Capítulo VIII: Revelações

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  A Cidadela de Cristal é a maior fortaleza do paraíso, fica localizada no coração dos sete reinos e se estende por cerca de dois quilômetros na vertical, a torre era tão gigantesca que em seu cume nuvens se chocavam com a estrutura, era conhecida como cidadela de cristal pois no topo do castelo se encontrava uma enorme esfera cristalina que mantinha uma barreira magica em volta da estrutura, sem seu comprimento media mais de quinhentos metros, suas paredes eram feitas de um mármore mágico chamado de Uruh que era capaz de manter aquela estrutura insana de pé e absorvia impactos internos e externos caso necessário.
   Adryan havia acabado de retornar de sua missão de reconhecimento junto de seu esquadrão, arrastava uma mortalha preta amarrada com uma corda, na qual tinha guardado o corpo da criatura que havia eliminado no reino de Targon, Jideon carregava em seus braços o corpo de Desebek, centenas de sentinelas observavam o retorno do capitão, não era comum um soldado morrer em uma missão de reconhecimento dentro do território celeste, Eloquin estava alguns metros atrás ainda ajudando Walon que estava muito ferido para caminhar sozinho.
   Ao se aproximarem da entrada da cidadela um dos sentinelas se aproximou do capitão para tomar ciência do que havia ocorrido:
  -Capitão, o que houve? Um dos nossos foi morto? Achei que estavam em uma missão de reconhecimento.
  -Sim estávamos, mas a missão acabou saindo do controle, encontramos um inimigo e Desebek acabou sendo assassinado no processo, Eloquin lhe dará o restante das informações e enviará um relatório para o QG principal dos dez esquadrões, no momento preciso falar com o general Ícaros, fique com isso por hora. -Adryan estava sério e focado, apenas entregou a carga que carregava ao sentinela e continuou, desejava tirar a limpo os segredos por trás daquela missão, não podia ser coincidência enviarem um capitão em uma missão de reconhecimento e a mesma se transformar em uma batalha feroz, ainda mais pelo fato de ter encontrado naquele lugar a mulher misteriosa que sabia exatamente quem ele era. Quando cruzou o portão de entrada da cidadela ele apenas continuou caminhando, passando pelos pilares de mármore circulares que apoiavam a estrutura colossal, as paredes internas eram revestidas com um metal especial para aumentar a resistência do local, cada andar interno da torre possuía uma distância de cerca de oito metros do piso ao teto, várias armas ilustravam as paredes e vários soldados circulavam no lugar, cada andar possuía cerca de trezentas janelas e a circunferência do andar interno não era tão fácil de ser medida pelo número de cômodos, Adryan prosseguiu na cidadela sem dizer nada a ninguém, não deu nenhuma explicação, apenas caminhou diretamente até o centésimo andar, no qual estava localizado o escritório de Ícaros, havia uma escadaria que subia andar por andar mas também existia a opção de fazer o trajeto pelo ar, por uma grande abertura que havia no centro da estrutura, Adryan preferiu caminhar e assim fez até que chegou ao centésimo andar e foi até o quartel onde o seu general se encontrava, haviam bandeiras nas paredes com os emblemas de cada um dos dez esquadrões de querubins que estavam sob comando de Ícaros que por sua vez servia ao líder da casta, o Arcanjo Ezequiel. Adryan entrou no escritório do seu general e o avistou sentado em uma cadeira olhando pela única janela do local fechado que possuía como unica decoração uma mesa central com outras duas cadeiras a sua frente.
  -General, vim até o senhor apresentar os resultados da missão na qual o senhor me enviou... -Sua voz estava pesada.
  -Adryan? Porque veio sem ser anunciado? -Respondeu uma voz ríspida e séria.
   Ícaros era um homem negro, sério e forte, sua cabeça era lisa e raspada, tinha cerca de um metro e sessenta de altura e possuía feições rústicas, aparentava ser um homem de meia idade e não demonstrava nenhum tipo de expressão em seu rosto, trajava uma armadura prateada semelhante a de Adryan, mas o símbolo em seu peito era o de um grande sol que cobria quase todo peitoral.
   -Tenho um assunto sério para discutir com o senhor e não podia esperar.-Ícaros percebeu que Adryan estava estranho, notou em seus olhos a desconfiança e estranhou o fato do capitão quebrar o protocolo e entrar em sua sala sem ser anunciado. -Diga-me o que houve, depois discutiremos o fato de entrar sem ser anunciado.
   -Gostaria de saber meu senhor, quem as passou informações sobre o possível inimigo no deserto de Targon? -Adryan foi direto ao ponto, não costumava questionar ordens, mas odiava ainda mais o fato de perder um de seus homens em uma missão tão simples.
  -Bem, minhas fontes não lhe dizem respeito, mas porque a pergunta? Algo aconteceu? Encontrou alguma coisa?- Ícaros parecia curioso, para o capitão agir daquela maneira deveria haver algum motivo.
  -Como não me diz respeito? Deixe-me explicar o que aconteceu rapidamente, Desebek, um dos soldados que levei para me aconpanha a essa averiguação como o senhor ordenou, foi morto em combate por uma criatura que eu nunca havia visto igual antes, não era um deus pagão, muito menos uma fada de Avalon ou Gigante de Jötunheim, era algo novo, algo bem mais sombrio do que qualquer coisa que já vi. -Adryan estava inquieto, exigia saber mais informações sobre a missão, se foi algo armado e de onde surgirá aquele ser.
   -Adryan, eu não posso te dar detalhes sobre isso, mas um soldado deve estar preparado para cair no campo de batalha. Não se altere, afinal sua conduta deve refletir o posto que possui.
   Adryan se conteve, ele ainda estava inquieto mas não podia fazer muito, não podia se dar ao luxo de confrontar seu general, se assumisse sua verdadeira identidade como filho de Miguel, teria poder para exigir uma explicação mas como ele mesmo esconderá por tanto tempo quem era de seu comandante, não podia ser descoberto agora.
  -Sim senhor, não tenho intenção de afronta-ló, mas perdi um dos meus homens nessa missão, ainda por cima a criatura tinha um poder próximo ao nível de um capitão.
  -Próximo de um capitão? Impossível, capitães são treinados e aptos a confrontar deuses sozinhos. -Ícaros finalmente esboçou uma reação, ficou apreensivo. -Conte-me uma coisa capitão, mais alguém viu essa criatura?
  -E estão vivos? Apenas Eloquin meu tenente e Walon um dos meus soldados. -O ruivo percebeu a alteração em seu superior e viu nisso uma chance de obter informações. -Mas porque a pergunta?
  -Escute capitão, o que você vai ouvir agora não deve ser comentado em hipótese alguma com qualquer outro capitão ou quem quer que seja, mesmo se outro general o confrontar sobre, você deve negar. -Ícaros caminhou até a janela e a fechou. -Aquele que me ordenou a envia-ló ao deserto do reino de Targon, foi o próprio patrono da nossa ordem, o arcanjo Ezequiel... E ele pediu especificamente para que você fosse designado para a missão
    Adryan por um breve momento não entendeu muito bem o que seu general havia falado, mas quando sua mente processou as informações ele ficou preocupado, porque um arcanjo ordenaria uma missão de reconhecimento dentro dos domínios de outro? Porque seu Ezequiel exigirá que ele fosse o encarregado por tal missão? A resposta que obteve apenas o trouxe mais perguntas.


  -Mas porque o arcanjo Ezequiel ordenaria algo assim? Se ele achava que havia algum inimigo no território de Lucifer, porque não pedir que a Estrela da Manhã enviasse serafins para averiguar?- Cada arcanjo possuía seu próprio exercito particular e os querubins, apesar de serem a ordem mais númerosa, serviam ao arcanjo Ezequiel, não era normal que fossem enviados em missões nas terras de outro arcanjo, ainda mais se tratando de Lucifer, que não permitia que qualquer um entrasse em suas terras sem a devida permissão.
  -Escute Adryan, não deve fazer perguntas como essas entendeu? Ezequiel pediu pessoalmente para que eu enviasse o enviasse, pois confiava em sua descrição, mas com o que me trás de informações, talvez agora a palavra traição possa ser usada contra algum nobre daquelas terras. -Aquela era uma informação que Adryan não esperava, sabia que algo estava errado nessa missão mas não imaginava que fosse algo tão grande. -Caso fale disso para alguém direi que está mentindo e te exonerarei do seu posto, mas tome cuidado, chega de perguntas.
  -S-Sim senhor, esse fato me pegou de surpresa, mas acredito que os arcanjos saibam o que fazem.- A tensão em sua voz não podia ser escondida, ele precisava falar com seu tio Ezequiel para saber o que estava acontecendo e o mais importante, qual séria o envolvimento de Lucifer nisso tudo pois se um dos seus nobres soubesse da origem daquela criatura, qual seria o nível de envolvimento da Estrela da Manhã?.
   O sol se pôs, Adryan desceu até o andar de seu esquadrão, os soldados fizeram sinal respeito e abriram passagem para ele, todos com as armaduras típicas de sua casta, Adryan se dirigiu aos os aposentos de seu primeiro tenente Eloquin, entrou sem bater e encontrou Eloquin sentado em sua mesa preparando o relatório escrito que devia ser entregue sobre a missão, sua sala possuía telas pintadas de sua família, medalhas nas paredes e atrás de sua mesa cheia de papéis havia uma bela tela de uma menina linda de cabelos castanhos, sua filha.
  -Tenente, prepare suas coisas, amanhã estamos de saída, convoque Jideon e Walon, mesmo que o último ainda não tenha se recuperado por completo preciso de vocês comigo já que foram os únicos que presenciaram a energia maligna daquela coisa. -Adryan falou de forma corrida.
  -Para onde iremos?- Eloquin já esperava por algo assim, ele também desejava investigar que tipo de situação eles haviam se metido.
  -Para a fortaleza da guerra, mas antes preciso te contar quem realmente eu sou.

  A noite chegou e o próximo dia, traria emoções ainda mais densas.

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⏰ Última atualização: Apr 24, 2021 ⏰

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