Direitos Iguais

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— Meu Deus, filha. Você está parecendo uma brasileira mesmo. — Comentou minha mãe, com aquele olhar avaliador de mãe que só ela sabe dar.

— É... Mais ou menos. — Respondi, tentando disfarçar o nervosismo com um sorriso.

— E os namoradinhos, querida? — A famosa pergunta de tias. Sophie a lançou sem piedade, e meu pai quase se engasgou com o próprio ar, começando a tossir. Olhei de canto para Moonbin, que pigarreava desconfortável ao meu lado.

— Tive alguns, uns quatro talvez. — Puxei na memória, meio despreocupada, mas vi os olhos de Sophie se arregalarem.

— Meu Deus, essa é pegadora, hein? Puxou o espírito do pai. — Ela riu, tentando aliviar a situação, mas meu pai me encarava, visivelmente incomodado.

— Qual é, 아빠? Não me olhe assim. Eu já tenho 19 anos. Na sua idade, você fazia coisas bem piores. — Joguei a provocação com um sorriso de canto, e minha mãe bateu de leve nas costas dele, o repreendendo enquanto ele assumia um semblante convencido.

— Tem razão, eu era pior mesmo. — Admitiu, soltando um suspiro, mas logo emendou, hesitante: — Mas você já... Já...? — Não terminou a frase, claramente sem jeito.

— Claro que não, olha a cara de inocente dela. — Moonbin zombou de mim novamente, e por mais que ele tentasse me irritar, havia algo nele que me atraía de um jeito inexplicável. O que eu estava pensando?

— Já tive, pai. — Declarei, virando a cabeça com um sorriso de provocação para Moonbin, que apenas fingiu desinteresse.

— Young, nossa filha já não é mais uma criança. — Meu pai choramingou, abraçando minha mãe de lado, como se procurasse consolo.

— Jimin, dá pra parar com esse drama todo? Quando foi que você ficou tão mole? — Jungkook perguntou, rindo, mas meu pai o encarou com olhos faiscantes.

— Perdi alguma coisa? — Perguntei, confusa com a tensão que crescia entre meu pai e Jungkook, que pareciam prestes a explodir.

Seokjin se aproximou, colocando as mãos em meus ombros e alisando meu cabelo, como sempre fazia quando queria me acalmar.

— Ah, bebê... Isso é desde que você e Moonbin nasceram. Jungkook sempre provocou o Jimin, dizendo que vocês dois iam acabar namorando no futuro, e seu pai nunca conseguiu lidar com a ideia. — Explicou, enquanto sorria de leve.

— Isso nunca vai acontecer. — Eu e Moonbin dissemos em uníssono, nos encarando com uma expressão de mútua aversão, mas o constrangimento entre nós era evidente.

A sala inteira nos olhava, e desviamos os olhos rapidamente, tentando esconder o embaraço.

[...]

Mais tarde, no dormitório, a tensão entre nós só aumentava.

— Se vamos dividir este lugar, Jeon, precisamos estabelecer algumas regras. — Cruzei os braços, o encarando com seriedade.

Moonbin levantou uma sobrancelha, claramente achando graça da minha tentativa de impor autoridade.

— Regras? Tipo o quê? Estudar até tarde ou garantir que todas as suas tarefas estejam em dia? — Zombou, com aquele sorriso insolente que sempre me irritava.

— Tipo não trazer suas garotas de novo. Não quero acordar no meio da noite ouvindo gemidos. — Retruquei, relembrando da manhã constrangedora.

Ele parou por um segundo, claramente revivendo a mesma memória, antes de dar de ombros com desdém.

— Isso não vai rolar. É o meu momento de relaxar, e você não vai tirar isso de mim. — Disse com aquela sua voz irritante, mas com o sorriso cafajeste que fazia meu coração vacilar.

— Tudo bem, então. Se não quer seguir as regras, vamos fazer assim: tudo o que você fizer, eu farei também. Direitos iguais, Jeon. — Sorri maliciosa, me aproximando dele, vendo sua expressão mudar. Ele claramente não esperava isso de mim.

— Já se olhou no espelho? Você vai é espantar as pessoas com esse seu cabelo de espantalho. — Disse com aquele tom esnobe, cruzando os braços enquanto diminuía ainda mais a distância entre nós.

— Paga pra ver, narigudo. — Apertei o nariz dele, mantendo o sorriso provocante no rosto.

A tensão era palpável. Se alguém entrasse no quarto naquele momento, juraria que estávamos prestes a nos beijar. A proximidade era sufocante, e tive que me afastar antes que a situação fugisse do controle.

Saí do quarto atordoada, o coração batendo mais forte do que o normal. Esse negócio de tensão mexe com a gente de um jeito estranho. Só Moonbin tinha esse poder sobre mim.

Perdida em pensamentos, acabei esbarrando em alguém no corredor. Estava pronta para pedir desculpas, mas ao levantar os olhos, meu coração disparou.

Era ele.

— Jisoo? — Ele perguntou, tentando conter o sorriso.

— Dawn?! — Senti meu coração parar por um segundo ao vê-lo sorrir para mim. O dono de todos os meus antigos sonhos estava ali, bem na minha frente.

E, de repente, o passado voltou para me assombrar.

¹ Pai?

A filha de Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora