Capítulo 4

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Fadel seguiu Bison para os fundos da lanchonete. Seu irmão mais novo estava ocupado organizando itens nas prateleiras. Talvez Bison também tenha ouvido o som das suas passadas porque ele olhou por cima da caixa que ele estava desempacotando.

"Você 'já tá aqui? Quem 'tá vigiando o restaurante?"

"Ninguém."

"O que há de errado com você? Voltou todo carrancudo. Engoliu algum ninho de vespas ou coisa assim?"

"Não, eu só vi alguém irritante."

"Quem? Que idiota tem os culhões de aborrecer alguém como você?"

"Você não precisa saber. A propósito, tem certeza que aquele lá com cara de bebê é só um cliente que você acabou de conhecer?"

Bison se ajoelhou no chão, coçando seu ouvido com seu dedo mindinho porque estava pinicando. Não tinha sentido mentir para Fadel, pois parecia que eles tinham passado muito tempo juntos, próximos o suficiente para apenas um olhar revelar o que o outro estava pensando.

"Eu o conheci na noite passada."

"Foi por isso que você voltou?"

"Aham."

"Por que você chamou ele 'pra lanchonete? Você gosta dele? Normalmente eu não te vejo ficar sério assim com alguém."

"Não, e não convidei e nem gosto dele, mas parece que ele vive por aqui. Eu 'tava cuidando do restaurante 'pra você quando Kant só entrou."

"Há realmente uma coincidência assim?"

"Pare de ser tão paranoico. Ele é só um tatuador, só um cara normal. Tem coincidências em todo canto, irmão. Quem sabe? Talvez ele e eu sejamos almas gêmeas."

"Você é delulu. Mesmo que vocês fossem almas gêmeas, e daí? Ele não se apaixonaria por alguém como você. Quando ele descobrisse o que faz 'pra viver, ele iria fugir, com certeza."

"Você diz isso porque não conhece o amor verdadeiro, Fadel. Um amor que possa passar por tudo juntos."

"Organize as coisas", Fadel cruzou os braços e depois colocou as mãos nos quadris, dando a ordem. No entanto, Bison não seguiu o comando. Ele continuou a olhar para seu irmão, o comportamento brincalhão se foi completamente.

"Eu quero sair."

"Sair?"

"Deixar de ser um assassino. Você me conhece bem, Fadel. Eu não sou alguém sem sentimentos, ao ponto de matar e não sentir nada. Eu posso largar? Só quero viver como uma pessoa normal, ter um amor, uma família, ter alguém que eu possa cuidar e ser cuidado até o último dia das nossas vidas."

"Bison..."

"Não aja como se você não tivesse sentimento algum."

Fadel perdeu suas palavras. Ele lambeu os lábios e respirou profundamente.

"Por que você não fala com a mãe sobre querer deixar o trabalho? Eu posso lidar com o restaurante sozinho. Não 'tô esgotado como você."

"Você 'tá mentindo."

"Não finja que me conhece. Só arrume as coisas."

"E 'pra onde você vai agora? Você vai e vem, fica com raiva e de mau humor. Quem conseguiria acompanhar esses seus moods?"

"Eu vou só cuidar da frente."

"Vamos lá, eu já te ajudei tanto hoje. Vou sair às compras à noite, então você vai ficar a cargo de limpar a lanchonete sozinho."

The Heart Killers (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora