Lágrimas dos Anjos: Gênesis

Capítulo VI: Viajantes

   Vinte anos antes.

   Batendo suas asas com vigor a cerca de cem metros do solo voavam cinco querubins classe guerreira protetora da paz em Cicylion e no cosmo, estavam realizando uma patrulha ordenada por seu comandante o general Ícaros o Intrépido, que estava receoso por informações que havia recebido. Sobrevoando Targon um dos sete reinos que compõem Cicylion governada pelo arcanjo Lucifer, eles foram instruídos a se manterem em guarda e relatar qualquer anormalidade a seu superior, havia certa desconfiança que um inimigo servo de algum deus pagão houvesse se infiltrado naquele lugar, coisa que pra eles parecia impossível, pois por mais que as terras de Lucifer não fossem as mais agradáveis dos sete reinos elas ainda estavam em Cicylion e nenhuma criatura de outra dimensão séria estupida o bastante para se infiltrar e muitos menos combater ali, mesmo assim eles se mantinham em alerta, no entanto sem motivo aparente, a notícia fora de que haveria uma base inimiga nessa região o que podia significar que algum nobre local podia haver cooperado com o inimigo, o que séria a primeira traição desse nível cometida por um anjo desda criação.
   O comando dessa importante missão foi atribuído ao mais novo dos doze capitães vassalos ao general Ícaros, Adryan o Anjo Vermelho, como era conhecido graças a cor de seus cabelos. Todos excerto o capitão trajavam uma armadura prata, que era constituída por uma placa peitoral, braceletes e botas feitas sob medida para as legiões dos querubins com o emblema da casta entalhado em seu peito, duas asas cruzadas com um espada entre elas, já Adryan trajava uma armadura branca que era do mesmo formato que a dos demais, tendo apenas a diferença do elmo presente, no peito Adryan carregava o emblema de liderança de seu regimento, um cavalo alado com um par de asas, esse era o estandarte do décimo regimento que atualmente estava sob o comando do ruivo. Voavam no céu azul sobre as montanhas desérticas de Targon, o chão era árido e o céu sem nuvens tornavam aquele lugar o menos habitado dos sete reinos, apesar de seu governante ser o arcanjo mais popular do paraíso.
    Ao chegar a certo ponto um dos patrulheiros se aproximou do capitão e se dirigiu a ele:
   -Capitão, a partir desse lugar séria mais eficiente nos dividirmos e explorar por terra, já que com a região a baixo é difícil o discernimento de possíveis inimigos.
  -Você tem razão Jideon, devemos prosseguir em uma varredura pelo solo. Vamos descer e nós agrupar por lá.- Disse Adryan para que seus subordinados ouvissem.
    Ao chegar no solo um dos soldados, se dirigiu ao capitão, um guerreiro de aparência apática com um olha que aparentava experiência, tinha braços não tão fortes mas definidos bem como o restante de seu corpo, possuía algumas cicatrizes no rosto e seus cabelos eram castanhos assim como seus olhos, sua pele era bronzeada pelo sol e sua mão repleta de calos, se tratava de Eloquin o primeiro dos dois tenentes que serviam ao décimo regimento sob comando de Adryan. Cada um dos doze regimento dos querubins era composto por um capitão, dois tenentes e quadro sargentos, cada sargento controla uma legião de cinco mil anjos, cada tenente também possuí sua legião com o mesmo número mas tendo que supervisionar seus sargentos e cada capitão tem a sua disposição uma dessas legiões mas com o dobro de alados, sendo responsável também por seus respectivos tenentes. Eloquin se aproximou de Adryan e falou:
   -Meu senhor creio que cobriremos uma área maior se nos separarmos, mas se houver mesmo um inimigo e estiverem em maior número pode ser perigoso.- Adryan mexeu a cabeça em positivo, era muito jovem e recebeu o título de capitão não pela experiência como de costume mas sim pela sua extraordinária força, para compensar essa lacuna de experiência do ruivo Ícaros com muita prudência decidiu colocar como primeiro tenente de Adryan o mais experiente dos tenentes da ordem dos querubins, Eloquin no qual o capitão confiava com plena convicção.
   -Mesmo com esse suposto perigo temos que nos separar, não temos tempo para averiguar todo esse território juntos, nossa convocação para as guerras de expansão se aproxima, então vamos nos dividir em dois grupos Jideon você vem comigo, iremos para a esquerda por terra. - Jideon respondeu ao chamado, ele era um homem forte e alto, tinha uma pele morena, cabelos longos e negros, apoiava uma espada longa de duas mãos em suas costas e parecia ser totalmente convicto das capacidades de seu capitão.- Eloquin você vai com Walon e Desebek pela direita, cortarão as montanhas averiguando as encostas e enseadas, se algum de vocês encontrar algo suspeito seja o que for, expandam suas auras que os demais entenderam como um pedido de ajuda.
   Os outros dois membros da equipe eram dois combatentes de patente mediana, dois brutamontes quase tão altos quanto Jideon, um deles tinha pele branca, cabelos negros com uma aparência tipica de um soldado esse era Walon, o outro era Desebek um jovem careca, com braços grossos e aparência rustica mas concentrada. Dada a ordem os querubins entenderam e partiram em busca do que vieram procurar, um invasor no paraíso.
   Seguindo rumo ao norte Adryan junto a seu guarda costas caminhavam por um solo pedregoso sem uma planta sequer, comum a região que estavam, o lugar era difícil de se viver, os únicos que ainda habitavam por lá eram os próprios servos de Lúcifer e seus nobres vassalos, diferente dos demais reinos que a muitos séculos, recebiam também os espíritos de mortais dos reinos superiores que não conseguiam completar a transição para o Éden devido a algumas perturbações que em certos momentos atrapalhavam a passagem dos espíritos que acabavam ficando em colônias no Cicylion esperando se desligarem totalmente do mundo dos homens para poder ascender futuramente. Ultrapassando os obstáculos energéticamente pelo solo os querubins usavam seus sentidos aguçados para localizar algum inimigo que eles ainda não sabiam o que era, mas que foram ordenados a eliminar, seja o que fosse não era algo normal já que foi enviado um capitão para destruí-lo, Adryan sabia que se esse fosse o caso, mesmo sendo um tenente Eloquin não conseguiria derrotar tal inimigo sozinho e por isso ordenou que os outros dois o acompanhassem ficando apenas com Jideon em sua equipe, apesar de jovem o capitão estava pouco a pouco ganhando experiência, mas não se daria ao luxo de perder seu melhor conselheiro.
   Ao chegar a um desfiladeiro de pedras íngremes Adryan sentiu no ar um cheiro que conhecia facilmente, sangue. De súbito o capitão pulou em busca da fonte desse odor, abriu suas asas e voou até o fundo do desfiladeiro, onde encontrou uma marca vermelha no solo, sentiu o cheiro da mancha e viu que tal odor não vinha de nenhum ser conhecido por ele, mas misturado com a maior parte da poça ele sentiu um cheiro bem famíliar, uma grande parte daquele sangue era de um anjo que deveria ter combatido com o ser misterioso, Adryan imaginou para onde poderiam ter fugido e como faria para encontrá-los. Mas antes que pudesse chegar a uma conclusão sentiu uma forte energia vindo do Sul, Jideon que até então apenas observava a investigação do mestre gritou:
   -Essa aura senhor, ela é de Walon, é o sinal.
   Adryan entendeu, bateu suas asas e Jideon fez o mesmo, pousaram sobre as pedras e correram a toda velocidade, foram em direção ao local onde fora dado o sinal, um anjo é capaz de sentir a expansão da aura de outro a quilômetros e se Walon dará o sinal é porque precisavam de ajuda. Partiram para socorrer os amigos e derrotar o oponente, tarefa que seria mais dolorosa do que eles imaginavam, começava nesse momento uma época de provações para o ruivo.