Capítulo 5

27 12 5
                                    

KARA
-REINO DE KINGDOWN-

Ouvir sobre a rainha não era fácil. Kara não conseguia acreditar que sua mãe, a mulher que lhe contava histórias e a acalmava em dias de tempestade, tivesse coragem de cometer uma traição horrível contra seu pai e o reino.

Ela sempre pareceu amar a família. O prazer em ser mãe estava estampado em seu rosto. Por isso, o que mais assombrava a menina não era apenas a traição da rainha, mas a descoberta de que ela planejava fugir do reino, deixando Kara e seu irmão, Kaleb, para trás.

Desde que Alura morreu, Kara passou a odiar os dias de baile no reino. Ela fazia sua obrigação e interagia com as pessoas no castelo, mas sempre que podia, se escondia pelos cantos. A dor da perda era um peso que a acompanhava, tornando cada momento de alegria ao redor uma lembrança cruel da ausência de sua mãe.

Kara evitou ter uma conversa genuína com sua tia.

Lady Astra sempre foi uma presença reconfortante, mas desde a morte de Alura, tudo parecia diferente. A dor da perda deixara um vazio que nenhuma palavra poderia preencher. Em vez de buscar consolo na tia, Kara se afastava, como se a proximidade dela fosse um lembrete constante da ausência de sua mãe. Lady Astra tentava conversar, oferecer palavras de apoio, mas Kara respondia com sorrisos forçados e olhares vazios, como se estivesse presa em um mundo onde a dor e a confusão predominavam.

Nos dias de baile, o castelo ganhava vida com música e luz, mas, para Kara, era como se um manto de tristeza a envolvesse. Ela observava os outros dançarem, rindo e se divertindo, enquanto seu coração batia pesado no peito. Ao invés de se juntar à alegria, refugiava-se em um pequeno corredor escuro, onde as tapeçarias antigas contavam histórias de tempos passados. Ali, permitia-se sentir a dor, a raiva e a traição que a consumiam.

Kaleb ainda se divertia. Encontrava seus amigos e aprontava pelo castelo. Kara se sentia feliz por ele; era bom saber que o irmão ainda levava a vida com leveza.

— Ah, aí está você! — exclamou Astra, fazendo a princesa pular de medo.

— Oi, tia! — respondeu Kara, tentando disfarçar sua surpresa.

— Esperava que você se divertisse mais em um baile em homenagem a sua tia — disse Astra, com um tom debochado na voz.

Kara não respondeu, apenas seguiu calada, fitando a parede à sua frente.

— Olha, Kara, quanto mais tempo você levar para aceitar tudo isso, mais difícil vai ser. Então pare de ser uma menina mimada e aceite de uma vez por todas.

— Não é no mínimo estranho pra você? — Kara se virou para a tia, encarando-a com intensidade. — E o seu amor pela minha mãe? E o seu respeito por ela?

— Own, ela quer falar de respeito!? Então vamos falar, Kara! Sua mãe teve respeito ao trair seu pai, você e o reino? — A voz de Astra se elevou. — Não, ela não teve! Então cala essa boca e me aceite de uma vez por todas. E para finalizar, ainda bem que aquela traidora morreu, ela mereceu tudo que aconteceu com ela.

Kara pensou em revidar as palavras da tia. Queria brigar com ela, mas a única coisa que teve coragem de fazer foi correr. A princesa saiu em disparada pelo corredor, enquanto Astra ria alegremente atrás dela. É, pelo visto o amor e carinho que a tia tinha por ela duraram apenas enquanto a mãe estava viva.

Kara correu em direção ao jardim, onde estava completamente sozinha, e se permitiu chorar. Ela soluçava desesperadamente. Sentia tanta falta da mãe, mas ao mesmo tempo, faria de tudo para esquecer que ela existiu.

— Ei, tá tudo bem? — disse Lena cautelosamente, se aproximando da princesa.

— Desculpe, pensei que estivesse sozinha!

A união entre dois reinos(Karlena)Onde histórias criam vida. Descubra agora