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Tudo em Barcelona parece mais intenso

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Tudo em Barcelona parece mais intenso. As cores, as pessoas, os ruídos da cidade. Há um calor no ar que Berlim nunca teve, uma sensação de que tudo está prestes a acontecer e que as possibilidades são infinitas. Essa energia me consome de uma forma que nem eu entendo. E agora que papai está envolvido com o Barça, cada vez mais parece que essa cidade está se tornando o meu lar, mesmo que eu nunca tenha planejado isso. Mas, é claro, há um motivo mais específico para eu querer ficar.

Hector Fort.

Estou tentando não deixar esse nome se tornar uma espécie de mantra na minha cabeça, mas confesso que está difícil. A cada treino que acompanho, a cada chance que tenho de observá-lo, fica ainda mais claro que ele é tudo aquilo que eu imaginava e mais. Ele tem uma presença que me desarma, um jeito de caminhar pelo campo que é ao mesmo tempo seguro e relaxado. Como se ele soubesse o próprio valor e não precisasse provar nada pra ninguém.

Hoje, eu decidi que não iria apenas observá-lo. Quero mais. E, se possível, quero fazer ele perceber que não sou apenas "a filha do técnico". Decido vestir uma blusa casual, mas bem escolhida, jeans que me deixam confortável, e um toque de perfume – só o suficiente para que alguém notasse caso se aproximasse. Tento equilibrar casualidade com cuidado em cada detalhe, tudo na medida exata para ser marcante sem parecer que estou me esforçando demais.

Quando chego ao campo, papai está dando uma palestra técnica para os jogadores. Ele explica algumas jogadas, fala sobre estratégias, e todos o escutam atentamente, inclusive Hector, que parece absorver cada palavra. Me posiciono um pouco mais à frente, e é impossível não reparar que, por um instante, Hector lança um olhar rápido na minha direção. É discreto, mas eu noto. Uma onda de empolgação me invade, como se aquilo fosse um pequeno sinal de que ele me viu, de verdade, pela primeira vez.

Do lado, Mia percebe minha expressão e me cutuca com o cotovelo.

– "Sabe, se você ficasse encarando mais um pouquinho, ele poderia chamar a segurança" – ela sussurra, provocando.

Reviro os olhos e sorrio.

– "Não é nada disso, Mia. Só estou... observando. Isso é normal, né?"

Ela ri baixinho.

– "Claro, normal... Desde que não passe do ponto, claro. Mas vai lá, amiga. Quem sabe hoje não é o dia?"

Ela sabe o que significa. Sabe que hoje estou decidida a tentar uma aproximação mais direta. Algo que me permita deixar uma marca – ou, pelo menos, que ele me veja além daquela garota na arquibancada. Quando o treino termina, os jogadores começam a se dispersar, e vejo Hector caminhando lentamente em direção ao vestiário. Respiro fundo e me aproximo, torcendo para que minha voz saia confiante.

– "Hector?" – chamo, tentando parecer casual.

Ele se vira e levanta as sobrancelhas, visivelmente surpreso por eu estar ali.

– "Leonie, não é?" – pergunta, com um meio sorriso. "A filha do novo técnico."

O modo como ele fala "a filha do técnico" me faz sentir como se eu fosse uma nota de rodapé na vida dele. Isso me irrita um pouco, mas tento manter o sorriso.

– "Sim, sou eu. Mas… também sou só Leonie, caso queira saber" – respondo, deixando claro que eu não sou apenas um título.

Ele sorri de lado, cruzando os braços.

– "Tudo bem, só Leonie. Como posso te ajudar?" – diz, com um toque de brincadeira na voz.

Mantenho o sorriso, mesmo que eu sinta meu rosto corar. Tento ignorar e continuar.

– "Na verdade, eu queria dizer que admiro muito seu jogo. Você tem uma postura única em campo. Parece que sabe exatamente o que quer, como se tudo já estivesse planejado."

Ele ri levemente, parecendo um pouco surpreso com o elogio.

– "Obrigado. Mas, sabe, o futebol é mais caótico do que parece. Às vezes, é só questão de estar no lugar certo na hora certa."

– "Mesmo assim, acho que tem algo especial. Não são todos que têm essa facilidade."

Hector me olha com um certo interesse, como se estivesse tentando me entender.

– "E você, Leonie? Gosta de futebol? Ou só está aqui por causa do seu pai?"

Essa pergunta me pega desprevenida. Fico em silêncio por um momento, pensando na resposta.

– "Acho que é um pouco dos dois. Cresci nesse meio, então, naturalmente, acabei me interessando. Mas... não vou mentir. Vir até aqui foi mais pela chance de conhecer novas perspectivas."

Ele inclina a cabeça, pensativo.

– "Perspectivas, hein? Interessante. Então, o que você espera encontrar aqui?"

Meu coração acelera. Essa é a minha deixa para dizer que estou interessada em conhecê-lo, mas preciso ser cuidadosa.

– "Pessoas que não estão presas a um só rótulo, talvez. Pessoas que têm mais a oferecer do que aquilo que os outros enxergam."

Hector me observa, e há um brilho no olhar dele que eu não consigo decifrar. Ele finalmente assente, como se entendesse o que eu queria dizer, mesmo que de forma vaga.

– "Interessante. Vou lembrar disso, só Leonie."

Ele começa a se afastar, caminhando em direção ao vestiário, e eu fico parada, sentindo uma mistura de frustração e empolgação. Não foi exatamente como eu esperava, mas, de certa forma, sinto que ele me viu de uma maneira diferente. Talvez esse seja o começo de algo.

𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐀𝐋𝐊𝐄𝐑, Hector Fort Onde histórias criam vida. Descubra agora