A noite de Halloween envolvia a mansão em um manto de sombras, onde risos distantes de crianças brincando ecoavam sob a luz da lua. No interior da casa, no entanto, o clima era de tensão e terror. A decoração festiva — abóboras esculpidas e teias de aranha — parecia zombar da violência que estava prestes a se desenrolar.
O ar estava pesado com o cheiro de cera derretida das velas que iluminavam o corredor. No fundo, uma discussão elevada rompendo a calmaria da noite. A mãe e o pai, ambos com olhares acusadores, estavam em pé na sala de estar, os rostos rubros de raiva e desespero. A filha, escondida atrás de um sofá, observava, o coração disparado enquanto as palavras cortantes voavam como facas.
— Você não entende! Eu fiz tudo por nós! — a mãe gritava, a voz tremendo entre a indignação e o medo.
— Você nunca fez nada! Só me trouxe vergonha! — O pai, em um acesso de fúria, avançou contra a mulher, seu olhar cheio de uma raiva insaciável.
Em um movimento brusco, a discussão se transformou em um embate físico. A mãe, sempre a defensora, tentou se afastar, mas a fúria do homem a alcançou, e ele a empurrou para o chão. O impacto fez ecoar um grito agonizante que cortou o ar, e a filha, paralisada pelo terror, não conseguiu desviar o olhar.
— Não, por favor! — A jovem implorou em um sussurro, mas suas palavras foram engolidas pela tempestade de emoções que dominava a sala.
O pai, em um momento de insanidade, agarrou uma faca de cozinha que estava próxima, a lâmina brilhando sob a luz das velas. — Você nunca vai me deixar! Ninguém vai nos deixar! — A raiva transbordou em um golpe violento, o metal cortando o ar em um movimento letal.
A mãe gritou, um som de desespero que ecoou nas paredes, e a lâmina se cravou em seu peito, uma profusão de sangue jorrando como um rio de morte. O horror tomou conta da filha, que assistia em estado de choque, sem conseguir processar a realidade brutal que se desenrolava diante dela.
A visão da mãe, caindo lentamente ao chão, com os olhos ainda fixos na filha, era uma imagem que se gravaria em sua mente para sempre. “Fuja…” A última palavra da mulher foi um sussurro agonizante, um pedido de socorro que se perdeu na escuridão.
Mas o pai não parou. Com uma expressão vazia, ele se virou para a filha, agora completamente aterrorizada. — Você também vai me deixar? — A insanidade brilhava em seus olhos.
Em um movimento apressado, ele se aproximou, e a garota tentou correr, mas não havia para onde ir. A mansão, antes um lar, agora era uma armadilha mortal. Com uma fúria descontrolada, ele a agarrou, e a lâmina mais uma vez encontrou seu caminho, desta vez cravando-se no coração inocente da criança.
Os gritos daquela noite ecoaram pela casa, mas logo se calaram, substituídos pelo silêncio sepulcral que envolveu os corredores. O pai, agora cercado por um silêncio que deveria ser apaziguador, olhou ao redor, ainda sob a influência da violência que o dominara. O chão estava ensanguentado, e os corpos de sua mulher e filha jaziam em um estado de horror, enquanto a verdadeira monstruosidade de suas ações começava a se estabelecer.
Naquela noite de Halloween, a mansão se tornara um túmulo para as duas almas perdidas, e a história do que aconteceu ali se transformou em um sussurro, um mistério envolto em sombras. As vozes da mãe e da filha continuariam a ecoar através dos corredores, um aviso sombrio para aqueles que se atrevessem a cruzar o limiar da casa.
Continua...
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halloween ou hello Win?
HorrorSinopse No auge da nostalgia, Vitória e seus amigos decidem quebrar a rotina e reviver a tradição de pedir doces no Halloween, mesmo sabendo que talvez já estivessem um pouco "crescidos" demais para isso. Era para ser uma noite divertida e despreten...