Capítulo 4

189 54 4
                                    

Capítulo 4


Boa Leitura.

Ari Castillo

  Matteo sai do quarto de hospital fechando a porta com força atrás. Meu coração se aperta inesperadamente e um soluço estrangulado escapa da minha garganta. Sinto meu rosto ficar cada vez mais quente com a força que eu faço inconscientemente para não chorar. Eu olho para minha perna imobilizada e para a minha camisola de hospital e então perco a batalha de engolir o choro. Gotas grossas de lágrimas se formam nos meus olhos e, assim que pisco, elas rolam para baixo, acompanhadas de mais lágrimas que se seguem. Quando me dou conta, estou chorando alto, sem qualquer controle sobre meu comportamento. Eu me encolho e seguro a perna saudável contra meu peito, escondendo o rosto no joelho para abafar os sons indesejados por medo de atrair as enfermeiras do turno.

  Eu passo cerca de meia hora assim, sem me mover. Quando finalmente os soluços se estabilizam, eu pego meu celular para ligar para Camila. Por azar, o primeiro contato que aparece é o de Matteo com o emoji de coração. Um novo maldito soluço sai de mim, e eu decido tirar o maldito coração vermelho do nome dele. Com as mãos tremendo, eu finalmente consigo ligar para Camila. Felizmente ela atende rápido. A voz dela me traz um pequeno alívio instantâneo.

— Ari, finalmente você me ligou! Sempre sou eu que ligo para você!

  Eu penso um pouco sobre o que falar, mas acabo ficando em silêncio por muito tempo. Camila, pergunta, desconfiada:

— Ari, você está bem?

— E-estou... Na verdade, não estou... — eu respondo, minha voz saindo mais embargada do que eu gostaria.

— Ari! O que aconteceu?! Você está machucada?

— N-não... — Eu respondo rapidamente. Mas então me lembro que estou num hospital e corrijo: — Bom, na verdade, sim. Mas não é isso q-que importa no momento.

— Como não é isso que importa?! Você está doida, Ari?! Você está machucada! Meu Deus, Ari, me diga onde você está, agora!

— Estou no Hospital Ruber Internacional. Mas já estou bem, não foi nada. Eu só caí e...

— Não quero saber! Não fale mais nada, Ari! Já estou pegando meu carro. Chego aí dentro de uma hora. Só me espere.

  Eu olho para o meu celular incrédula em como Camila foi rápida em desligar sem que eu pudesse falar alguma coisa.



***

  De pernas cruzadas e com os dois braços largados na poltrona, Camila explode:

— Eu sabia que esse seu padrinho não valia nada! Que cara horrível! Parece que se sente no direito de te humilhar só porque aceitou a sua guarda. É como se ele tivesse feito uma caridade!

  Apesar de estar muito mal depois da briga que tive com Matteo, as palavras espinhosas de Camila me incomodam.

— Camila, ele é meu padrinho. Tente não ofendê-lo tanto.

— Padrinho, padrinho. Tudo seu é padrinho! Parece que você só enxerga esse homem neste mundo, Ari! Se ele não tivesse te visto crescer, eu até poderia jurar que você sente algo a mais por ele.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Apenas AfilhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora