CAPÍTULO 1 - Tem uma selvagem no meu apartamento!

270 26 142
                                    

Eu sou Samuel, tenho 15 anos e sou um adolescente levemente problemático, claro, eu fui expulso de algumas escolas, talvez muitas, mas isso não quer dizer muita coisa.

Eu moro no Paraná com minha mãe, Sarah, em um minúsculo apartamento, que conta com uma pequena sala que eu faço de quarto, o quarto da minha mãe, uma cozinha minúscula e um banheiro.

Minha mãe tem sérios problemas psicológicos, então não pode trabalhar, o governo lhe dá uma pequena quantia, mas vai toda para seus remédios e alimentação, então nosso aluguel e contas eu tenho que resolver, por isso trabalho meio período no mercado do senhor Jorge, que vive pedindo uma chance com minha mãe.

Não conheço meu pai, nem sequer sei muito sobre ele, quando pergunto a minha mãe ela apenas diz que ele foi algo rápido e passageiro, que era um homem ocupado e perigoso, para que eu parasse de falar sobre ele.

Sinceramente eu e minha mãe nos saímos muito bem sozinhos, não precisamos do meu pai, seja lá quem ele for.

Eu estava desenhando no meu caderno, enquanto o professor de matemática, que me odeia mais que tudo, explicava a matéria, nunca entendi por que ele me odeia, quem mandou ele escolher uma matéria chata dessas? Como ele espera que eu preste atenção?

- Samuel, guarde esse caderno - Ele se volta para mim não desviando o olhar nem por um minuto, então me vejo obrigado a obedecer, pego minha mochila e guardo o caderno.

- Satisfeito? - Ele se vira novamente para o quadro.

Já que tive que guardar meu caderno me vi obrigado a começar a desenhar na minha mão, quando finalmente sair dessa prisão de escola, vou fazer uma tatuagem foda na minha mão.

- Samuel, é muito difícil para você parar de vandalizar e prestar atenção na aula - Quando eu ia o responder fui interrompido - Quer saber, vá mostrar sua obra de arte para o diretor - Ele abre a porta.

- Mas eu só estava.

- Sem "mas", ande logo, saia da minha sala - Eu jogo o resto do meu material na mochila e saio irritado da sala.

Aquele velho careca moribundo, ele não tem alegria nenhuma na vida e quer estragar a minha, por isso a mulher largou ele.

Vou andando pelo corredor até ouvir um som vindo do bebedouro escuro, eu tomo um susto e caio para trás, quando um fleche de luz e uma criatura parecida com uma mulher com postura de macaco aparece.

- Samuel, está tudo bem? - O diretor sai de sua sala.

- Está sim - Me levanto do chão - Eu só... Vi um vulto... - Olho novamente para o bebedouro e não vejo nada.

- Certo, entre - Ele adentra novamente na sala e eu o sigo - Já é a segunda vez na semana que te vejo aqui, e ainda estamos na terça - Ele senta na cadeira e me indica para sentar na sua frente.

- Eu não tenho culpa se o professor implica com tudo que eu faço - Me sento.

- Você também não é muito fácil de se lidar, mas o Juliano é realmente um peça rara - Ele bebê um cole de seu café - Então o que foi dessa vez?

- Eu estava desenhando.

- Ah, você já foi melhor que isso, tá começando a perder a criatividade?

- Se eu for expulso mais uma vez vou pro reformatório - Não posso deixar minha mãe sozinha.

- Entendo, vou deixar essa passar, mas tem que parar de irritar os professores, semana passada a senhorita Clara disse que você deu um grito e assustou a sala toda - Quando eu faço uma pergunta eu tenho que repetir cinco vezes para essa mulher entender, mas isso ela ouve de primeira e faz um escarcéu.

ACAMPAMENTO GUARANI - O RASTRO DE SANGUEOnde histórias criam vida. Descubra agora