VIII - Uma só noite

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Billy bocejou, esfregando os olhos e espantando o sono que ameaçava dominá-lo. Ele andava com passos arrastados pelo corredor escuro, as paredes cobertas de poeira e o ar saturado com o cheiro de mofo. De repente, uma porta entreaberta chamou sua atenção, uma figura solitária no fim do corredor, como se estivesse o convidando silenciosamente para se aproximar.

— O que será isso, hein? — murmurou para si mesmo, com um sorriso curioso.

Ele se aproximou cautelosamente. A porta estava entreaberta, e a madeira envelhecida estava coberta de teias de aranha, que se penduravam como cortinas sinistras, balançando levemente. Era impossível ignorar o clima inquietante que emanava daquele canto obscuro. Ao inspecionar o vão da porta, ele notou uma escada antiga, de madeira e degraus rangentes, que descia para uma escuridão profunda. Sem dúvida, aquilo parecia o porão da casa.

— Uau... um porão... O que é mais adrenalina que entrar em um porão de uma casa abandonada no dia de Halloween? — disse ele, rindo para si mesmo, tentando diminuir a tensão crescente.

Apoiando-se na porta, empurrou-a com mais força e passou pelo portal, enroscando-se imediatamente nas teias de aranha. Os fios pegajosos grudaram em sua pele e roupas, fazendo-o estremecer de nojo. Tentando se desvencilhar, ele perdeu o equilíbrio e escorregou, despencando escada abaixo.

Cada degrau que batia intensificava a dor, fazendo-o rolar até o final com um baque surdo. Quando finalmente parou no chão frio e empoeirado do porão, um silêncio sepulcral o envolveu, esmagador. Sua cabeça girava enquanto ele se levantava, tentando processar o ambiente ao redor. O mundo parecia mergulhado em uma escuridão absoluta, pesada, como se estivesse preso em um abismo de sombras.

A única luz vinha de sua lanterna, que havia caído a alguns centímetros de si, iluminando apenas um pequeno círculo de chão sujo e manchas que se espalhavam como manchas de tinta escura. Respirando fundo, Billy esticou a mão, pegou a lanterna e limpou-se das teias que ainda estavam grudadas nele. Ele olhou ao redor, tentando decifrar o ambiente. Cada sombra parecia crescer e encolher ao redor, acompanhando sua respiração hesitante.

Billy se levantou com uma careta de dor, sentindo o corpo latejar depois da queda. Com um suspiro, ele passou as mãos pelos cabelos, arrancando as últimas teias que ainda estavam presas. A lanterna, embora suja, continuava acesa, e a única coisa que iluminava o ambiente era o feixe tremeluzente que se estendia à sua frente, projetando sombras deformadas nas paredes manchadas de umidade.

— Acho que alguém precisa dar uma limpada aqui embaixo — sussurrou, tentando afastar o medo que começava a se insinuar.

O silêncio era opressor. Cada passo fazia as tábuas rangerem sob seus pés, ecoando de uma maneira inquietante. Billy engoliu em seco, notando que o ar estava pesado, denso, com um cheiro metálico que ele logo identificou como sangue. Ele apontou a lanterna para o chão, revelando manchas escuras que se alastravam como veias tortuosas até as paredes.

Foi então que um som abafado reverberou atrás dele, como se algo tivesse se movido rapidamente. O frio percorreu sua espinha.

— Quem... quem está aí? — Ele perguntou, tentando manter a voz firme, mas o tremor era evidente.

De repente, a lanterna piscou e apagou, mergulhando-o em uma escuridão absoluta. O pânico explodiu em seu peito, e ele começou a girar a lanterna, tentando forçar o dispositivo a voltar à vida. Com um estalo, a luz finalmente acendeu, e ele respirou aliviado — por um segundo.

Ao erguer a lanterna, Billy viu algo se mover rapidamente à sua frente, uma sombra rápida e indefinida. Sentiu seu coração disparar, e, por puro instinto, ele virou e correu em direção à escada, mas algo o agarrou pelo tornozelo, puxando-o de volta com uma força descomunal. Ele caiu de cara no chão, gemendo de dor, enquanto sentia as unhas cravando no piso frio em um desespero mudo.

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⏰ Última atualização: Nov 07, 2024 ⏰

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