03- Quadribol

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- Que inferno! - Harry se jogou na mesa do salão principal chamando a atenção de algumas pessoas.
- Pé esquerdo? - Ele arregalou os olhos.

- Estava, mas agora que percebi que foi você quem puxou assunto, não estou mais, acredita? - Revirei os olhos.
- Vai ser uma partida dura. - Oliver disse, sério.

- Deixa isso pro vestiário, tá? Come alguma coisa, maluco.
- Preocupada?
- Com os pontos da Grifinoria? Sempre.- O garoto sorriu antes de pegar uma torrada, enquanto eu me virava para Fred.

- Se cuida, não morre! A chuva tá forte demais lá fora.
- Não vou te deixar, docinho.
- Acho bom. - Disse me levantando.

- Não acha que devia vestir o uniforme, Senhorita Black? - Snape questionou, parando em minha frente.
- Vou vestir quando o senhor lavar o cabelo. - A mesa de minha casa se explodiu em risadas.

- 5 pontos da Grifinória.
- É o máximo que pode fazer?
- Não irá para Hogsmead. - Meus colegas olharam preocupados e agora eu realmente ri.

- Como se eu tivesse alguém pra assinar meu bilhete, esqueceu? Não iria nem que o céu caísse hoje. - Ele pareceu vacilar. - Mas obrigada, foi uma tentativa melhor de castigo.

Puxei minha jaqueta da mesa seguindo salão a fora.

(...)

Meus cabelos estavam encharcados, assim como todos ali estavam, mal dava para enxergar o jogo, só conseguiamos saber por conta da narração.
Oliver havia pedido tempo.

Eu desci para ver Fred.

- Esta tudo bem?
- Estou. - Ele tranquilizou.

- Não vou conseguir jogar com essa porcaria. - Vi Harry reclamar dos óculos.

- Me entregue.
- Eu vou enxergar como?
- Vamos lá. - Pedi novamente e ele depositou o mesmo em minha mão.

- Impervius!
- Brilhante. - Por meio da chuva pude ver Harry sorrir, estranho, mas reconfortante.

(...)

Estava na porta da área hospitalar, após eles terem retomado o jogo, Harry foi atacado por Dementadores, o que garantiu a derrota da Grifinória, mas, por incrível que pareça eu não estava tão preocupada com isso quanto estava com Harry.

Os jogadores da Grifinória passaram por mim para sair sem dizer uma palavra, exceto Fred, que sorriu para mim, beijando meus cabelos ainda molhados.

- Ia ganhar outra cicatriz, hum? - Disse me aproximando de sua maca.
- Está aqui?
- Nhe.. nada pra fazer. - Ele sorriu se endireitando na maca.

- Não trouxe os pontos pra Grifinória, desculpe.
- Não me peça desculpas, ninguém teve culpa, sabe? Não era pra eles estarem lá.

- Você está encharcada.
- Não passei no dormitório e esqueci o feitiço.. sabe como é, geralmente eu durmo com duendes falando. - Ele riu.

- Lupin esteve aqui.. - Ele comentou.
- Esteve?
- Quer me ensinar o feitiço do Patrono.. você já tentou? - Assenti.

- E como foi?
- Não tenho uma memória boa o suficiente para isso, não consigo conjurar um. - Ele tocou minha mão, que eu afastei.

- Vi você falar mais cedo.. de não ter ninguém para assinar seu passeio para Hogsmead, onde você mora?
- Está fazendo perguntas demais, Harry.
- Então vamos fazer assim, uma minha e uma sua. - Eu sorri, concordando.

- Responda a minha.
- Com os Malfoys. - Engoli seco, já esperando sua reação.
- Como assim?!
- Não quer dizer, uau, Draco é meu melhor amigo e eu sou uma supremacista igual ele, eu moro no porão deles, saio duas vezes ao dia pra comer e tomar banho direito. - Ele me encarou. - Não tenho porque mentir, é só.. são os únicos parentes distantes que eu tenho, era isso ou orfanato e no orfanato eles jamais permitiriam que eu viesse pra cá.

- Gosta de Hogwarts?
- Sim.
- Sua pergunta agora.
- Certo, porque está fazendo isso? - Ele arqueou as sombrancelhas.

- Isso?
- Se aproximando.. vamos lá, eu era invisível para você.
- Eu só.. com todo mundo falando em você, era impossível não reparar e você.. embora só me humilhe, é legal, sei que é.

Alguns professores entraram na sala.

- Acho que é minha trégua, Potter.
- Posso te ver na comunal? - Olhei meu relógio, era a única coisa que eu tinha do meu pai.

- Se eu não estiver lá.. sabe onde me encontrar.. vê se não morre.
- Eu quem devia te dizer isso.

- Odeio quebrar climas. - Snape começou.
- Eu já vou. - Respondi, dei um sorrisinho para Minerva e Dumbledore.
Sorrisinho que eles conheciam muito bem.

(...)

Fazia o fogo da comunal aumentar e diminuir com o uso da varinha, não estava esperando por Harry, fiquei sabendo que Pomfrey não iria dar a alta a ele.

- Stella, o que faz aqui? - Murmurei para a coruja dos Malfoys que sacudiu a pata.

" Cara, S/n,

Quero conversar com você, a pedido de mamãe e papai, lhe espero no corredor do banheiro da Murta.

De Draco Malfoy."

Inferno.
Passei minha jaqueta pelos meus ombros seguindo para fora da comunal, estava perto do Natal, então o frio era absurdo.

Quando cheguei ao lugar, Draco já me esperava.

- Tem cinco minutos.
- Papai e Mamãe mandaram dizer que se está por trás dessa fuga de seu pai.. estará oficialmente sem onde morar. - Engoli seco.

- Não é como se morar em um porão e morar na rua fossem diferentes.
- Você acha? Tem que ser grata por tudo que a gente fez! Não é fácil ter que aguentar você todo dia resmungando!
- É por isso que finge que não me conhece por aqui? - Draco e eu estávamos sempre prontos para brigar um com o outro.

- Claro.. você anda com Weasleys, agora com Harry Potter.. está sendo uma traíra de sangue.. igualzinho.. - Apertei ele em cordas invisíveis com um feitiço não verbal.
- Me solte.
- Posso te deixar aí a noite toda. - Ele negou. - Tire o nome dele de sua boca, Draco.

- Oh céus! Ela ama o papai dela. - Apertei ainda mais as cordas vendo o rosto dele ficar vermelho pois o sangue não circulava.
- Esquece ele. - Sussurrei em seu ouvido e só afrouxei as cordas quando estava quase virando o corredor, estava tão fraco que não revidou.

Fraco Malfoy.

Entrei na sala de música me sentando no piano, estava empoeirado mas era sem dúvidas o melhor lugar de Hogwarts para mim, amava o piano.

𝐏𝐑𝐎𝐅𝐄𝐂𝐘 • 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐘 𝐉. 𝐏𝐎𝐓𝐓𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora