Quando o táxi parou em frente à Seoul National University, meu coração deu um salto. A imensidão dos prédios e o movimento constante de estudantes passando apressados pelas entradas principais me atingiram como uma onda. Era aqui que tudo recomeçava.
— Obrigada — agradeci ao motorista, pagando a corrida e pegando minhas malas do porta-malas. Ele me lançou um último sorriso antes de partir, enquanto eu ficava parada, absorvendo o ambiente à minha volta.
Puxei minhas malas e caminhei em direção ao prédio principal. A SNU parecia ainda maior do que eu lembrava das fotos, cada detalhe parecia gritar oportunidades e desafios. Minha mente estava cheia de expectativas e ansiedade. Três anos no Brasil e agora estava de volta à minha terra natal, mas com a mesma sensação de estar em um lugar completamente novo.
Dentro do prédio, fui em direção ao balcão de informações. Uma recepcionista simpática, de porte baixo e sorridente, me recebeu.
— Olá, como posso ajudar? — perguntou gentilmente, enquanto olhava para minha mala.
— Sou Park Jisoo, nova aluna — expliquei, sentindo uma ponta de nervosismo.
Ela rapidamente verificou algo no sistema, depois pegou um papel e começou a anotar.
— Ah, claro, Srta. Park. Aqui estão seus horários, o número da sua sala e o seu dormitório — ela me entregou as folhas com um sorriso, e meus olhos correram pelas informações.
— Dormitório? É individual? — perguntei, tentando me preparar para qualquer surpresa.
Ela balançou a cabeça, com um sorriso levemente travesso.
— Não, todos os quartos são compartilhados. O menor é para duas pessoas, o maior para cinco.
Engoli seco. Não estava preparada para isso. Dividir o quarto com alguém já era um desafio por si só, mas cinco pessoas?
— Ok, obrigada... — murmurei, pegando as chaves e me preparando mentalmente para o próximo desafio.
Subi até o quarto andar, seguindo as placas até encontrar o número 415, meu novo lar. Respirei fundo antes de bater na porta. Havia barulho lá dentro, e quando ninguém atendeu, bati de novo, dessa vez com mais força.
De repente, a porta se abriu com um tranco, revelando uma garota com a cabeça levemente para fora, visivelmente contrariada.
— Quem é você? — Ela perguntou, sem esconder o desagrado na voz.
— Sou a nova moradora desse dormitório — respondi, empurrando a porta levemente, entrando no quarto.
Mas então eu vi algo que me fez congelar. Deitado na cama, apenas de cueca, estava Moonbin. Meu coração parou. O destino realmente parecia estar contra mim. O garoto que eu mais queria evitar estava ali, no meu dormitório, sem nenhuma intenção de sair.
— Moonbin? — perguntei, incrédula, meus olhos se arregalando enquanto ele se vestia calmamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Ele se virou, e por um momento, pareceu surpreso, mas logo sua expressão se transformou em algo mais familiar — aquela típica arrogância que sempre me irritou.
— Jisoo? — Ele disse, seus olhos fixos nos meus, com um sorriso de canto que eu reconhecia muito bem. O destino, definitivamente, estava se divertindo às minhas custas.
Moonbin terminou de vestir sua calça e se virou em minha direção, me encarando com aquele olhar intenso que sempre o acompanhava. Não pude evitar comparar o garoto na minha frente com o menino que conheci anos atrás. Ele havia mudado, mas ao mesmo tempo, continuava igual.
Seu cabelo escuro caía sobre os olhos grandes, que eram quase idênticos aos do pai. O nariz imponente e a boca fina também remetiam àquela familiaridade desconcertante. Lembro-me de meus tios comentando sobre os piercings que ele colocara, e, ao vê-los agora, percebi que aquilo realmente o tornava diferente de antes. Mas o que mais me impressionava era o quanto ele havia se tornado a cópia fiel de Jeon Jungkook.
Meu coração batia acelerado enquanto eu o observava. Ele, por sua vez, parecia ciente de cada pequeno detalhe da minha reação, o que apenas o fazia sorrir de canto. Aquela atitude irritante e autoconfiante de sempre.
Enquanto eu tentava processar tudo, a garota que estava com ele saiu do banheiro, agora vestida com um vestido simples que havia encontrado pelo quarto. Ela não parecia se importar com a tensão no ar. Aproximou-se de Moonbin e lhe deu um selinho despreocupado antes de sair pela porta, sem sequer me lançar um segundo olhar.
Eu fiquei ali, paralisada, ainda tentando entender o que exatamente tinha acabado de acontecer.
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A filha de Park Jimin
FanfictionPark Jisoo volta a Coreia, do seu intercâmbio para o Brasil e se vê perdida em seus pensamentos e sentimentos novos que vão surgindo.