Capítulo 3

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SAKURA HARUNO

Eu não conseguia ouvir o que o professor falava ou escrevia naquele grande quadro na sala. Normalmente eu estaria fazendo anotações do que eu acharia útil, senão nem estaria nessa aula, mas hoje não é um dia normal. 

Essa semana não é normal. 

Eu seria uma idiota se dissesse que não estou vendo aquele enorme carro preto me seguir quase todos os dias ou que sinto seu olhar em mim todas as horas. 

Uma pessoa normal ficaria aterrorizada e procuraria a polícia imediatamente, mas essa cidade não é normal e tudo que acontece nela. E principalmente, eu soube quem era ele quando me relacionei. 

Quando fiz a cagada de entregar meu coração para alguém que não tinha nada no peito. 

Sasuke Uchiha está de volta e parece me odiar mais que nunca.

Seus olhos estavam em mim e todos no ambiente pareciam perceber isso. Todos nessa maldita cidade, talvez nesse maldito país, teriam medo de um Uchiha, mas eu dormi vezes demais com ele para ter medo. 

Eu proclamei vezes demais que o amava para ter medo. 

Eu odeio a sensação de estar pressionada e Sasuke ama fazer isso. 

A cidade estava uma loucura após a sua volta e eu consigo imaginar as ameaças que ele fez ao diretor para estar nessa mesma sala que eu. 

Hinata havia ido atrás de informações desse Uchiha, o que é muito arriscado considerando quem ele é, mas a sua preocupação comigo sempre fala mais alto. Então, eu sei que ele não faz esse curso e sei muito bem que ele obrigou o diretor a deixá-lo aqui. 

As minhas costas queimavam com seus olhos e eu sentia o ódio em mim aumentar. 

Quem ele acha que é? Como ele acha que pode ficar me olhando depois de tudo que fez para mim? 

Suspirei, sabendo que ele veio aqui para fazer um inferno pessoal em minha vida, que ele está mais que disposto a me destruir. 

Que pena, Sasuke Uchiha, hoje não tem mais nada que você possa fazer para mim. 

Você já destruiu aquela menina doce que te amava. 

Com um gosto amargo na boca e um ódio florescente, me virei de costas, deixando meu olhar cair bem aonde ele estava.

Era como se todos estivessem segurando suas respirações na sala e com medo do que poderia resultar disso.  

Sem medo algum, enfrentei seus olhos negros, sem deixar que as minhas memorias me levassem para o carinho que eu sentia nessas mesmas orbes. 

Um pequeno sorriso subiu em sua boca e ele me olhava com desdém. 

Não mais, Uchiha. 

Um sorriso falso subiu até os meus olhos e eu me obriguei a acenar para ele com os dedos. Foi rápido, mas eu consegui ver quando seus olhos se surpreenderam, mas logo foram mascarados com aquela sombra dele. 

Ele apoiou a cabeça na parede e ficou me olhando. 

Não, olhando não, analisando. 

Analise o quanto quiser, você não terá mais nada meu. Não mais. 

As pessoas começaram a levantar eufóricas e eu soube que já tinha dado o horário, mas não que esse fosse o real motivo para elas correrem tanto. 

Soltei uma risada fraca e me levantei junto da multidão. 

E mesmo odiando deixar minhas costas tão expostas para ele, me virei e continuei andando com os outros, mas talvez não tão rápido como eles. Até o sair da sala, seus olhos me acompanharam como um pesadelo sempre constante. 

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