daphne, entrando no quarto, com o rosto marcado por preocupação. Ele correu até ela, nem percebendo o que estava acontecendo.

— Daphne! — ele exclamou, a voz tremendo levemente. — Eu vim o mais rápido que pude. Quando soube o que aconteceu...

Ela imediatamente virou a atenção para o irmão, se levantando para abraçá-lo com força. Mesmo que o momento tivesse sido interrompido, era bom ver que Noah estava lá, trazendo uma sensação de familiaridade para Daphne. Enquanto eles se abraçavam, eu fiquei observando, tentando esconder a mistura de frustração e alívio.

— Está tudo bem, Noah — ela disse, com um sorriso que eu sabia ser mais para tranquilizá-lo. — Está tudo bem agora.

Ele deu um suspiro de alívio, mas ainda parecia tenso, observando o quarto e a expressão de cansaço no rosto dela.

— Eu estava com tanto medo — ele murmurou, e Daphne o apertou ainda mais.

Por mais que eu quisesse ter aquele momento novamente, sabia que era mais importante ela ter a chance de consolar o irmão. Era apenas mais um sinal de que a situação com Marcus estava cada vez mais pessoal e perigosa.

E mesmo que eu tivesse que esperar, sabia que não desistiria dela tão facilmente.

Noah lançou um último olhar preocupado para Daphne antes de se levantar. Ele ainda parecia inquieto, mas Daphne o tranquilizou com um sorriso e um leve aceno de cabeça.

— Pode ir, Noah. Eu já vou — ela disse suavemente.

Ele assentiu, hesitante, antes de sair do quarto.

Assim que ele saiu, Daphne voltou o olhar para mim, seus olhos refletindo algo que parecia ser uma mistura de coragem e carinho. Ela se aproximou e, sem mais hesitação, abaixou-se ao lado da cama e me beijou.

Foi um beijo cheio de tudo o que passamos, dos medos e das palavras não ditas. Eu senti o calor do seu toque e a suavidade do momento, sabendo que tudo que eu queria era que isso durasse. Quando ela se afastou, ainda próxima de mim, nossos olhares se encontraram, e ela sorriu, surpresa e tranquila ao mesmo tempo.

— Jacob... eu... — Daphne começou a falar, mas antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, a porta se abriu devagar.

A enfermeira entrou, carregando um tablet com as fichas médicas. Ela olhou para nós e pigarreou.

— Perdão pela interrupção, mas o paciente precisa descansar agora. O horário de visitas reabre amanhã pela manhã.

Daphne endireitou-se, um pouco constrangida, mas deu um sorriso para a enfermeira e depois voltou-se para mim.

— Eu volto amanhã, Jacob. Cuide-se, está bem?

Assenti, tentando não demonstrar o quanto aquele momento significava para mim.

— Estarei esperando — respondi, com um sorriso.

Daphne apertou minha mão uma última vez antes de sair. A enfermeira lançou-me um olhar cúmplice e deu um leve aceno de cabeça, como quem entende a situação.

Quando a porta se fechou, fiquei ali, olhando o teto, ainda sentindo o toque de Daphne e o calor daquele beijo.







Sussurros de um AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora