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A sensação de ficar nervoso por algo que você não pode controlar é uma das piores que existe. Você sabe que aquilo está acontecendo, sabe como é importante e como as pessoas se dedicaram para fazer aquilo, mas ainda assim... não pode fazer nada a respeito, a não ser ficar o dia inteiro se coçando de nervosismo.

Ao longo daquela semana, só viu Geto uma única vez durante a aula de Antropologia, e mal conseguiu falar com ele, já que, na ocasião, os alunos estavam se arrastando atrás do professor para conseguir pontos extras na prova que se aproximava. E, embora fosse meio humilhante ver seus colegas fazendo aquilo, tinha decidido que, quando se encontrassem novamente, iria encher o saco do professor também, porque não era possível que a turma conseguisse estudar o suficiente para aquela maldita prova.

Mas, mesmo estudando com tudo que podia para a iniciação científica, não teve tempo algum de encontrar Suguru para tirar dúvidas ou quaisquer problemas que tivesse na compreensão daquele bendito projeto, e ainda que quisesse ou precisasse entender algo que seria de vital importância para o projeto, ele apenas se permitiu acreditar que acabaria esbarrando no moreno em algum momento pela faculdade.

O que definitivamente não aconteceu.

— Suco de laranja? Quantas vezes eu disse que isso engorda! — A voz de sua mãe o distraiu de seus pensamentos. — Querido, não pode perder a postura.

— Não tenho nem mesmo o direito de almoçar com meu suco favorito? — Seu pai resmungou bravo, e ele respirou fundo, sabendo o que viria a seguir. — Não acha que está velha demais para seguir com essa maluquice de dieta?

— Velha? — A mulher arregalou os olhos e puxou um espelho de algum lugar da mesa, se encarando em vários ângulos. — Satoru, o que você acha? Estou velha?

— Não, mamãe, está linda — Respondeu no automático, tentando fazer a mulher se sentir minimamente melhor consigo mesma. — Mas acho que não seria o fim do mundo se deixasse meu pai comer o que quer de vez em quando, é só um almoço.

— Querido, fala isso porque puxou a sua mãe e não engorda nem se comer uma montanha de comida, mas sabemos que seu pai não tem o mesmo tipo de genética. — A mulher então virou para o marido. — Se engordar, você irá parecer um porco e perderá toda a credibilidade que conquistou.

— Ninguém irá morrer se engordar uns quilos, pare de ser maluca — Seu pai parecia bem estressado, mas sua mãe nunca se deixava afetar por isso. — Tenho uma reunião às duas da tarde, logo irei sair de qualquer forma, vou encontrar o dono de uma grande transportadora para jogar golfe.

— Golfe? Soa como algo de prestígio para o nosso nome, deveria jogar, Satoru. Iria pegar bem para a família se fosse visto nesse tipo de ambiente — Sua mãe simplesmente esqueceu da discussão que acabara de criar e focou novamente em aparências, aquele era seu superpoder.

Se ela fosse uma heroína, seria a Superfútil.

— No momento eu já tenho atividades demais que impactam no interesse da nossa família — Comentou por distração, mas percebeu que teria que falar, já que seus pais agora o olhavam com curiosidade. — Estou auxiliando em uma iniciação científica na universidade.

— Isso é... interessante — Sua mãe tentou fingir algum interesse, enquanto seu pai apenas voltou a se concentrar na comida.

— E eu almocei com aquele seu amigo árabe ontem, ele parece interessado na iniciação, é sobre restauração de obras de arte — Finalmente conseguiu fazer com que seu pai olhasse para si. — Os grandes magnatas do petróleo têm tido bastante interesse nas obras japonesas. Seria um grande trunfo se conseguíssemos recuperar e negociar obras de arte antigas. Sei que o senhor trabalha com negócios e dinheiro, mas se me instruir, eu... no futuro, com minha formação, posso começar a intermediar esse tipo de negociação e quem sabe expandir o foco da empresa.

Deu pra passar? - SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora