A semana começou como qualquer outra no Barcelona, intensa e cheia de treinos puxados. Ser o jovem prodígio do time trazia um tipo específico de pressão, e eu sabia disso muito bem. Ser Hector Fort significava ser visto, notado, analisado. Todo movimento meu tinha um impacto, cada passo no campo era avaliado. Mas, sendo honesto, eu gostava disso. Gostava da ideia de ser alguém que todos observavam e admiravam. O que eu não esperava era uma sensação de desconforto crescendo na minha mente ultimamente, como se alguém me observasse mais do que o necessário, mais do que eu queria.
Estávamos no meio do treino, e Xavi gritava instruções do lado do campo, o olhar atento em cada jogador. Quando Xavi falava, a gente escutava. Ele era uma lenda, um cara que entendia o futebol como ninguém. Em momentos como aquele, eu focava em absorver cada detalhe, mas, de vez em quando, meus pensamentos se perdiam naquela mensagem recente, naquela garota misteriosa, Leonie Ann.
- "Ei, Fort! Você tá na lua?" - Marc Guiu me chamou a atenção, com um sorriso de canto, puxando-me de volta ao campo. "Cuidado pra não perder o lance, cara. Ouviu o Xavi?"
- "Sim, sim, ouvi!" - respondi, tentando esconder a distração.
Marc me olhava com uma expressão curiosa, como se já estivesse acostumado com essa minha cara de quem estava perdido em pensamentos.
- "Tá estranho hoje. Algo aconteceu?" - ele perguntou, correndo ao meu lado enquanto ajustávamos a posição no campo.
Suspirei, tentando decidir se deveria compartilhar essa sensação estranha que vinha me incomodando. Marc era meu amigo, o cara com quem eu dividia os altos e baixos de ser um jovem no Barça. Ele entenderia.
- "É... talvez, cara. Não sei como explicar, mas tem uma garota que... ela anda mandando umas mensagens. Nada demais, mas parece que ela tá sempre me observando. Ela disse que veio no último jogo, e, sei lá, eu senti algo estranho, sabe?"
Marc franziu o cenho, claramente intrigado.
- "Estranho como, Hector? Tipo... estranho ruim?"
- "Não sei, é difícil dizer. É como se eu pudesse sentir ela ali, mesmo sem saber quem é. E ela continuou mandando mensagem depois, elogiando o jogo. Mas o jeito... parece mais pessoal do que de fã, entende?"
Marc riu, dando de ombros.
- "Cara, isso aí é coisa de jogador famoso. Todo mundo quer um pedaço da estrela, ainda mais de alguém como você, o 'garoto prodígio'." - Ele deu um tapinha nas minhas costas. "Relaxa, não deve ser nada."
Xavi apitou no campo, chamando a gente de volta para o treino.
- "Ei, menos papo e mais treino, rapazes!" - ele gritou, a voz firme.
Fiz um aceno para Marc e me posicionei. Mas a sensação de que alguém estava me observando voltou com força, como se o olhar de Leonie atravessasse o campo e se fixasse em mim.
A verdade é que eu nunca tinha prestado atenção a esse tipo de coisa. Sempre existiram torcedores apaixonados, fãs que me abordavam ou mandavam mensagens nas redes. Mas essa garota... ela tinha algo diferente. Mesmo que eu não soubesse o que era, isso mexia comigo de uma forma que não entendia completamente.
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Quando o treino terminou, fui direto para o vestiário, ainda perdido nos meus pensamentos. Enquanto os outros jogadores se animavam com o jogo que teríamos em breve, eu tentava entender o motivo daquela presença inquietante. Ajeitei meu celular no banco e pensei em dar uma olhada nas mensagens novamente, mas fui interrompido por Marc.
- "Fort, vamos lá, cara. Foca no jogo! Precisamos de você hoje, você sabe disso. Deixa essa história pra lá."
- "Eu sei, eu sei. É só que... ah, deixa pra lá." - ri, dando de ombros. Marc tinha razão. Era só uma mensagem. "Vamos ganhar isso hoje."
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Chegando ao estádio para o jogo, aquela atmosfera única me envolveu. O barulho dos torcedores, o estádio lotado, tudo parecia me dar uma energia única, como sempre. Eu já me sentia de volta ao controle, determinado a dar o melhor.
Mas, enquanto fazíamos o aquecimento, algo me desconcertou de novo. Olhei em volta, tentando entender o que era. Foi só uma fração de segundo, mas era como se eu tivesse certeza de que Leonie estava lá, observando. Algo em meu instinto dizia que ela estava em algum lugar, assistindo. A sensação era forte, e, por um momento, perdi a concentração.
- "Cara, foco!" - Marc deu uma leve cotovelada em mim, percebendo que eu estava distraído.
Assenti e voltei para o aquecimento, tentando ignorar aquela sensação estranha. Respirei fundo e me concentrei no jogo. Quando a partida começou, deixei tudo para trás e entrei no modo de batalha.
O jogo estava intenso, como sempre, com cada movimento calculado e cada passe estratégico. Xavi nos guiava com comandos precisos, e eu me mantinha focado. Marc e eu trocamos passes rápidos, avançando pelo campo com a precisão que havíamos treinado mil vezes. E então, o momento chegou - fiz um drible e, num chute calculado, mandei a bola direto para o gol. O estádio explodiu em gritos, e meu nome ecoava como sempre. Esse era o momento pelo qual eu vivia, a energia da torcida me preenchia de uma maneira que nada mais conseguia.
Quando o árbitro apitou o final, saímos do campo vitoriosos. Eu devia estar exausto, mas, naquela noite, me sentia leve, invencível, com a adrenalina ainda correndo. Parecia que tudo fazia sentido, que a estranha sensação tinha se dissipado.
Mas, enquanto caminhava de volta ao vestiário, meu celular vibrou. Peguei o aparelho, e lá estava outra mensagem dela.
- "Estava no jogo hoje. Você jogou ainda melhor ao vivo. Foi incrível."
Minha testa franziu automaticamente. Ela realmente estava ali. De novo. Meu peito apertou com um misto de curiosidade e apreensão. Eu conhecia o poder que minha presença exercia, mas, dessa vez, eu sentia que era ela quem exercia algo sobre mim, uma força invisível.
Marc se aproximou, observando minha expressão enquanto eu encarava a mensagem.
- "Aí está de novo essa sua cara, Hector. Não me diga que é a garota da mensagem?"
- "É ela... de novo," suspirei, pensativo. "Ela estava aqui hoje."
Marc me olhou com uma expressão entre ceticismo e curiosidade.
- "Quer um conselho? Não vai atrás disso, cara. Esse tipo de coisa só leva a confusão. Você sabe como é. Aproveita o momento, foca no próximo jogo e esquece essa história."
Fechei os olhos por um momento, tentando me convencer de que Marc estava certo. Mas aquela mensagem... aquela presença... algo em mim dizia que isso não era só mais uma história passageira. Algo nessa garota me fazia questionar, e, por mais que tentasse, sabia que não conseguiria simplesmente ignorar.
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𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐋𝐊𝐄𝐑, Hector Fort
Fanfic━━━━━━━ 𝗟𝗲𝗼𝗻𝗶𝗲 𝗙𝗹𝗶𝗰𝗸 é a filha caçula do técnico Hansi Flick, vivendo em Berlim enquanto seu pai auxilia a seleção alemã de futebol. Após terminar seu relacionamento com o jogador Jamal Musiala, ela se vê perdida e em busca de um novo amo...