Between conflicts & secrets ( Agatha & Rio )

Saturday night.

POV AGATHA

Agatha ajustou a jaqueta brilhante e fez um último toque no cabelo, deixando-o cair solto sobre os ombros, completamente desajeitado. Natasha e Maria, sua esposa, já estavam à frente, e ela as acompanhava com passos firmes até a entrada do bar. O lugar estava cheio, com um ambiente descontraído e quase íntimo. As luzes coloridas e o som do karaokê ao fundo criavam uma atmosfera de liberdade, onde os clientes podiam se soltar e esquecer dos problemas do dia a dia.

Assim que entrou, sentiu a energia vibrante do local — risadas ecoavam de diferentes mesas, um grupo tentava cantar desajeitadamente uma balada dos anos 80 no palco, e casais trocavam olhares cúmplices nos cantos mais escuros. Agatha respirou fundo, absorvendo o clima. Estava animada para uma noite de diversão com suas amigas. Estava preparada para uma noite sem preocupações, uma em que poderia rir e se divertir sem deixar que os incômodos do dia a a dia a afetassem, deixando trabalho, filhos e obrigações de lado. Mas esse plano durou apenas alguns minutos. Seu olhar, enquanto passeava despreocupado pelo local, pousou repentinamente em uma figura familiar, e tudo ao seu redor pareceu desacelerar.

A princípio,sentiu um frio na espinha. Seus olhos arregalaram-se levemente enquanto ela absorvia a imagem de Rio entrando no bar. A surpresa a pegou tão desprevenida que ela paralisou por um segundo, havia pedido anteriormente uma taça de vinho, no qual a garrafa dividiria com Natasha, duas amantes do adocicado e amargor que a bebida proporcionava, diferente de Hill, que, preferia o clássico chopp. Congelada no meio do caminho entre a mesa e seus lábios. O sangue começou a pulsar mais rápido, um turbilhão de sentimentos conflitantes inundando-a enquanto ela processava a visão inesperada.

Ela tentou recuperar o controle, tomando um gole grande do líquido bordô na tentativa de abafar a onda de emoções que surgira. Mas, contra a sua vontade, seu olhar permaneceu fixo na morena, agora analisando-a com uma atenção quase desconcertante. Harkness não conseguia desviar os olhos, e uma parte dela estava furiosa consigo mesma por isso. Mas outra parte, uma parte que ela nem queria admitir, estava cativada.

Rio estava com uma camisa branca impecável, ligeiramente desabotoada, que destacava o tom de sua pele e a elegância casual que sempre carregava. As calças cinzas de alfaiataria realçavam o corte alongado de suas pernas, dando-lhe uma postura segura e natural. Os cabelos castanhos estavam soltos, caindo despretensiosamente sobre os ombros de maneira que parecia casual, mas ao mesmo tempo calculadamente atraente. Agatha sentiu uma leve pontada de irritação — como Rio conseguia exalar tanta confiança e, ao mesmo tempo, parecer tão desinteressada? Era uma combinação exasperante.

Suspirou, tentando manter a compostura, mas sua expressão transparecia uma mistura de incredulidade e frustração. O que ela estava fazendo ali? Não era possível que as duas tiveram a ideia de visitar o mesmo lugar, era como se o universo tivesse pregado essa peça nela. E, para piorar, Rio não estava sozinha; estava acompanhada por duas mulheres que Agatha reconheceu: Yelena, uma das amigas de longa data de Rio, e Carol, cuja apenas conhecia de vista, nunca sequer trocou uma palavra, mas era conhecida pelo seu trabalho implacável no ramo do direito criminal.

" Como eu sou azarada...", murmurou Agatha para si. Ela levou a taça de volta aos lábios, mas seus olhos nunca deixaram a estatura de Rio que se acomodou em uma mesa de canto distante com suas amigas. Observava cada detalhe, como se tentasse decifrar o que a mulher estava pensando naquele exato momento. Sabia que era um erro se permitir olhar tanto, mas não conseguia evitar. Ela tinha esse efeito — um efeito que ela sempre se recusava a admitir.

Sentiu um calor subir pelo corpo, e não tinha certeza se era causado pelo vinho ou pela presença de Vidal. Havia algo entre elas que jamais fora explorado e sentido, algo que ainda latejava como uma ferida aberta. Agatha apertou os lábios, forçando-se a manter a postura, mas a verdade era que estava perturbada, e odiava admitir o quanto aquela mulher conseguia mexer com ela, mesmo sem se esforçar.