V - Noite na mansão

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A tensão aumentava enquanto Luigi e Levi tentavam arrombar a porta, mas ela permanecia teimosamente fechada. Levi, desajeitado em sua fantasia incompleta, forçava o ombro contra a madeira, enquanto Luigi, com a respiração pesada, tentava da mesma forma. Nenhum dos dois parecia próximo de um avanço.

Vitória, que já estava sem paciência, decidiu intervir.

— Parem! — exclamou, com um tom firme. — Olha a estrutura dessa casa! Se continuarem assim, ela vai desabar em cima da gente!

Os dois finalmente recuaram, olhando para Vitória com irritação e, talvez, um toque de alívio por terem uma desculpa para parar.

— Que droga! — resmungou Luigi, a voz ecoando na velha mansão. — É impossível alguém ter morado aqui nos últimos cem anos. Esta casa parece abandonada há décadas!

Isadora, perdida em seus próprios pensamentos, tentou afastar uma imagem perturbadora que surgira em sua mente. — Com certeza… e aquele... nossa... — murmurou, quase como se estivesse falando sozinha, se lembrando da visão do crânio na outra sala.

Enquanto isso, Anna tentava pegar sinal no celular, levantando-o em várias direções. — Não tem sinal nenhum aqui — disse, frustrada. — É como se essa casa estivesse fora do mapa.

Billy, que tentava soar prático, propôs algo que fez os outros se entreolharem: — O jeito é passar a noite aqui. Quando amanhecer, a gente grita o mais alto que puder. Alguém lá fora vai ouvir.

Luigi bufou, visivelmente irritado. — Eu não passo a noite aqui! Isso só está acontecendo porque você insistiu!

— Ai, gente, ficar um culpando o outro não vai ajudar em nada — Anna interrompeu, tentando manter a calma. Ela se virou para Vitória. — Vi, você quase não falou nada até agora e é sempre a mais sensata. Você escolhe. O que a gente faz?

Vitória pareceu pega de surpresa, hesitando por um momento enquanto sentia o peso das expectativas de todos. Ela respirou fundo e olhou para cada um de seus amigos, como se procurasse algo nos rostos deles.

— Ok... — disse ela, finalmente. — Passamos a noite aqui. É a melhor escolha. Se tentarmos quebrar alguma coisa, pode ser considerado destruição de propriedade, e isso é crime. Além disso, a estrutura da casa não aguentaria.

Todos se viraram para observar as rachaduras profundas nas paredes, as vigas expostas e o teto ameaçadoramente inclinado. Pela primeira vez, eles realmente percebiam o estado precário da casa. A presença das rachaduras parecia tornar a situação ainda mais opressiva.

Isadora, tentando aliviar a tensão com uma dose de humor, mas claramente assustada, comentou: — Gente... não querendo estragar o momento, mas... vocês se lembram daquela lenda? Dizem que quem estiver aqui à meia-noite nunca mais sai... já são 23:47...

Os olhos do grupo se arregalaram, e um silêncio tenso pairou no ar por alguns segundos.

— É sério? — Luigi revirou os olhos, tentando parecer confiante, mas a voz tinha um leve tremor. — Claro que isso não é verdade. Se Vitória acha que é melhor passarmos a noite, então vamos pegar aqueles sacos de dormir de uma vez.

Com isso, Luigi começou a caminhar até a mochila que haviam encontrado perto da entrada. Os outros, sem muita escolha, o seguiram, com exceção de Isadora, que ainda estava parada, hesitante e visivelmente com medo.

Mas, ao ver os amigos se afastando, a loira finalmente tomou coragem e correu atrás deles. — Ei! Esperem por mim! — gritou, com o medo evidente em sua voz.

Eles se reuniram ao redor dos sacos de dormir, velhos e empoeirados, que cheiravam a mofo e a tempos passados. Cada um pegou um, tentando afastar o desconforto e ignorar o pensamento de que a noite seria longa e cheia de mistérios que talvez eles preferissem nunca desvendar.

[...]

A tensão e a curiosidade dominavam o grupo enquanto subiam para o segundo andar, explorando os corredores escuros e empoeirados da velha mansão. Anna parou em frente a uma porta semiaberta e deu uma olhada no quarto.

— Aqui é um dos poucos quartos que não está tão acabado e fedido — comentou, observando o espaço. As paredes, embora desbotadas, ainda seguravam alguns restos de tinta amarelada, e o cheiro de mofo era menos intenso do que no restante da casa. — Dá para passar a noite aqui.

Com um suspiro aliviado, ela colocou seu saco de dormir no chão de tábuas velhas, sentindo uma pequena satisfação por terem encontrado um espaço “aceitável”.

Vitória, começou a observar o ambiente ao redor.

— Pessoal, vamos tentar não sair daqui durante a noite. Podemos usar madeiras para fazer uma fogueira aqui mesmo — sugeriu, tentando manter todos focados e em um lugar seguro.

Luigi assentiu, pronto para agir. — Beleza, eu e o Levi vamos atrás das madeiras. Vocês três tentem ajeitar as coisas por aqui — disse ele, já indo em direção à porta.

Billy, que até então estava calado, se sentiu de fora. — E eu? — perguntou, cruzando os braços e fazendo uma expressão de descontentamento.

Isadora lançou um olhar de desdém para ele. — E me diz uma coisa que você sabe fazer, Billy? — provocou, arqueando uma sobrancelha.

Billy deu um sorriso desafiador, como se já tivesse a resposta perfeita. — Bastante coisa! Pra provar, vou sair daqui às 00:00 e vou voltar cheio de coisas úteis. Vocês vão ver.

Isadora revirou os olhos. — Não tem nada de especial por aqui. Duvido que você encontre alguma coisa decente nessa casa caindo aos pedaços.

Billy insistiu, determinado. — Exploradores com certeza já entraram aqui e deixaram alguma coisa. Já achamos lanternas e sacos de dormir, então com certeza vou achar muito mais.

Anna cruzou os braços, duvidando das promessas dele. — Beleza, então. Eu duvido.

Billy sorriu para ela, desafiador. — Não duvida de mim, ruivinha. Vou provar que estou certo.

Antes que a discussão se alongasse, Luigi interrompeu com um suspiro impaciente. — Chega de enrolação. A gente já volta — disse, saindo do quarto junto com Levi.

As meninas, agora sozinhas, observaram o ambiente tentando decidir o que podiam fazer para tornar aquele espaço menos hostil. O quarto era relativamente pequeno, mas parecia que um dia tinha sido um escritório. Papeis amarelados estavam espalhados pelo chão e sobre uma velha mesa encostada na parede. Algumas prateleiras quebradas ainda seguravam restos de livros e objetos quase irreconhecíveis cobertos de poeira.

— Esses papéis estão mais velhos que a minha avó — murmurou Isadora, chutando uma pilha amarelada com a ponta do pé.

Anna deu uma olhada mais de perto, pegando um dos papéis e tentando decifrar o que estava escrito. — Acho que isso era um escritório. Esse monte de coisa espalhada... Devia ser uma bagunça antes mesmo de abandonarem a casa.

Vitória olhou ao redor, notando o teto com rachaduras e as janelas parcialmente cobertas por cortinas rasgadas. — Não sei o que é pior: o cheiro ou essa sensação de que o teto vai cair a qualquer momento.

Anna suspirou e olhou para as amigas, tentando esconder seu desconforto. — Bom, enquanto os meninos não voltam, vamos tentar organizar um pouco essa bagunça. Se é para passar a noite, pelo menos vamos deixar esse lugar menos assustador.

As três começaram a empurrar móveis para os cantos, ajeitar os sacos de dormir e tirar algumas das teias de aranha. Mas, mesmo com o esforço, o ambiente continuava a exalar uma sensação estranha, como se estivessem sendo observadas por olhos invisíveis nas sombras da casa.

Continua...

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