Droga de Colega

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Flashback on

— Parabéns, Moonbin e Jisoo! — Nossa família batia palmas, comemorando o nosso aniversário de cinco anos.

A felicidade tomou conta de mim assim que cortei o bolo e finalmente pude abrir meu presente. Pulei de alegria ao ver uma Barbie dentro da caixa. Ela era tão linda e perfeita, exatamente o que eu queria.

Enquanto eu admirava minha boneca, Moonbin, aquele pirralho irritante, se aproximou. Fiquei confusa quando ele pegou minha Barbie sem pedir, e antes que eu pudesse reagir, ele arrancou a cabeça dela. Comecei a chorar imediatamente, chamando por minha mãe desesperadamente.

Flashback off

Essa era a primeira lembrança que eu tinha de Moonbin, e as seguintes não eram muito diferentes. Desde pequenos, nossas interações sempre foram marcadas por algum tipo de provocação.

Moonbin sempre foi notado por sua beleza. Enquanto ele chamava a atenção por onde passava, eu me destacava pelos meus resultados acadêmicos. Ele nunca fez questão de interagir comigo fora de nossas casas, então, para os outros, éramos completos estranhos. Mas para nossas famílias, éramos melhores amigos — um conceito que, na prática, nunca existiu.

— Jisoo? Quanto tempo, monstrinha. — Ele sorriu, cruzando os braços, claramente tentando parecer confiante e inabalável.

— Não enche, Jeon. — Revirei os olhos, descontente com o apelido que ele sempre usava para me irritar.

Comecei a analisar o quarto que agora teríamos que dividir. Era simples, com uma cama de cada lado e um armário modesto. Havia uma pequena cozinha ao lado, com um frigobar encostado na parede.

Enquanto desfazia minha mala, colocando minhas roupas no armário, percebi que Moonbin me observava atentamente.

— Não imaginava que sonsas também poderiam mudar. — Ele disse, com um tom provocativo.

Fingi não me importar, mas por dentro, eu estremeci. A sensação de ser analisada por ele era desconfortável.

— Não imaginava que um otário continuaria sendo um otário. — Sorri com falsa inocência enquanto continuava a dobrar minhas roupas. Olhei de soslaio para ver sua reação, e ele apenas assentiu sarcasticamente.

Touché! — Ele respondeu, caindo de costas na cama. — Pensei que nunca mais veria sua cara espinhenta.

— Também não esperava ver esse seu nariz gigante outra vez. — Respondi, mantendo o mesmo tom de implicância, ouvindo sua risada anasalada em resposta.

Nosso relacionamento sempre foi assim. Desde pequenos, essa troca de provocações era o que nos mantinha conectados de alguma forma. Uma rixa que parecia interminável.

Terminei de arrumar as roupas e fui até o banheiro, precisando de um momento para me recompor. Me olhei no espelho, tentando entender como Moonbin, o garoto que eu sempre evitei, agora estava no mesmo quarto que eu. A sensação de que o destino estava brincando comigo era avassaladora.

Tomei uma ducha rápida e vesti uma blusa preta e um short jeans curto. Quando saí do banheiro, para meu alívio, Moonbin não estava mais no quarto. Aproveitei a calma e peguei meu celular, saindo em direção à parte externa da universidade.

—  엄마? — Liguei para minha mãe, pensando em fazer uma surpresa.

— Jisoo? Finalmente apareceu, filha. Faz um mês que você não me dá notícias. — Sua voz veio com um leve tom de repreensão.

— Desculpa, 엄마. O que está fazendo agora? — Perguntei casualmente, mas percebi que ela estranhou.

— Filha, hoje é o dia de folga dos meninos. Estamos todos aqui, menos Moonbin. Desde que ele foi para a universidade, não tenho notícias dele, só de sua mãe, Hyejin. — Ela suspirou, cansada.

— Entendi. Bem, terei que desligar agora. Amanhã tenho que acordar cedo. — Fingi um bocejo para não prolongar a conversa.

Desliguei o telefone e saí da universidade, pegando um táxi em direção à mansão da família. Ao chegar, pedi ao porteiro para não avisar ninguém sobre minha chegada, mas ele parecia não acreditar que eu era quem dizia ser.

— Senhor, eu mudei... — Tentei explicar, enquanto ele ameaçava tocar o interfone para confirmar com alguém de dentro.

— Pode liberar a entrada dela, ela está comigo. — Uma voz grave e familiar soou ao meu lado.

— Meu Deus, eu não consigo me livrar de você nem em Seul, idiota. — Fingi irritação, mas, por dentro, estava aliviada por ele ter chegado a tempo.

— Você deveria me agradecer, não me xingar. — Ele esbravejou, mas eu apenas mostrei o dedo do meio, mantendo o tom de provocação.

— Acho que você está muito atrevida pro meu gosto, monstrinha. — Ele se aproximou perigosamente, e senti minha respiração vacilar. Desviei o olhar, desconfortável com a proximidade.

Entramos no jardim, e eu caminhei em direção à porta, com Moonbin logo atrás de mim. Ninguém nos notou, já que estavam todos concentrados assistindo a um filme de terror no escuro.

— Olá, pessoal! — Disse, acendendo o interruptor, e logo todos os olhares se voltaram para mim. Alguns curiosos, outros irritados por eu ter interrompido o momento.

Minha mãe foi a primeira a se levantar e correr em minha direção, lágrimas já escorrendo pelo rosto.

— FILHA! — Ela gritou, me abraçando com força, e meu pai se juntou logo depois, criando um abraço coletivo que, para ser sincera, estava um pouco apertado demais.

— Calma, mãe e pai, vocês estão me sufocando. — Supliquei, rindo, e eles finalmente se afastaram.

Tia Hyejin veio logo em seguida, me abraçando também e sorrindo ao tocar meu cabelo.

— Você está tão linda, meu amor. — Ela me elogiou, seu sorriso cheio de orgulho.

— Linda? Não sei da onde... — Moonbin murmurou baixinho, só para que eu ouvisse. Seu pai, no entanto, escutou e lhe deu uma cotovelada nas costelas, disfarçadamente.

¹Touché é muito usado como uma expressão significando uma vitória em uma discussão ou um xeque-mate, por exemplo.
²Mãe?


A filha de Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora