Ivy Miller
Eu levantei da cama como quem levanta da própria cova. As cortinas mal seguravam a luz que entrava agressiva pela janela. Aquele maldito cheiro de motel, uma mistura de perfume barato e desinfetante de limão, enchia o ar. E lá estava ele: o bombadão. Dormindo que nem uma pedra, a boca aberta. Eu pensei em colocar um travesseiro na cara dele, só por esporte. Mas me limitei a vestir a calça e pegar o celular.
- Whatsapp On
"Piranhas"
Ivy - Bom deia!
Butantan - E aí, safada? Conseguiu lembrar o nome do boi ou ainda está chamando ele de moço?
Lula - Eu e o Matthew já estamos aqui esperando no Open. Tu é lenda!
Mato - Juro.
Ivy - "👍🏻"
- Whatsapp Off
Era pra ser uma noite tranquila. Eu juro! Só uma ida ao show do MC Livinho. Mas daí rolou a vodka, a catuaba e o cara... Eu olhei de novo pra ele, ainda apagado. Será que ele sequer lembrava meu nome? Provavelmente não.
"Bom, vou pegar meu caminho",
Pensei, me levantando e tentando não tropeçar nos sapatos dele. Um tênis tamanho 45 do lado da cama parecia o próprio Titanic.
[...]
Eu tava no ponto de ônibus, meio morta, rindo de mim mesma, quando o celular vibrou. Minha mãe. Ferrou.
- IVYYYYY!!! Cadê o pão?!! Era pra tu trazer o pão, cacete! Já tá fugindo de casa de novo? Ah, tu pensa que sou trouxa, né? TU PENSOU O QUÊ, MOLECA? VOU ENFIAR ESSE PÃO NO SEU ORIFÍCIO!
- Mãeeeee, calma... eu... eu tô no caminho... - mentira deslavada.
- No caminho do inferno é onde tu tá indo! E vê se não esquece a manteiga dessa vez!
Eu tava pronta pra devolver com uma zoeira, quando ouvi aquela voz conhecida ao longe: Matthew gritando do outro lado da rua.
- "IVYYYYYY!!! PEGA O PÃO, MULHER! EU TÔ COM FOME!"
De longe, ele e Léo estavam com uma sacola de salgadinhos, rindo igual retardados. Óbvio que eles também estavam de ressaca.
Cheguei na padaria e encontrei Bia já tomando uma Coca. Ela deu uma olhada pra mim, riu e disparou:
- Sério, a gente vai pra um show do MC Livinho, e tu vai parar num motel? É isso que eu chamo de prioridades, garota! Já mandou mensagem pro moço bombadão? Ou tá esperando ele acordar e perguntar se tu quer bacon ou linguiça?
Eu revirei os olhos, e a gente entrou na padaria. Peguei o pão, que parecia pesar uma tonelada na minha mão, e senti o telefone vibrar de novo. Era minha mãe, com caps lock ativado:
- SE TU NÃO CHEGAR EM 5 MINUTOS....
Olhei pros meus amigos e suspirei:
- Galera, eu vou ter que correr pra casa antes que minha mãe me jogue da janela. De novo.
- Relaxa - disse o Léo - Da próxima vez, manda um iFood e chama o MC Livinho pra comer um pastel contigo!"
- Pastel eu como depois - eu disse, pegando as sacolas de pão e correndo.
Eu corri pra casa com a sacola de pães pendurada no braço como se tivesse salvando a última baguete da humanidade. Já imaginava a minha mãe com o rolo de macarrão em uma mão e a manteiga na outra, pronta pra me esganar pelo atraso. Cheguei na porta de casa, dei aquela respirada funda e entrei.
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No Limite Da Loucura.
AvventuraNo Limite da Loucura Ivy Miller, com apenas 20 anos, nunca pensou que um Open Bar, poderia fazer sua vida virar de cabeça pra baixo, bom, nunca até ver Nathan. O que começou como uma simples atração desmoronou em algo muito mais forte, onde a realid...