Capitulo 3

1 0 0
                                    

Enquanto o trem se movia suavemente pelos trilhos, a luz do sol iluminava o interior do vagão, e eu não conseguia conter minha empolgação. Olhei para minha mãe, que estava sentada ao meu lado, e comecei a bombardear perguntas.

-Mãe, você acha que vamos ver a praia assim que chegarmos em Avonlea? E quantas flores você acha que vão estar lá? E vamos poder brincar na grama? O que vamos comer? Será que eles têm torta de maçã? Eu amo torta de maçã!

Ela sorriu, mas logo começou a parecer um pouco sobrecarregada.

-Calma, querida! Vamos por partes. Sim, podemos ver a praia, e quem sabe as flores estão em plena floração. Quanto à torta de maçã, eu tenho certeza de que vamos encontrar algo delicioso por lá.

-E se não encontrarmos? E se a gente chegar e o lugar estiver fechado? O que faremos então? - as preocupações começaram a surgir, e eu não consegui evitar. - E se eu não gostar de Avonlea? E se as pessoas não forem legais?

"Amelie, você parece uma sardinha que não para de falar! - Ela disse, soltando uma risadinha. - Por favor, tente se acalmar um pouco. Estamos a caminho de uma nova aventura e eu prometo que tudo vai ser maravilhoso.

-Desculpe, mãe. É só que estou tão animada! - Eu disse, mordendo o lábio, tentando controlar a ansiedade.

Meu pai, que estava sentado do outro lado do corredor, olhou para nós com um sorriso divertido. Ele estava observando os meus avós que dormiam profundamente.

- Olhem só para eles! - Ele comentou, rindo. -Se houvesse um concurso de roncos, estou certo de que eles ganhariam em primeiro lugar! Olhem como eles se mexem, é como se estivessem em um sonho muito agitado!

Eu não pude evitar e comecei a rir também.

-Parece que eles estão lutando contra um gigante invisível! - Eu disse, tentando imitar os movimentos deles. O trem balançava suavemente, e a cena dos meus avós se contorcendo em seus bancos era hilária.

A viagem prosseguia, e eu olhava pela janela, absorvendo as vistas enquanto o trem cortava a paisagem. - Olha, mãe! Aquelas vacas! Elas estão tão perto! E aquelas árvores, parecem tão altas! Você acha que podemos parar e explorar um pouco?

-Infelizmente, não podemos. O trem tem seu próprio horário, mas podemos explorar muito quando chegarmos a Avonlea, - ela respondeu, acariciando meu cabelo.

-Estou tão ansiosa! E se eu não fizer amigos? E se eu for a única nova na cidade?- perguntei, a insegurança começando a surgir.

-Todos já foram novos em algum momento. Você vai ver, Avonlea é cheia de crianças. A primeira impressão pode ser assustadora, mas logo você vai fazer amigos - meu pai interveio, tentando me acalmar.

O trem continuou sua jornada, e eu me perdi em pensamentos sobre como seria a nova vida em Avonlea. A cada estação que passávamos, o mundo lá fora parecia mais bonito. Campos verdes, pequenas aldeias e casas de madeira passavam rapidamente pela janela.

Finalmente, o trem chegou à estação de Charlottetown. O cheiro do feno e o barulho dos cascos dos cavalos nos recebia ao desembarcarmos. A carroça estava à nossa espera, e eu senti um frio na barriga de excitação e nervosismo.

-Mãe, você acha que a viagem de carroça vai ser longa? - perguntei, subindo na carroça com a ajuda de meu pai. Meus avós já estavam acomodados.

-Não muito, querida. Apenas o tempo suficiente para você apreciar a paisagem e sonhar com as aventuras que estão por vir- ela respondeu, enquanto se acomodava ao meu lado.

Enquanto nos acomodávamos, não pude deixar de sentir um misto de expectativa e ansiedade. - E se ninguém me notar? E se eu só ficar sozinha na escola? E se... - minha voz foi diminuindo enquanto os pensamentos se acumulavam.

AMORES A PARTE Onde histórias criam vida. Descubra agora