Capítulo 1 - Um café de graça

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(''Do i wanna know?'' - Artic Monkeys)

Enquanto Michele absorvia a leitura de seu livro, um homem de presença imponente se moveu, segurando uma xícara de café fumegante. Com um sorriso encantador, ele disse: "Oi, achei que você poderia gostar de um café."

Surpresa pela abordagem inesperada, Michele atrai os olhos do livro e se depara com um homem charmoso e atraente, oferecendo-lhe uma bebida. Ainda cautelosa, perguntou: "É uma cortesia da loja?"

O homem falou, notando o leve rubor que coloria o rosto dela, e respondeu: "Não, resolvo comprar um café para alguém que parecia mais equipamentos no livro do que no mundo ao redor."

A resposta desarmou a desconfiança de Michele. Com um sorriso tímido, ela fechou o livro e aceitou a xícara, lançando um olhar curioso ao estranho que se sentava ao seu lado. "Obrigada, foi uma boa ideia", disse ela, esboçando um sorriso.

Encantado com a ocorrência dela, o homem colocou sua própria xícara sobre a mesa e voltou-se novamente para Michele. "Sou Nate Mendez, a propósito. E você é...?" Disse, com um tom amistoso e envolvente.

Ainda gradualmente envergonhada, Michele respondeu: "Me chamo Michele Bezerra".

Nate continuou a observar enquanto ela tomava um gole do café, o interesse e a curiosidade nitidamente expressa em seu olhar. "Michele... é um nome lindo", comentou ele, recostando-se na cadeira e fitando-a com intensidade.

Michele retribuiu o sorriso, respondendo, quase sem jeito: "Obrigada."

Percebendo o livro sobre a mesa, Nate perguntou: "Então, você é uma devoradora de livros?"

Com um brilho nos olhos, Michele respondeu: "Sim, sou. Estou lendo *Cem Anos de Solidão*, de Gabriel García Márquez. Já ​​leu?"

Após se apresentar formalmente, Nate abriu um sorriso de reconhecimento. "Sim, li na adolescência. Gabo é extraordinário. O realismo mágico dele é, sem dúvida, fascinante."

Michele, curiosa e intrigada, notou a câmera surpresa no ombro de Nate. Com um sorriso leve, ela se mudou e perguntou: "Essa câmera aí... é coisa séria? Você é fotógrafo?"

Ao perceber o interesse genuíno de Michele, Nate se animou. Com um gesto cuidadoso, retirou a câmera do ombro e o descansou sobre a mesa, como quem revela um objeto precioso. "Sou fotógrafo freelancer. Gosto de capturar momentos únicos com minha câmera", declarou, com um orgulho quase palpável, deixando transparecer o preço que nutria por sua arte. "Na verdade, meu irmão e eu temos um estúdio de fotografia juntos. É uma das maiores alegrias da minha vida."

Michele transmitiu, visivelmente impressionada. "Isso é incrível, Nate. Deve ser maravilhoso trabalhar com algo que você ama tanto."

Nate concordou. "É, sim. Cada fotografia conta uma história, e eu adoro poder eternizar essas histórias."

Michele, demonstrando um interesse genuíno, comentou com um sorriso: "Eu adoraria ver algumas de suas fotos," disse, lançando um olhar curioso para a câmera.

Encantado e discretamente lisonjeado, Nate respondeu: "Pois bem, meu irmão e eu estamos trabalhando em um livro que celebra a vida através de imagens – desde o nascimento até a maturidade. Queremos capturar a emoção e as histórias que cada fase traz. Tem sido uma experiência incrível; estamos dedicados a esse projeto há dois anos," explicou, com o olhar distante, como se revivesse cada cena capturada. "Desculpe, Michele, mas quando o assunto é fotografia, acabo me empolgando. E você, com o que trabalha?"

Os olhos de Michele brilharam de entusiasmo. "Um livro? Que ideia maravilhosa! Consigo imaginar as histórias que cada imagem deve contar."

Em seguida, esboçou um sorriso discreto. "Sou advogada e atuo com consultoria online," respondeu, sem muita animação.

Nate notou o tom reservado de Michele ao falar de sua profissão, como se faltasse entusiasmo em suas palavras. Com um sorriso leve, perguntou: "Parece que Direito não é exatamente sua grande paixão, estou certo?"

Michele suspirou. "Na verdade, pintura é minha grande paixão. Na adolescência, passava horas pintando, criando em cada quadro um reflexo da minha alma. Com o trabalho como advogada, não consigo me dedicar tanto quanto gostaria, mas sempre dou um jeito de pintar quando tenho um momento livre."

Ela fez uma pausa, com um ar de fascínio no olhar, Michele disse". "Mas sabe qual é meu verdadeiro sonho?" continuou, com um sorriso contido. "Ter minha própria galeria de arte, onde eu pudesse expor meus quadros e dar espaço a novos artistas." Michele riu, um pouco tímida. "Desculpa a empolgação; é que, quando se trata de pintura, não consigo parar de falar."

Nate sorriu, admirado. "Tenho certeza de que você vai alcançar esse sonho. Você tem paixão e, com certeza, talento, e isso faz toda a diferença." Por um instante, lembrou-se de Daniel, seu amigo que possuía uma galeria e procurava um sócio. Mas achou que ainda era cedo demais para mencionar algo assim; afinal, ele e Michele haviam acabado de se conhecer.

Após a conversa inicial com Nate, ela estava intrigada com aquele homem tão expressivo, que surgiu inesperadamente trazendo um café e uma conversa cativante. Curiosa, Michele decidiu perguntar o que exatamente o trouxera àquele café.

"Agora, preciso saber," disse Michele com um sorriso enigmático, "o que te trouxe a este café, Nate?"

Ele sorriu e olhou ao redor, como quem absorve a atmosfera do lugar. "Além de querer um bom café, gosto de vir aqui para observar as pessoas e capturar momentos únicos com minha câmera. Esse lugar tem uma energia especial que sempre me inspira."

Michele soltou uma leve risada. "Então você estava à caça de inspiração?"

"Exatamente", respondeu Nate, um brilho intenso no olhar. "E, para minha surpresa, encontrei algo ainda mais interessante do que esperava."

Michele olhou uma sobrancelha, intrigada. "E o que seria?"

Nate a fitou por um instante, antes de responder: "Você, Michele. Às vezes, as melhores inspirações surgem onde menos esperamos."

Michele corou prosseguindo, mas manteve o sorriso. "Muito lisonjeiro da sua parte."

Nate, sorrindo, falou para a câmera, revelando-a para ela. "Confesso que não resisti e tirei uma foto sua enquanto você estava imersa na leitura. A cena parecia perfeita."

Surpresa, Michele perguntou: "Sério? Posso ver?"

Nate mostrou a câmera, onde Aparecia Michele, totalmente envolvida em ''Cem Anos de Solidão''. "Aqui está. Sua concentração deu uma vida especial ao ambiente."

Michele olhou para a foto e sorriu, admirando o talento dele. "Você realmente captou o momento."

Com um brilho divertido nos olhos, Nate guardou a câmera e sugeriu: "Já que dividiu minha inspiração com você, o que achamos de compartilhar um jantar qualquer dia desses? Prometo não levar a câmera."

Michele riu. "Gosto da sua coragem, Nate. Acho que podemos combinar."

Ainda sorrindo, eles pegaram seus celulares. Nate, sempre com certeza, estendeu seu telefone para Michele, que fez o mesmo para que ambos digitassem os números.

"Pronto, Michele. Agora você tem meu contato para combinarmos aquele jantar," disse ele com um sorriso confiante.

Michele digitou seu número no celular deletado e invejou uma mensagem. "Você é insistente, não é?"

"Prefiro chamar de determinado", respondeu Nate, piscando. "Que tal amanhã à noite? Conheço um lugar que serve uma comida excelente."

Michele refletiu por um instante e, ruborizada pela piscada de Nate, transmitiu. "Amanhã à noite parece perfeito. Só me mande o endereço e o local."

Nate guardou o celular, satisfeito. "Ótimo! Vou enviar os detalhes. Até amanhã, Michele."

Ela assentiu, sentindo uma mistura de curiosidade e entusiasmo. "Até amanhã, Nate."

Com os números trocados e a promessa de um encontro no dia seguinte, ambos se levantaram, trocando um último sorriso antes de seguirem seus caminhos.

Dúvida ImperfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora