Segredos do Passado (Karlena/You)

Capítulo 6 - A Presença de Morgana

Narradora Pov

A casa de Kara e Lena sempre foi um refúgio, um lugar onde risadas e amor se entrelaçavam nas paredes. No entanto, à medida que a noite caía, um clima de tensão se instalava. S/n, em sua cama, sentia a mudança no ar. Os sonhos, antes doces e reconfortantes, agora eram invadidos por visões perturbadoras. A mulher que surgia em seus pesadelos era uma sombra de sua mãe, Lena, mas não era ela. Os olhos da figura eram frios e penetrantes, e seu sorriso, uma máscara de raiva e desprezo.

Morgana se manifestava mais frequentemente, e S/n sentia sua presença nas sombras. Uma vez, enquanto estudava na livraria da mãe, ela havia sentido uma brisa fria que parecia sussurrar seu nome. Desde então, não conseguia ignorar a sensação de estar sendo observada, como se algo ou alguém estivesse à espreita. O medo crescia em seu peito, uma bola de gelo que não a deixava em paz. Não era apenas ela que sentia isso; Kara e Lena também estavam afetadas.

Durante as últimas noites, a atmosfera da casa mudara. Elas ouviram sussurros que flutuavam pelos corredores vazios e o som de risadas distantes, que pareciam ecoar de um tempo há muito esquecido. Kara tentava acalmar Lena, enquanto esta lutava para entender as mudanças que estavam ocorrendo em sua vida e na vida da filha. No fundo, Lena sentia que algo a ligava a essas aparições, algo que ela preferia esquecer.

Uma noite, enquanto S/n tentava dormir, um grito ecoou pela casa. Ela despertou com o coração acelerado, sua mente cheia de imagens confusas. Sem pensar, correu para o quarto de suas mães, sua respiração ofegante misturando-se ao silêncio aterrorizante do corredor. A cena que encontrou era de arrepiar: Kara estava sentada na cama, os olhos arregalados e brilhantes, enquanto Lena estava em pé, olhando fixamente para o canto escuro do quarto.

— Mãe? — S/n sussurrou, o medo entalado em sua garganta.

Morgana, com seu vestido preto esvoaçante e cabelos ondulados bagunçados, pairava no ar, como uma tempestade prestes a se desatar. O olhar de Lena se dirigiu para a filha, mas a expressão em seu rosto era uma mistura de horror e reconhecimento.

— Quem é você? — Kara perguntou, sua voz trêmula, tentando esconder o medo que ameaçava transbordar. Morgana sorriu, mas não era um sorriso gentil; era uma expressão de desdém, como se estivesse se divertindo com o pavor delas.

S/n, sem coragem para falar, observou em silêncio enquanto a tensão aumentava. O ar estava denso, carregado de emoções que nem mesmo a luz da manhã poderia dissipar. Morgana começou a andar em direção a Lena, e a temperatura do ambiente caiu drasticamente. A presença dela era palpável, quase como se a própria escuridão estivesse viva.

— Você não entende… — Morgana disse, sua voz um sussurro gelado que atravessou a sala. — É você quem eu quero, Lena. Ela precisa saber quem realmente é.

Kara, sentindo a necessidade de proteger sua família, deu um passo à frente, o instinto maternal pulsando em suas veias. — Deixe minha filha em paz! — Sua voz ecoou com uma força que surpreendeu a todos, mas Morgana apenas riu, um som que fazia os pelos da nuca de S/n se arrepiarem.

Naquele momento, S/n percebeu que a manifestação de Morgana não era apenas um ataque de um espírito vingativo; era um chamado. A figura sombria queria que Lena visse, que entendesse que o passado dela estava mais vivo do que nunca e que segredos antigos poderiam vir à tona, abalando o presente delas.

— Ela precisa entender, Kara. O legado de Pendragon não pode ser ignorado! — Morgana exclamou, enquanto S/n sentia o peso do que estava por vir. Era como se as paredes da casa estivessem se fechando ao redor delas, o tempo e o espaço se distorcendo em um pesadelo vívido.

Kara, em um último esforço para proteger S/n, avançou novamente. — Por que você está fazendo isso? O que você quer? — O desespero se infiltrou em sua voz, mas Morgana apenas sorriu, um sorriso que prometia dor.

S/n, tremendo, correu para os braços de Lena. — Mãe, o que está acontecendo? — A necessidade de segurança era avassaladora, mas a certeza de que Lena poderia não ter todas as respostas era aterrorizante.

Lena, segurando S/n com firmeza, sussurrou: — Estamos juntas, não importa o que aconteça. — No entanto, mesmo com suas palavras de conforto, S/n podia sentir a incerteza e o medo em seu coração. A presença de Morgana não era apenas uma lembrança do passado; era uma promessa de que algo terrível poderia acontecer e que a verdade sobre sua linhagem estava prestes a ser revelada.

Assim que Morgana se desfez em sombras, a casa se acalmou, mas a inquietação permaneceu. O silêncio agora parecia ensurdecedor, e Lena sentia uma determinação crescente dentro de si. Ela sabia que era ela quem teria que enfrentar o destino, desvendar a verdade sobre Morgana e a conexão que tinha com seu passado.

A luz da manhã ainda estava distante, mas Lena sabia que não poderia ignorar os segredos que a assombravam. Com o livro antigo que S/n havia encontrado, e que a mesma não sabia que Lena havia achado em seu quarto, ela se sentia cada vez mais próxima de descobrir o que precisava saber. O legado de Pendragon poderia ser obscuro, mas Lena estava disposta a enfrentar o que quer que fosse, mesmo que isso significasse encarar a verdade mais aterrorizante de todas.