Capítulo 19

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*S/n On*

Enquanto saímos da casa, o Daryl ficou em silêncio, observando o local. Ele parecia entender que aquilo representava muito para mim, e sua presença me trazia uma calma inesperada.

— Você acha que ainda vale a pena revisitar o passado? — perguntei, baixando o tom de voz enquanto carregava a caixa de lembranças. — Quer dizer... o mundo mudou tanto, talvez nada disso faça sentido agora.

Daryl parou e olhou para mim, apertando levemente meu ombro.

— S/n, o passado pode ter mudado, mas quem você é não mudou. Se essas coisas significam algo pra você, então valem a pena, sim. Talvez mais do que antes.

Eu dei um meio sorriso, tentando absorver as palavras dele. No fundo, ele tinha razão. Guardei o retrato dos meus pais dentro da caixa e seguimos em direção à moto. Enquanto ele guardava as coisas no compartimento do carro, um som distante nos fez parar. Algo estava se aproximando, e não era nada bom.

— Rápido, Daryl — sussurrei, me preparando para o que viesse. Olhei para ele e ambos entendemos que precisávamos agir.

Nos escondemos atrás de uma cerca caída e aguardamos. Dois homens desconhecidos apareceram ao longe, vasculhando o quintal. Eles carregavam armas e pareciam determinados a encontrar algo. Daryl segurou meu braço, indicando para ficarmos quietos.

— Procure no andar de cima — um deles disse ao outro. — Temos que verificar tudo antes que anoiteça.

Assim que eles entraram na casa, Daryl me puxou pelo braço e começamos a nos afastar silenciosamente, caminhando na ponta dos pés pelo gramado. Quando estávamos quase fora de vista, uma voz chamou nossa atenção.

— Ei! Vocês aí! Parem onde estão!

Sem pensar duas vezes, corremos. Daryl estava à frente, e eu seguia com a caixa no peito, tentando não tropeçar. Os homens começaram a correr atrás de nós, e um tiro disparou. O som ecoou, e meu coração disparou junto.

Eu e Daryl nos separamos: eu fui com o carro e ele com a moto. Rapidamente, saímos dali, e tudo ao redor se tornou uma névoa de adrenalina e velocidade. Não sabia o que aqueles homens queriam, mas não estava disposta a descobrir.

Depois de um tempo, chegamos à nossa casa. Abriram o portão para nós, então rapidamente estacionei o carro, saindo do mesmo e indo ao encontro de Daryl, que logo me abraçou fortemente.

— O que será que eles queriam, Daryl? — perguntei, preocupada.

— S/n, tivemos muita sorte de sairmos de lá vivos e inteiros.

Logo vimos o pessoal vindo em nossa direção.

— Gente, o que houve? — perguntou Rick. — Vocês chegaram muito eufóricos!

— Uns caras estavam perseguindo a gente na antiga casa da S/n.

— Não fazíamos ideia de quem eram, e nem conseguimos perguntar. Estava difícil com um deles atirando... Nossa sorte é que ele não acertou em nós — falei, cruzando os braços à minha frente. Eu estava muito nervosa, e comecei a tremer um pouco. Acho que era o frio. Daryl percebeu e me envolveu em seus braços. — Obrigada — falei com a voz baixa.

— Mas, gente, que estranho... Eles estavam atrás de alguém ou de alguma coisa? — falou Michonne, com Judith ao seu lado.

— Acho que devemos aumentar a segurança — Rick falou, preocupado.

— Gente, obrigado pela preocupação, mas acho que vamos para casa agora. Estamos cansados — falou Daryl, indo pegar as coisas. Logo eu o ajudei.

— Tchau, gente — falei, acenando para todos. — Obrigada, Daryl.

— Não precisa agradecer, princesa. Vamos — ele me abraçou de leve, e eu tremia como uma vara verde. — S/n, você está tremendo. Está se sentindo bem?

— Acho que deve ser só o frio — respondi. Estava muito frio; já deveria ser umas 20:00 horas da noite. — Só preciso tomar um banho e me cobrir.

— Acho que consigo resolver o frio — ele olhou para mim com um sorriso malicioso, o que me fez rir.

— Idiota! — baguncei o cabelo dele. — Você só toma banho se for comigo, nunca vi...

— Claro, tenho que apreciar uma obra de arte como você! Como diz Van Gogh, "não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar." S/n, você é minha estrela, que nunca vai parar de brilhar.

Meu coração disparou como se fosse sair pela minha boca. Senti meu estômago com borboletas. Ele realmente citou uma frase de Van Gogh, meu artista favorito... Como ele sabia?

— Como você sabia que eu amava Van Gogh?

— Não gostou?

— Eu amei... assim como amo você.

Logo, ele me beijou com todo o carinho. Segurei sua nuca, aproximando-o mais de mim, enquanto ele segurava minha cintura e meus cabelos, fazendo-me arrepiar da cabeça aos pés.

Continua...

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