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Satoru Gojo foi criado num lugar cercado de pessoas poderosas e inteligentes, com empregos poderosos e definitivamente preciosos, políticos, grandes empresários, banqueiros, oficiais... Todos ao seu redor, mostrando como o poder era uma arma, e que ninguém além de seus próprios filhos deveria ocupar um cargo de poder como o deles.

A família Gojo não era um grande exemplo nesse mundo, para sua sorte.

Sua mãe era secretária de um dos oficiais do exército de alta patente, e seu pai assessor pessoal de um homem bastante poderoso. Os dois ganhavam o suficiente para terem uma vida confortável e até bastante luxuosa, e seus chefes lhes permitiam diversos privilégios para compensar os anos que os dois passaram cuidando de suas famílias. A escola que Gojo estudou fora custeada pelos patrões de seus pais, assim como todas as viagens que fez ao longo da vida e várias outras regalias que pessoas comuns teriam que trabalhar anos para conseguir, tudo isto se deu devido a bondade e riqueza absurda que os chefes de seus pais tinham.

O único problema era que, vivendo esse tipo de vida, seus pais exigiam que ele fosse alguém tão excepcional quanto as pessoas as quais eles prestavam seus serviços, afinal, embora eles não fossem poderosos, eles também tinham mais dinheiro do que poderiam contar. Então... Definitivamente cabia a ele ser aprovado naquele semestre, porque seria uma vergonha para eles explicar que seu único filho não se dera ao trabalho de passar em antropologia.

— Minha cabeça vai explodir — Foi a primeira coisa que disse quando chegou à sala de aula, se atirando contra a cadeira para tentar ter pelo menos cinco minutos de paz e sossego — Quem teve a brilhante ideia de marcar uma festa sabendo que teríamos aula na manhã seguinte?

— Alguém que acredita fielmente na nossa capacidade de dizer não — Shoko reclamou, igualmente cansada da festa da noite anterior — Aliás, vocês viram o cartaz da calourada amanhã? Vai ser naquela casa de shows no centro e faz muito tempo que não vamos lá, eu acho que vale a pena.

— Se quiserem ir mal na prova de direito penal, eu posso sugerir meios menos destrutivos a sua saúde do que festas todos os dias — Nanami reclamou, incomodado com a constante reclamação de ressaca dos amigos.

— Onde está Haibara? Ele iria nos apoiar — Shoko ergueu a cabeça, procurando o colega pela sala de aula.

— Estágio, Geto dispensou ele e permitiu que ele tivesse aulas com uma turma de outro curso no horário da noite, ele disse que a oportunidade de fazer o estágio dos sonhos era muito mais gratificante do que ver aulas de antropologia todas as terças pela manhã — Kento explicou enquanto anotava alguma coisa em sua agenda, provavelmente se concentrando no conteúdo da próxima aula.

— Pra mim ele só diz que antropologia é uma obrigação — Gojo puxou o moletom da bolsa e arrumou como um pequeno travesseiro, deitando na peça para tirar sua visão da luz — E por que diabos ele quer estagiar agora? É uma perda de tempo quando temos pouco conhecimento da área.

— Você faz direito do cinema, não acho que deveria estar reclamando de quem deixa de fazer as coisas pra ir a um estágio, sua optativa é uma grande enrolação — Shoko reclamou e enfiou o rosto entre os livros, usando-os de travesseiro — Eu sei que muitas das coisas que saem da sua boca são o que seus pais pensam.

— Não é assim, eu também tenho opiniões próprias — Normalmente evitava expor? Sim, mas era algo sábio a se fazer tendo noção da natureza controladora de seus pais.

— Que você formou baseado na educação elitista que seus pais te deram, ótimo parâmetro meu amigo — A garota deu dois tapinhas em seu ombro à medida que a distância das carteiras permitia, sem sequer levantar o rosto — Mudando de assunto... Como ficou sua situação com o Geto?

Deu pra passar? - SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora