Capítulo IV

146 26 8
                                    

Taehyung despertou com um sobressalto; seus olhos se abriram num só impulso, e a sensação de estranhamento dominou seus sentidos. Onde estava? Com certeza, aquele lugar não era a casa dos Park. Foram necessários alguns segundos para que as lembranças surgissem e a clareza retornasse: ele estava em um aposento infinitamente mais refinado que seu antigo quarto. Era seu novo lar agora. Tapeçarias elegantes adornavam as paredes, e pesadas cortinas bloqueavam a luz do sol. O ambiente tinha um requinte que fazia Taehyung acreditar ser o aposento do senhor da casa — seu marido.

A ideia de estar casado ainda causava uma estranha pressão em seu peito. Como poderia sua vida ter mudado de forma tão abrupta? Antes, vivia rodeado de meios-irmãos cruéis, uma madrasta fria e um pai distante. Taehyung conhecia bem a dor da solidão. Agora, encontrava-se em um casarão cheio de estranhos, pessoas que mal conhecia, mas com quem teria que conviver. E havia o fato mais inquietante de todos: dividiria sua vida e seu leito com o general Jeon.

Um pensamento repentino o fez virar o rosto rapidamente para o lado vazio da cama. "Será que meu marido dormiu aqui, e eu não percebi por causa do cansaço?" Mas ao ver o travesseiro e as cobertas intocadas, Taehyung sentiu-se aliviado. Ao que tudo indicava, passara a noite sozinho.

Com hesitação, afastou as cobertas e sentou-se na beira da cama. O ar do quarto era gélido, refletindo o silêncio que o cercava. Quando seus pés tocaram o chão de pedra, o frio mordeu sua pele, e ele quase recuou. Apressou-se até o tapete ao lado da janela, buscando um pouco de proteção contra o ambiente inóspito. Embora fosse verão, no reino de Suhwa, até os dias mais ensolarados eram frios, assim como os corações que habitavam aquele lugar.

Ao abrir as cortinas e destrancar a janela, uma brisa morna acariciou seu rosto. O sol brilhava, e, apesar do frio do quarto, lá fora o calor era tangível. Do alto, Taehyung podia ver o jardim da mansão, onde os servos já trabalhavam. O dia avançava, mas ele permanecia parado, preso a pensamentos melancólicos. A tranquilidade da manhã escondia, na verdade, um turbilhão de emoções em seu coração.

"Hora de me vestir", pensou ele. Olhou ao redor e encontrou o dilema de sempre: o guarda-roupa continha apenas algumas peças desgastadas que herdara de Jimin e as novas vestimentas que recebera do general, ainda guardadas na pequena bagagem que trouxera. O hanbok azul estava amassado e sujo, já que não tivera tempo de lavá-lo. "Vou usar o hanbok cinza", decidiu ele, resignado.

No entanto, ao procurar sua bagagem, uma sensação desconfortável o dominou. O baú com suas poucas posses estava desaparecido. "Onde estaria?" O pequeno baú continha mais do que apenas roupas; guardava suas memórias, os poucos objetos que o ligavam à vida anterior. A inquietação logo se transformou em ansiedade. "Como poderia se apresentar ao general sem suas roupas?" A busca desesperada o fazia sentir-se perdido e desorientado naquele novo ambiente.

Foi nesse momento que uma batida firme à porta quebrou o silêncio, interrompendo seus pensamentos. O som ecoou pelo quarto vazio, fazendo seu coração disparar. Quem poderia ser? A expectativa e o medo se misturaram em seu peito, e, num impulso, Taehyung correu de volta para a cama. Em um movimento rápido, puxou as cobertas até o pescoço, como se aquele gesto simples pudesse protegê-lo do mundo exterior, das perguntas que ainda pairavam sem respostas e das incertezas que o esperavam do outro lado da porta.

— Entre — disse Taehyung, com a voz trêmula. Agora, só lhe restava esperar.

A porta rangeu suavemente ao se abrir, revelando o rosto radiante de Hoseok. Ele espiou para dentro do quarto, e seus olhos brilharam ao ver que Taehyung já estava acordado.

— Já acordou, Taehyung? — exclamou Hoseok com seu sorriso característico, cruzando a soleira com uma bandeja de chá fumegante em uma das mãos e um pacote cuidadosamente embrulhado na outra. Dirigiu-se até a cama, onde Taehyung se ajeitava sobre o colchão.

Meu Doce GeneralOnde histórias criam vida. Descubra agora