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Existem poucas coisas que irritam mais jovens adultos do que despertadores e sono interrompido. E embora fosse domingo, Satoru já tinha ido dormir bem tarde e agora algo pior que um despertador estava lhe estressando.

Toque de telefone.

— Satoru Gojo, por que diabos você não está aqui? Temos que sair em duas horas para ir para a Europa, acha que só porque temos um jatinho particular vamos te esperar para sempre? A semana de moda de Paris só é uma vez por ano e eu não vou perder meu convite exclusivo porque você decidiu pesar a mão em uma festa que nem serve para melhorar nossos status na sociedade! — Assim que atendeu o telefone, ouviu sua mãe espernear como uma louca impaciente, e infelizmente teve que acordar de vez.

Levantou da cama o mais devagar possível para evitar acordar Suguru e correu para fora do quarto.

— Eu não passei a noite em uma festa, estava com um amigo e acabei perdendo a hora — Respondeu dócil, tentando cortar um pouco a raiva da mulher.

— Preferia que tivesse bebido todas em uma festa e se perdido do que admitir que teve tamanha irresponsabilidade, você sabe que eu odeio pessoas atrasadas! — E apesar de suas tentativas, ela continuava furiosa — Está me atrapalhando de novo, seria mais fácil apenas vir e resolver meus problemas do que continuar causando estresse, sabe quantas vezes na semana eu tenho que visitar a clínica estética por sua causa? 

— Eu tenho quase certeza que procedimentos estéticos devem ter uma pausa de, no mínimo, 15 dias entre um e outro — Ouviu a mulher bufar do outro lado do telefone — A Senhora sabe que pode ir, não sabe? Não depende de mim para fazer essa viagem.

— Se eu soubesse que era mais prático comprar birkins para mim do que pagar aquelas suas aulas de francês caríssimas naquela época eu teria mais convites para a semana de moda e menos estresse com filhos — Satoru conseguiu ver sua mãe revirar os olhos naquele momento — Você tem duas horas para estar aqui. Céus, é idêntico ou pior que o seu pai.

Antes que conseguisse responder, a mulher desligou o telefone.

Estava completamente enrolado, precisava viajar com sua mãe e não sairia daquele apartamento enquanto Suguru não acordasse, primeiro porque era o tipo de coisa que idiotas fazem depois de transar com pessoas sem nenhuma conexão e segundo porque provavelmente iria ser assassinado por beijar seu instrutor, então era melhor ser assassinado agora do que na faculdade.

Encheu um copo de água e começou a pensar em tudo que poderia fazer enquanto Suguru estava dormindo, provavelmente deveria ir a padaria e passar na farmácia para comprar bons chás para ressaca, depois iria para a pista de pouso particular de sua família e só voltaria ao Japão uma semana depois, ou duas se sua mãe estivesse decidida a fazer mais compras do que geralmente faria. E depois iria se dedicar fielmente ao clube de golfe, a pedido de sua mãe. Um homem que joga golfe demonstrava ter um status social elevado, e era exatamente isso que ela queria.

Embora tivessem bastante dinheiro, as famílias da alta sociedade japonesa os odiava completamente por serem "novos ricos".

Se distraiu com o barulho de algo quebrando, e correu para o quarto.

— O que foi? — Se agitou ao perceber que o copo que estava sobre a mesa de canto agora estava quebrado no chão. Suguru não estava na cama e a porta do banheiro estava aberta, desconfiado, se aproximou devagar até ouvir o som de vômito. 

Recolheu rapidamente os cacos e se livrou da bagunça, mas quando retornou ao quarto ele ainda não tinha saído do banheiro, o obrigando a se aproximar para conferir se estava tudo bem, e para sua surpresa, não estava. Suguru estava sentado no chão ao lado da pia, com a cabeça entre as mãos e tremendo visivelmente.

Deu pra passar? - SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora