Celular vibra
Carter: Cara, ainda não consigo acreditar... Ana se foi mesmo?
Marina: Sim, Carter. Sinto tanta falta dela.
Carter: Meu Deus. Parecia um pesadelo. Como isso aconteceu? Ela estava na festa comigo, e depois... eu nem sei como deixei ela ir sozinha.
Marina: Ninguém poderia imaginar, Carter. Ela só queria voltar pra casa. A gente nunca pensa que algo assim vai acontecer. E como o pai dela está?
Carter: O pai dela está destruído... Primeiro a mãe, agora a filha, nem imagino a dor.
Marina: E você como está?
Carter: Eu deveria ter ido atrás dela, Marina. Eu devia ter falado alguma coisa, segurado ela. Ela estava tão feliz ontem...
Marina: Carter, você não pode se culpar. Todos estamos sofrendo. A Ana foi alguém especial pra todos nós. Ela sabia que você se importava.
Carter: Sinto que deveria ter feito mais... mas agora é tarde.
Dois meses haviam se passado, e o sol brilhava intensamente pela janela do meu quarto. Eu, no entanto, nem sequer dormira para recebê-lo. Ana amava o sol. Na verdade, ela era como o próprio sol: sua presença era forte, calorosa, iluminava tudo ao seu redor.
O som insistente do despertador me tirou do torpor, lembrando-me que era hora de ir para a aula. Mas eu não queria ver ninguém, não queria enfrentar aquelas pessoas. Tudo o que eu queria era ficar aqui, fechar as cortinas, me enterrar debaixo das cobertas.
Esse desejo foi logo interrompido pelos meus pais, que entraram no quarto para repetir aquele discurso de "a vida tem que seguir". Mas para mim, isso é impossível. A culpa me consome, enquanto a solidão se agiganta ao meu redor. Eu não consigo – e, na verdade, nem quero tentar.
— Eu só quero ficar sozinho. Ninguém entende o que estou sentindo.
— Entendemos mais do que você pensa. Perder alguém tão importante não é algo fácil pra ninguém. Nós também estamos sofrendo, mas... precisamos encontrar um jeito de continuar.
— Eu nem sei como continuar, pai. Nada faz sentido sem ela.
— Nós sabemos, querido. Mas talvez encontrar uma maneira de honrar o que você sentia por ela ajude um pouco.
— Como eu vou honrar alguém que deveria estar aqui agora? Como isso ajuda? Aquilo não foi acidente mãe.
— Não apaga a dor, mas ajuda a transformar um pouco dela em algo que possa te dar força. Lembrar do que ela significava pra você e aos poucos permitir que essa memória traga conforto, em vez de apenas sofrimento.
— Só queremos que você saiba que estamos aqui. Não precisamos de respostas agora. Só queremos que você dê um passo de cada vez. E que não se feche completamente para o mundo.
— Eu não sei se consigo... mas eu vou tentar, por vocês.
— É só isso que pedimos, filho.
Levantei-me e fui tomar um banho, tentando me recompor para enfrentar a escola. Era o último ano, e no final dele haveria o baile de formatura. Eu planejava convidar Ana para ir comigo... Não, preciso parar de pensar nisso agora, ou vou acabar desistindo de tudo antes mesmo de começar.
Ao chegar na escola, vi meu pequeno grupo de amigos esperando por mim – Marina, Eric e Brad. Fomos juntos até a sala, onde nossa primeira aula seria de religião... logo hoje.
Assim que entrei, o professor veio ao meu encontro, dizendo que sentia muito pela minha perda. Assenti em silêncio e me dirigi ao meu lugar, sentindo todos os olhares em mim. Não sabia se era pena ou o reflexo do meu visual desleixado. Notei alguns alunos novos, e entre eles estava a loira com quem eu tinha ficado na festa. Os olhos dela me seguiam com uma intensidade desconcertante.
Depois da aula, seguimos para minha casa. Desde que Ana nos deixou, nos dedicamos a investigar as circunstâncias de sua morte. Todos os dias, nos reuníamos no meu porão, que se transformou em nosso centro de operações. Mesmo com todas as conversas que tivemos com Ana, havia aspectos de sua vida que ela evitava, e isso tornava tudo ainda mais complicado. As pistas pareciam um labirinto, e cada nova descoberta só adicionava mais mistério à sua partida. A verdade, que deveria ser clara, parecia se distanciar de nós, como uma sombra que não conseguimos alcançar.
— Não consigo parar de pensar em como tudo isso aconteceu tão rápido. Ana estava começando a descobrir tantas coisas sobre a madrasta dela. — Diz Marina.
— Eu sei. A morte dela foi tão repentina... parece que mal conseguimos entender o que estava acontecendo. A gente não queria acreditar que poderia ter algo mais por trás disso. — Eric diz cabisbaixo.
— E o pior é que agora temos que lidar com a Amanda. Ela parecia tão tranquila, como se nada tivesse acontecido. Não entendo como alguém pode agir assim, especialmente após a morte de uma pessoa tão querida. — Brad suspeita.
— A Ana estava tão determinada a investigar a Amanda. Ela tinha que ter descoberto algo. O que será que ela sabia? O que será que a levou a querer investigar?
— Eu me lembro de ela ter comentado algo sobre um passado obscuro. Algo que a gente nunca conseguiu entender completamente. Agora parece que tudo se encaixa. A forma como ela se comportava...— Eu digo.
— Isso só torna a perda dela ainda mais dolorosa. Não posso acreditar que ela se foi antes de conseguir expor a verdade. E se a Amanda tiver algo a ver com isso?
— Precisamos continuar o que Ana começou. Ela não pode ter morrido à toa. A gente precisa descobrir o que está acontecendo e proteger a memória dela.
— Concordo. Se a Amanda estiver envolvida, não podemos deixar que ela saia impune.
— Ana merecia justiça. Não podemos deixar que seu espírito fique preso em meio a esse mistério. Vamos investigar e descobrir a verdade.
— Para Ana, então. Vamos fazer isso juntos.
— Para Ana. — Falamos juntos.
Ficamos horas folheando algumas fotos antigas, mergulhando em memórias que pareciam tão distantes, mas que, de alguma forma, ainda nos conectavam a Ana. As risadas e os momentos capturados nas imagens traziam uma mistura de alegria e tristeza. A luz do dia foi se apagando gradualmente, e a escuridão começou a envolver o ambiente, criando um clima de melancolia que parecia refletir nossos sentimentos.
Enquanto analisávamos cada imagem, uma sensação de inquietação crescia dentro de mim. Olhando para aqueles rostos sorridentes, tão cheios de vida e sonhos, eu não conseguia evitar o pensamento de que essa história não iria acabar bem. Havia algo no ar, uma tensão invisível que pairava sobre nós, como se estivéssemos à beira de algo sombrio.
As lembranças de Ana eram uma lembrança constante de tudo o que havíamos perdido. Eu me peguei pensando sobre o que ela poderia ter descoberto, sobre os segredos que a cercavam. Aquela investigação que ela havia iniciado não era apenas uma busca pela verdade; era uma busca por justiça, por algo que parecia estar ao nosso alcance, mas que, ao mesmo tempo, se afastava cada vez mais.
Depois que todos foram embora pensei em ir até a casa do Sr. Baged para ver se conseguia encontrar alguma foto ou vídeo de Ana, e também para verificar como ele estava. Queria saber se Amanda ainda estava sofrendo como dizia estar. Assim que cheguei à esquina, uma sensação estranha me atingiu; a casa parecia diferente, como se estivesse envolta em um silêncio inquietante. A porta estava apenas encostada, um sinal de que algo estava errado.
Entrei cautelosamente, chamando pelo Sr. Baged e por Amanda, mas não obtive resposta. Com o coração acelerado, comecei a explorar os cômodos, acreditando que talvez eles estivessem no quintal dos fundos.
Conforme me aproximei da sala, uma sensação de apreensão tomou conta de mim. Abri a porta e a visão que se desenrolou diante dos meus olhos foi a pior cena que eu já havia testemunhado na vida. Meu corpo paralisou enquanto tentava processar a realidade do que estava diante de mim. A escuridão daquela casa parecia ter absorvido não apenas a luz, mas também a esperança, e eu sabia que algo terrível havia acontecido.
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Quem Matou Ana Baged?
Mystery / ThrillerQuem era Ana Baged de verdade? Os amigos de Ana se perguntaram ao descobrir coisas que eles nem imaginavam da sua melhor amiga, uma vida de segredos, era assim que ela vivia. Aquelas fotos, quem as tirou? - Carter se perguntava. - Foi por vingança...