Entre Sombras e Emoções

Problemas Escolares

Os dois jovens entram na sala de química e se deparam com uma cena perturbadora: alguns alunos zombando e intimidando uma garota que estava encolhida, visivelmente assustada.

— Menina inútil! Nem deveria estar estudando aqui, ainda não despertou seus poderes e age como uma nerd... — um dos rapazes debocha, com desdém.

— Faça algo de útil e faça o que eu mandei — Yuri ordena, com um olhar impiedoso.

— Mas eu...eu... — a garota tenta argumentar, com a voz tremendo.

— Cala a boca! Quem está abaixo de mim deve obedecer. Vá logo — Yuri rebate, visivelmente irritado.

Nesse instante, Rusty se aproxima, e coloca as duas mãos nos ombros de Yuri, sua expressão gentil, porém firme.

— Yuri... essa é a segunda vez hoje que te vejo criando confusão. Sabia que fazer bullying é proibido, não? Ah, e... abuso de poder é uma prática bem feia. Espero que melhore, amigo — Rusty diz, mantendo um leve sorriso.

Surpreso com a presença inesperada de Rusty, Yuri recua um pouco. Porém, outro garoto tenta levantar a mão para bater na garota, mas sua ação é prontamente interrompida por Brian, que segura seu braço firmemente.

— O que pensa que está fazendo? Imagino que a diretora vá gostar de saber sobre o comportamento de vocês — comenta Brian, com um tom firme.

Rusty então se prepara para levar os dois rapazes à diretoria.

— Vamos ver o que a Morgan tem a dizer sobre isso, e, Yuri, é melhor se despedir do seu posto nos Armas — Rusty completa.

Yuri, frustrado, exclama:

— Que raiva!

Rusty leva os dois garotos para a direção, enquanto Brian permanece com a garota na sala de química.

— O que está fazendo aí no chão? Vamos, levante-se — diz Brian, observando-a.

A garota se levanta, ainda tremendo, e sussurra com um fio de voz:

— O-obrigada por me ajudar... Meu nome é Anne Sweet.

— Sou Brian. Olha, você não pode deixar que falem assim com você. Precisa aprender a se impor, mostrar que não é idiota.

— Eu... eu não consigo... talvez seja gentil demais... — Anne responde, com um tom triste, desviando o olhar.

Brian a observa com uma frieza implacável e responde:

— Gentil? Diria que está mais para ingênua — e fixa o olhar firme nos olhos dela.

— Eu só... só acabo me importando demais com o que pensam de mim. E, bem... não sou forte o suficiente para reagir...

— Então é simples: pare de se importar tanto. Apenas ignore e resista — Brian cruza os braços, seu olhar permanecendo impassível.

— Falar é fácil, não é assim que funciona! Eu... sou humana, tenho um coração. Às vezes nem sei quando alguém está falando como humor ou só sendo cruel. — Anne diz, sua voz quase um lamento.

Brian olha para ela por um momento, sem qualquer sombra de compaixão, e questiona:

— E se eu arrancasse seu coração? Isso resolveria?

Anne arregala os olhos, assustada com a frieza dele, e dá um passo para trás.

— O quê!? Claro que não... q-que tipo de pergunta é essa?

— Hum... não vejo esse “coração” de que falou. Com os meus olhos, vejo o que existe, e com o corpo, sinto o que é real. Se não vejo e não sinto... então, para mim, não existe. — Brian diz, com um ar de ceticismo.

— Nossa... que visão mais fria e vazia...

Brian permanece calmo e indaga:

— O que é esse “coração” que tanto menciona? Se eu arrancasse o seu, seria capaz de entender?

— Não... não é isso... é algo que não se explica, mas que todo ser humano sente. O meu... é frágil. Não sei reagir quando me humilham... quando me ferem com palavras. — Anne fala, sua voz falhando levemente.

— Hum... então é essa fragilidade que a torna uma presa fácil. Se quer sobreviver, precisa deixar de lado esse tal “coração”.

— Como assim? Não! Não entendeu...

— Tanto faz. Veja, a situação pela qual passou é como a de um predador e sua presa. O predador ataca a presa que se comporta como vítima e não se defende. Ao agir como uma presa, você deixa espaço para situações como essa.

— Talvez tenha razão... mas eu... eu não sei se consigo mudar. — Anne responde, com uma expressão desanimada.

Enquanto isso, na diretoria, Rusty entra com Yuri e o outro garoto. A diretora, Morgan, ergue o olhar, estudando a situação com ar de tédio.

— E então, o que temos para hoje? — pergunta Morgan.

— Diretora, meus colegas aqui foram pegos fazendo bullying contra a aluna Anne Sweet — informa Rusty.

Yuri estreita os olhos e aperta os punhos, mas permanece em silêncio.

— Yuri, meu caro... essa não é a postura digna de um dos mais fortes e promissores da escola. Como punição, seu posto de "Arma número 4" será retirado. Você ficará suspenso por uma semana — declara Morgan com firmeza.

Yuri, desesperado, tenta argumentar:

— Não! Isso é injusto! Por favor, eu prometo que não farei mais isso!

Morgan, impassível, apenas responde enquanto retoca as unhas:

— Deveria ter pensado nas consequências antes de atacar seus colegas. Pode se retirar e voltar em uma semana.

Yuri e o outro rapaz saem, e Rusty permanece com a diretora.

— Diretora, já que há uma vaga nos Armas, eu queria sugerir Brian para substituí-lo — diz Rusty, animado.

Morgan sorri levemente.

— Teremos uma reunião dos Armas na próxima semana. Lá, veremos se ele realmente tem o que é necessário para fazer parte do grupo.

— Certo! Vou indo — responde Rusty, com um brilho de esperança.

Continua...