16 de abril
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A sala escura e fria da delegacia, geralmente tomada pelo barulho incessante de telefonemas e conversas, respirava uma atmosfera carregada de tensão. Tereza, delegada civil titular do Rio de Janeiro, percorria o chão frio com passos firmes, observando a foto da menina sequestrada, uma garotinha de seis anos, de olhos castanhos e sorriso tímido, que agora se perdia em um mar de angústia e medo.
O caso era urgente. O sequestro havia acontecido há apenas três horas, e a cada minuto que passava, o risco de algo terrível acontecer aumentava. As informações eram escassas: a menina, Bruna, havia sido raptada do parquinho de um prédio na Barra da Tijuca, enquanto a mãe a esperava no banco.
—Alguma pista do carro?— Tereza perguntou ao investigador, um homem experiente com o rosto marcado por inúmeros casos.
—Ainda não, delegada. A câmera de segurança do prédio só captou a imagem de um carro preto, placa não identificada. Testemunhas disseram que o carro estava com um adesivo escrito 'Escola de Música' na lateral.
Tereza, com sua mente ágil e perspicaz, já começava a tecer conexões. A escola de música – talvez um disfarce, uma forma de se aproximar da criança. Mas, por que o carro preto, um veículo comum? E quem seriam os responsáveis?
—Chame os peritos para analisar as imagens do prédio e os vídeos de outras câmeras da região. Vamos rastrear a placa, identificar o carro e quem o dirige.
Tereza ordenou, seus olhos transmitindo uma determinação inabalável
—Preciso de todos os detalhes. Cada minuto conta.
Enquanto os investigadores se movimentavam, Tereza se aproximou da mesa, onde as fotos do sequestro estavam espalhadas. Ela observava o rosto de Bruna, a tristeza que pairava sobre seus olhos pequenos, e sentia uma pontada de dor, como se uma parte dela estivesse sendo arrancada.
—Não se preocupe, Bruna.—Ela murmurou, seu tom baixo e aconchegante.—Estamos a caminho. Iremos encontrá-la.
O investigador retornou com novas informações: "Delegada, achamos um registro de um carro preto, com as mesmas características, que passou por uma blitz na Linha Amarela há duas horas. Os policiais anotaram a placa, mas não pararam o veículo por falta de irregularidades."
Tereza, com a voz firme e o olhar decidido, ordenou:
—Vamos verificar o endereço do dono do veículo. Preciso de todos os detalhes, histórico do dono, antecedentes criminais. Tudo.
Era uma corrida contra o tempo. A imagem do rosto de Bruna a impulsionava, a força interior a guiava, enquanto ela orquestrava a operação, buscando respostas e desvendando o mistério que envolvia o sequestro.
—Não vamos descansar até encontrar Bruna. —Ela declarou, seu olhar penetrante transmitindo uma promessa inabalável.
A adrenalina pulsava nas veias de Tereza enquanto ela recebia a informação crucial: o dono do carro, um sujeito chamado Rodrigo, tinha um histórico de envolvimento em crimes de menor potencial ofensivo, mas nada que o ligasse diretamente a sequestros. Ainda assim, algo na ficha dele chamava a atenção: ele era músico, e a escola de música no carro, que antes parecia um disfarce, agora fazia sentido.
"Ele é um músico com um passado obscuro, mas sem histórico de crimes graves. Precisa haver algo mais," Tereza murmurou para si mesma, analisando a ficha de Rodrigo. "Ele sequestra uma menina para quê? Por que ele precisa de uma escola de música?"
A resposta veio de repente, como um raio de luz cortando a névoa: Rodrigo era um professor de música, e a escola mencionada na lateral do carro era uma escola de música para crianças. Era uma pista tênue, mas valiosa.
Tereza, sem perder tempo, ligou para o diretor da escola de música.
—Preciso saber tudo sobre Rodrigo—Ela ordenou, sua voz firme e autoritária.—Há quanto tempo ele trabalha na escola? Ele já teve algum problema com alunos ou pais? Você sabe se ele está em algum tipo de dificuldade
financeira?
A voz do diretor, trêmula, transmitia medo e confusão.
—Delegada, não sei... Rodrigo é um bom professor, nunca teve problemas. Ele é casado, tem dois filhos, parece uma pessoa normal. Eu realmente não sei o que aconteceu.
A conversa com o diretor não deu muitas respostas, mas a suspeita sobre Rodrigo se fortalecia. Tereza, com sua intuição aguçada, intuía que ele estava envolvido, mas precisava de provas concretas.
Ela analisou novamente a ficha de Rodrigo. A imagem de sua esposa, um rosto sereno e gentil, a fez questionar: a esposa estaria envolvida? Seria um crime de vingança, um plano para extorquir dinheiro?
—Verifique a movimentação financeira da esposa—Tereza ordenou, seus olhos fixos no computador. —Vamos verificar se houve alguma movimentação suspeita nos últimos dias. Preciso saber se ela está envolvida ou se está sendo enganada.
O tempo corria, e a pressão para encontrar Bruna aumentava. A delegada, com sua mente férrea e sua determinação inabalável, liderava a equipe, analisando cada detalhe, buscando a verdade por trás do sequestro.
—Não vamos desistir— Ela disse para seus investigadores, encarando-os com um olhar firme e determinado. —Enquanto não encontrarmos Bruna, essa investigação não terá fim.
A noite caiu sobre o Rio de Janeiro, carregando consigo uma aura de mistério e apreensão. Tereza, com o coração batendo forte no peito, analisava as informações que chegavam a cada instante. O rastreamento do celular de Rodrigo havia levado a equipe a um sítio isolado, nas montanhas da região serrana. A localização era perfeita para esconder um sequestro, com acesso difícil e poucas chances de serem rastreados.
—Preparamos a equipe para a invasão— O investigador relatou, a voz tensa.—Mas precisamos agir com cuidado. Não sabemos o que podemos encontrar lá.
Tereza, com a mente em alerta máximo, avaliou os riscos. A invasão era arriscada, mas era a única chance de salvar Bruna.
—Precisamos agir rápido, antes que algo aconteça—Ela decretou, os olhos brilhando com uma mistura de medo e esperança
—Dividimos a equipe em dois grupos: um para invadir a casa, outro para garantir a segurança da área externa.
No céu, o helicóptero da polícia sobrevoava o sítio, iluminando o terreno com um feixe de luz potente. O silêncio da noite era cortado apenas pelo barulho do motor do helicóptero e pelo bater acelerado dos corações dos policiais que se preparavam para a invasão.
Tereza, com o olhar frio e calculista, acompanhava a operação da central de comando. Ela se agarrava a cada informação que chegava, a cada detalhe que pudesse levar à localização de Bruna.
—O grupo de invasão está entrando na casa.—a voz do investigador ecoou pela sala.
A tensão no ambiente era palpável, cada segundo se estendia como um século. Tereza se sentia presa em uma montanha-russa de emoções: a esperança, a apreensão, a certeza de que a vida de uma criança estava em suas mãos.
De repente, um grito ecoou do sítio, seguido por um barulho de disparo.
—Estamos sob ataque!— A voz do investigador veio pela rádio, carregada de pânico. —Eles estão armados!
Tereza se levantou, seus músculos tensos, seu corpo pronto para a ação.—Protejam a equipe! Precisamos resgatar Bruna!
A cena se transformou em um caos: tiros, gritos, o som de sirenes e o helicóptero sobrevoando o sítio. Tereza, com os nervos à flor da pele, controlava a operação, a imagem de Bruna a impulsionando.
—Encontraram Bruna!—A voz do investigador, agora mais calma, invadiu a central. —Ela está bem, mas Rodrigo fugiu.
Tereza respirou fundo, aliviada, mas ainda em alerta. —Sigam o protocolo! Capturem Rodrigo, ele não pode escapar!
O helicóptero pairou sobre o sítio, iluminando o terreno enquanto a equipe perseguia Rodrigo por entre as montanhas. Tereza, com o olhar fixo na tela do monitor, acompanhava a perseguição, seu coração batendo forte no peito.
A esperança renascia, a justiça se aproximava. A imagem de Bruna, sorridente e segura, era a recompensa por uma noite de tensão e adrenalina. Tereza, a delegada incansável, havia mais uma vez triunfado sobre o crime, mostrando que o Rio, apesar de sua complexidade e violência, tinha em seus policiais uma força imbatível, uma promessa de segurança e de justiça.
A perseguição se estendeu por horas, as montanhas escuras parecendo conspirar com Rodrigo para que ele escapasse. Tereza, na central de comando, mastigava as unhas e observava o mapa digitalizado, o ponto vermelho que representava Rodrigo se movendo com velocidade pelas trilhas íngremes.
—Delegada, ele está se aproximando da cachoeira— A voz do investigador soou pela rádio, carregada de preocupação. "Se ele se esconder lá, será quase impossível encontrá-lo.
A cachoeira... Tereza se lembrou de um caso antigo, um homicídio que havia acontecido naquela região, onde o corpo da vítima havia sido jogado na cachoeira, e jamais encontrado. A lembrança lhe gelou o sangue.
"A cachoeira... É uma armadilha," ela murmurou para si mesma, o coração batendo forte. "Ele está querendo desaparecer, sumir sem deixar rastros."
A imagem de Bruna, sorridente e segura, mas ainda vulnerável, voltou à mente de Tereza. Ela não podia permitir que Rodrigo escapasse. Ele era um perigo em potencial, capaz de cometer mais crimes.
—Avise a equipe do helicóptero para sobrevoar a cachoeira—Elaa ordenou, sua voz firme, inabalável.—Vamos precisar de um plano para capturá-lo. Se ele se esconder lá, será difícil, mas não impossível. Vamos encontrar uma maneira.
As horas se arrastavam, cada minuto parecendo uma eternidade. A equipe do helicóptero sobrevoava a cachoeira, mas as imagens não eram claras. A névoa densa que se formava no final da tarde dificultava a visualização do terreno.
Tereza, com a mente em ação, pensava em um plano para capturar Rodrigo. Ela precisava de algo que o levasse para fora do esconderijo, que o forçasse a sair da cachoeira.
Precisamos de um atrativo," ela pensou alto, seus dedos tamborilando na mesa. "Algo que o faça sair de lá."
De repente, a solução surgiu em sua mente, como um raio de luz cortando a escuridão.
—Prepara um carro com a sirene ligada e as luzes piscando—Ela ordenou para a equipe. —Posicione-o na estrada que leva à cachoeira, como se fosse uma viatura de polícia. Ele vai pensar que estamos indo embora e vai tentar escapar.
O plano era arriscado, mas era a única chance. Tereza confiava na sua intuição e na habilidade de seus policiais.
—Avise a equipe na cachoeira que estamos preparando uma armadilha—Ela disse, sua voz carregada de determinação. —Vamos prendê-lo.
O tempo parecia ter se esticado, enquanto a equipe se preparava para a armadilha. Tereza, com os olhos fixos na tela do monitor, observava a movimentação de Rodrigo na cachoeira, esperando o momento certo para a ação.
Era uma partida de xadrez com a vida de Bruna em jogo, e Tereza, a delegada incansável, estava disposta a fazer tudo para vencer.
A tensão na sala era palpável, a expectativa pairando no ar como uma névoa densa. Tereza observava, com o coração na garganta, as imagens da cachoeira no monitor. O carro da polícia, com as luzes piscando e a sirene ligada, estava estrategicamente posicionado na estrada, esperando que Rodrigo caísse na armadilha.
De repente, um movimento na tela. Rodrigo, com a face contorcida de raiva e medo, saia correndo da cachoeira, em direção à estrada. A equipe, em alerta máximo, o abordou com rapidez e precisão, imobilizando-o com um golpe certeiro.
—Ele está preso, delegada!— A voz do investigador ecoou pela sala, quebrando a tensão.
Um suspiro de alívio escapou dos lábios de Tereza. O cansaço e a adrenalina do dia se misturavam a um sentimento de imensa satisfação. Ela havia feito o que tinha que fazer: salvou uma criança, colocou um criminoso atrás das grades e trouxe paz a uma família.
Enquanto a equipe comemorava a prisão de Rodrigo, Tereza sentiu uma mão em seu ombro.
—Delegada Tereza?—A voz profunda e familiar a fez se virar. Era Henrique, um delegado do Rio de Janeiro, um colega e amigo que ela admirava.Eles tinha ficado muito próximos desde dos últimos dias
—Henrique!—Tereza o abraçou, a alegria transbordando em seu sorriso.—Que bom te ver! Não te vejo faz tempo.
—Eu sei, eu sei—Henrique respondeu, retribuindo o abraço. —Estava envolvido em um caso complicado, mas consegui resolver.
Ele olhou para ela com um olhar curioso.
—Você parece exausta. O que aconteceu?
Tereza, sem esconder a satisfação em seus olhos, contou a Henrique sobre o sequestro de Bruna e a perseguição a Rodrigo. Henrique ouviu atentamente, impressionado com a determinação e a inteligência da delegada.
—Você é uma máquina, Tereza— Ele disse, admirando-a. Não sei como você consegue lidar com tanta pressão.
—É o meu trabalho, Henrique—Ela respondeu, um sorriso leve em seus lábios.—E eu amo meu trabalho.
Henrique se ofereceu para levá-la para casa. —Está tarde, você precisa descansar. Deixe que eu te levo.
Tereza, cansada, mas feliz, aceitou a gentileza.
Obrigada, Henrique—Ela disse, enquanto eles saíam da delegacia.
O caminho até sua casa foi silencioso, somente o barulho da cidade e a melodia da brisa da noite os acompanhando. Tereza, contemplando a paisagem urbana, sentiu uma sensação de paz e gratidão. Ela havia passado por um dia intenso, cheio de desafios e emoções, mas havia conseguido cumprir sua missão.
Ao chegar em frente a seu apartamento, Henrique a encarou com um olhar gentil.
—Descanse bastante, Tereza. E, se precisar de algo, não hesite em me procurar.
—Obrigada, Henrique. Você é um anjo.
Ela sorriu, sentido uma gratidão profunda pelo amigo que havia lhe oferecido seu apoio e sua companhia naquele momento.
Ao entrar em seu apartamento, Tereza sentiu a sensação de alívio. O cansaço e a adrenalina do dia finalmente desapareceram, dando lugar a um sentimento de paz e contentamento. Ela havia vivido um dia memorável, cheio de adrenalina e de emoções, mas, acima de tudo, um dia em que havia feito a diferença na vida de uma criança.
No dia seguinte, Tereza acordou com o sol da manhã iluminando seu quarto. Ela se sentia leve, descansada e feliz. O caso de Bruna era um dos mais desafiadores que ela havia enfrentado, mas também um dos mais gratificantes. Ela havia conseguido salvar a vida de uma criança, e esse era o maior presente que um policial poderia receber.
Ao se levantar, Tereza viu uma mensagem no seu celular: "Bruna está bem. Obrigada, delegada Tereza."
Um sorriso se espalhou por seu rosto. Ela havia salvado Bruna. Ela havia feito a diferença. E, a partir daquele momento, ela sabia que, não importava o que acontecesse, ela sempre estaria pronta para lutar por aqueles que precisavam de proteção. Ela era uma delegada do Rio de Janeiro, e seu compromisso era com a justiça
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ActionUma cidade... Duas pessoas... Um sentimento... Dois distritos... E.... Uma disputa...