Três

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I.

O calor da tarde acompanhava a estridulação dos grilos, intensificada pelo silêncio dentro da torre do Hokage. Um pássaro pousou no batente, agitou as penas e segundos depois levantou voou de novo. 

Dentro da sala, Hashirama deu um suspiro que parecia mais um gemido, difícil dizer se de tédio ou desespero. Tobirama estava há pelo menos dez minutos diante da janela com os braços cruzados, imóvel, franzindo o rosto em uma expressão que transparecia tudo, menos indiferença.

A conversa entre eles não havia sido tão boa até ali, eram acostumados a discutir por visões diferentes de como lidar com os assuntos da Folha, mas não conseguia compreender o que estava se passando na cabeça dele para criar uma situação em cima de algo tão pequeno. 

— Outra coisa — disse retomando o assunto, era bem melhor do que lidar com aquele silêncio abismal —, você acha que eu enviaria Izuna em uma missão que ele não fosse capaz de cumprir? Eu sei que ele é capaz de chegar a um acordo sem derramamento de sangue, com certeza sabe lidar com diplomacia. 

A veia saltou na testa de Tobirama, mas ele continuou imóvel, encarando o grande vazio existencial do cognitivo de Hashirama. 

— Você já viu alguém daquele clã resolver qualquer coisa na vida sem derramamento de sangue? — perguntou com um olhar de canto.

— Você está sendo injusto. Minhas ordens foram claras, ele só está indo para negociar reféns…

— Reféns do clã Uchiha — fez questão de lembrá-lo. — Não vai haver negociação nenhuma. Seja realista, anija, você enviou ele sozinho em uma missão que pode iniciar uma guerra, se não se portar direito.

— Justamente porque são pessoas do clã Uchiha! Eles que resolvam os problemas deles da melhor maneira possível, e a melhor maneira possível foi essa. Ou você preferia que Madara tivesse ido? Por que ele quis ir, antes de Izuna se oferecer...

Grande coisa. 

—Trocou o furacão pelo tufão.

Hashirama abriu a boca e se calou de novo. 

Izuna já havia saído em missões mil vezes mais problemáticas do que aquela e Tobirama nunca havia dado um pio, por que toda a problemática agora? 

Apoiou o queixo na mão, o olhar ficou mais suave e divertido, mesmo que não soubesse o que fazer. Tamborilava os dedos na madeira, pensando no que falar, desejando que pudesse existir um jutsu capaz de ler mentes. 

Iria lhe poupar muitos cabelos brancos. 

— Eu não posso tirar a autonomia deles como clã. Assim como nós temos autonomia em nossos assuntos internos, eles também. 

— Deveria pelo menos ter mandado outra pessoa junto.

Um ninja de elite do clã Uchiha sair para resolver um problema interno — do clã Uchiha — era tão problemático e absurdo assim?

— Como eu disse — ele reprimiu um riso de desespero —, são problemas internos do clã Uchiha. E… estamos falando de Izuna, ele é um shinobi de elite, sempre saiu em missões sozinho. Eu não entendo porque isso virou um problema tão grande pra você. 

Tobirama olhou para ele e começou a falar como se precisasse explicar aquilo a uma criança.

— Se ele fizer algo errado, a Folha vai ter que responder por isso, não o clã Uchiha, você não acha? 

Aquele você não acha? pareceu debochado de um jeito estranho e familiar, como se, na verdade, estivesse ouvindo outra pessoa. Tobirama não era uma pessoa sarcástica. Mas, Izuna, por outro lado…

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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If You Don't Want To Be Alone (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora