𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐋𝐊𝐄𝐑, Hector Fort

07 ∘ sonho e realidade

Sempre me considerei uma pessoa equilibrada. Eu sou uma libriana de carteirinha - tudo precisa estar em harmonia, até meus sentimentos. E eu sempre consegui manter as coisas no lugar... até conhecer Hector Fort. Desde que o vi jogando pela primeira vez, foi como se minha vida tivesse virado de cabeça para baixo, e eu estivesse, pela primeira vez, fora do meu eixo. O irônico? Em vez de fugir, eu queria explorar ainda mais esse turbilhão.

Enquanto caminhava pelo parque com Mia naquela tarde, me pegava falando de Hector pela décima vez naquela semana, e, como sempre, ela me olhava com aquela expressão divertida, misturada com preocupação.

- "Então... vamos lá, me conta de novo," - ela pediu, entre risos. - "Qual é o encanto dele?"

Suspirei, tentando encontrar as palavras certas.

- "É difícil explicar, Mia. Ele tem algo que... sei lá, é como se ele fosse o equilíbrio perfeito entre força e sensibilidade, sabe? Quando o vejo em campo, tudo ao redor parece desaparecer. E, por mais que eu odeie admitir, é como se ele fosse a peça que faltava na minha vida."

Ela revirou os olhos, mas com um sorriso no rosto.

- "Leon, você é inacreditável! Ele nem sabe que você existe, e você está aí, toda apaixonada, pensando que encontrou o amor da sua vida."

- "Ele sabe que eu existo, tá? Ele me respondeu algumas vezes..." - retruquei, meio defensiva. Mas era verdade. Em cada mensagem que trocávamos, eu sentia que estávamos mais próximos, mesmo que de forma sutil.

- "Ah, sério? E ele respondeu o quê? Algo emocionante e apaixonado?" - ela me provocou, rindo.

Revirei os olhos, sem poder negar a ironia dela. A verdade é que as respostas de Hector eram sempre curtas e educadas, mas havia algo nelas, algo que me dava esperança. Ele podia ser reservado, mas eu sentia que havia algo ali, como se ele estivesse relutante em se abrir, mas curioso.

- "Talvez ele só precise de um empurrãozinho. Ou... talvez eu só esteja sonhando alto demais." - Dei de ombros, fingindo estar despreocupada.

- "Olha, Leonie," - Mia me disse, parando e olhando nos meus olhos. - "Eu entendo que você está encantada, mas... talvez seja bom ter um pouco de cuidado. Esse 'sonho' pode te desequilibrar, entende?"

Assenti, mas por dentro, eu sabia que o "cuidado" já tinha ficado para trás. Meu coração já estava mergulhado naquela obsessão, e, por mais que eu tentasse ser racional, ele me puxava cada vez mais fundo.

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À noite, já em casa, no meu quarto, deitei na cama e encarei o teto. Podia ouvir o silêncio ao meu redor, mas minha mente estava a mil. Peguei o celular e comecei a reler nossas mensagens. Ele sempre respondia de um jeito distante, mas cada palavra que ele digitava me fazia sentir mais próxima dele. E a cada nova resposta, eu sentia que havia algo, algum tipo de barreira que ele tentava manter erguida, mas que estava prestes a ruir.

Escrevi uma nova mensagem, tentando expressar o que sentia sem parecer desesperada.

- "Você já pensou como seria se nos encontrássemos? Talvez seja apenas um sonho, mas sinto que, de alguma forma, nos entenderíamos."

Enviei e fiquei olhando para a tela, sentindo o coração acelerar. Estava vulnerável, sim, mas isso fazia parte do jogo. Eu sabia que ele podia ou não responder, e de qualquer forma, eu teria que aceitar.

O celular vibrou minutos depois. Era ele.

- "Talvez. Às vezes, o desconhecido é mais interessante do que a realidade."

Aquela frase me fez sorrir de um jeito que não me lembrava de ter sorrido antes. Hector era um mistério, um enigma que eu queria tanto decifrar. Suas palavras tinham essa coisa sutil, esse jogo de significado, e eu sabia que havia algo ali, um sinal de que ele talvez estivesse tão curioso quanto eu.

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Na manhã seguinte, acordei com a resposta dele ainda na mente. Fiquei imaginando o que ele quis dizer com aquilo, qual era o significado escondido naquela frase. Parecia algo simples, mas, para mim, cada palavra dele era um convite para continuar, para explorar esse mistério que era Hector Fort.

Puxei meu caderno, onde escrevia alguns pensamentos e, especialmente, sobre tudo o que estava acontecendo com Hector. A cada linha, eu sentia que ele era o protagonista de uma história que estava criando na minha cabeça, mas que se misturava com a realidade.

Mais tarde, depois de algumas horas de aula, encontrei Mia no café que costumávamos ir, e assim que ela me viu com aquele sorriso de quem estava completamente no mundo da lua, já sabia sobre o que eu queria conversar.

- "Deixa eu adivinhar... Hector te respondeu?"

Assenti, sem esconder o entusiasmo.

- "E o que ele disse? Alguma coisa que valha toda essa expectativa?"

Mostrei a mensagem para ela, e Mia leu com atenção, o rosto dela assumindo um leve ar pensativo.

- "Sabe... acho que ele pode estar tão curioso quanto você," - disse, olhando para mim com uma expressão séria. - "Mas, Leonie, você precisa se lembrar que ele vive em um mundo completamente diferente do nosso. Jogador famoso, cheio de responsabilidades... será que isso tudo é mesmo o que você quer?"

Suspirei, pensando no que ela disse. Eu sabia que não ia ser fácil, mas o que eu sentia por Hector era algo que eu não poderia ignorar.

- "Eu sei que não vai ser simples, mas... se eu não tentar, nunca vou saber. Talvez seja apenas uma fase, talvez ele seja só uma ilusão... mas eu preciso descobrir."

Ela assentiu, ainda com um olhar preocupado.

- "Bom, só prometa que, se em algum momento você sentir que está se perdendo, vai me avisar."

Sorri, sentindo aquele peso de amizade, mas também de incerteza.

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Naquela noite, de volta ao meu quarto, encarei a tela do celular por um longo tempo, pensando em escrever mais uma mensagem, em dizer algo que realmente chamasse sua atenção. Mas talvez fosse melhor deixar um pouco de mistério, jogar com a mesma cautela que ele jogava. E por mais que fosse contra a minha natureza equilibrada e organizada, eu estava disposta a mergulhar fundo nessa incerteza.