37. MÉMORIAS
Estas alegrias violentas têm fins violentos.
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora.
Que num beijo se consomem.
Despertei abruptamente, meus olhos se abrindo de repente a minha respiração estava agitada. A luz difusa e acinzentada, característica de uma manhã nublada, substituía o radiante sol do meu sonho. Convenci-me de que era apenas um sonho. Respirei profundamente e dei um pulo ao som do despertador. Naquela manhã, senti-me terrivelmente mal. Não havia dormido bem; meu braço latejava e minha cabeça doía. A angústia só amplificava a pulsante dor em minha cabeça.
Sentia a necessidade de compartilhar a verdade com ele, refleti enquanto observava meu anel no dedo; não seria possível construir um relacionamento baseado em mentiras.
Aquela verdade pesava em minha consciência, e a ideia de manter segredos tornava-se insustentável. Enquanto continuava admirando o anel, símbolo do compromisso que compartilhávamos, compreendi que a sinceridade era crucial para o crescimento de nossa relação.
Decidi enfrentar a conversa difícil, consciente de que a honestidade poderia desencadear uma série de emoções e desafios. No entanto, alicerçar nosso vínculo em uma base sólida e transparente era mais importante do que evitar momentâneas dificuldades.
Enquanto escovava os dentes, quase me surpreendi ao constatar que o rosto refletido no espelho permanecia inalterado. Observando atentamente, buscava qualquer vestígio das lágrimas que antes ameaçavam minha pele de porcelana, que no sonho brilhava. Contudo, os únicos sulcos eram os vincos na minha testa, e eu sabia que, se conseguisse relaxar, eles desapareceriam. Infelizmente, isso não aconteceu. Minhas sobrancelhas permaneceram em uma linha de preocupação, pairando sobre meus olhos azuis angustiados.
"Foi apenas um sonho", repeti para mim mesma mais uma vez. "Apenas um sonho..." No entanto, não podia negar que também representava meu pior pesadelo. A sombra daquele episódio onírico persistia, lançando uma aura de inquietação sobre meu dia.
Ao descer para o café da manhã, levei um susto ao deparar-me com Charlie Swan, sentado na minha ilha da cozinha, diante de um prato repleto de ovos e bacon. Sua expressão parecia desconcertada quando seus olhos encontraram os meus, a ponto de seu bigode castanho se contorcer enquanto tomava um gole da sua xícara de café.
—Um! Bom dia. — pronunciei quando meus pés finalmente estavam completamente dentro da cozinha. Minha mãe, que até então estava encostada na pia, abriu seu melhor sorriso e me cumprimentou calorosamente. A forma como ela se movia pela cozinha parecia que ela estava escondendo algo.
Charlie Swan, apesar de sua expressão inicial constrangida, levantou-se da cadeira para me cumprimentar com um aceno amigável. A atmosfera, que antes estava impregnada de surpresa, começou a se dissipar à medida que nos reuníamos naquela manhã movimentada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PERDIDA NO CREPÚSCULO - 𝐄𝐝𝐰𝐚𝐫𝐝 𝐂𝐮𝐥𝐥𝐞𝐧
RomanceMary Louise, uma órfã curiosa e sonhadora, vive sua vida monótona em uma pequena cidade. Em uma reviravolta inesperada, ela decide roubar o livro "Crepúsculo" da biblioteca local, buscando um escape para sua realidade entediante. Fascinada pela hist...