Positivo

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Eduardo e eu saímos do prédio dele naquela tarde ensolarada, aproveitando o ar livre e a conversa descontraída que fazíamos questão de manter para deixar os problemas de lado por um momento. Ele havia se mudado recentemente para um apartamento próximo à faculdade, um lugar mais seguro e confortável, e nossa relação parecia finalmente entrar em um período de paz e normalidade. Enquanto andávamos, Eduardo segurava minha mão com firmeza, e eu sentia o calor e a proteção que ele transmitia.

— Finalmente, um pouco de sossego, hein? — disse ele, sorrindo.

— É, depois de tantas turbulências, precisamos desses momentos de calma — respondi, retribuindo o sorriso.

Mas, de repente, ao longe, vi Giovanna caminhando em nossa direção. Meu coração apertou; eu não esperava encontrá-la assim, de surpresa. Eduardo ainda não havia contado sobre nós, e vê-la tão inesperadamente me deixou tensa. Quando ela nos avistou, seu rosto se fechou em uma expressão de surpresa e, em seguida, de fúria.

— Pai? — Giovanna exclamou, se aproximando com passos rápidos e firmes. — O que está acontecendo aqui?

Eduardo soltou minha mão, como se o choque de ver a filha ali tivesse o surpreendido tanto quanto a mim.

— Giovanna, eu... eu posso explicar. — Ele deu um passo em sua direção, mas ela o interrompeu.

— Vocês estão juntos? É sério isso, pai? — A voz dela tremia, e seus olhos iam de mim para ele, incrédulos.

— Sim, estamos juntos, filha. Mas eu ia conversar com você sobre isso em outro momento, de forma mais calma — respondeu ele, tentando manter a serenidade.

— Não acredito que está com a minha amiga! Pai, você tinha que me falar! — Giovanna balançou a cabeça, parecendo profundamente magoada, e se afastou de nós, atravessando a rua com pressa. Eduardo tentou chamá-la, mas ela já havia sumido na esquina.

Eu fiquei ali, olhando para Eduardo, sentindo o peso daquela revelação. Ele parecia perturbado e olhou para mim com uma expressão de desculpa.

— Sinto muito, Soso. Não era para acontecer desse jeito. Eu queria que a Giovanna soubesse, mas não esperava que fosse tão difícil para ela. Ela só precisa de um tempo para processar — disse ele, acariciando meu rosto em um gesto reconfortante.

— Eu entendo, Eduardo. Ela é sua filha, e é natural que se sinta assim. Ela só precisa de um pouco de tempo — respondi, tentando afastar o aperto que se formava em meu peito.

Subimos de volta para o apartamento, e a tensão daquele momento parecia ter me atingido fisicamente. Senti uma onda de náusea, um mal-estar repentino que parecia tomar conta de mim. Respirei fundo, tentando me acalmar, mas a sensação aumentou, e antes que eu pudesse evitar, saí correndo para o banheiro. Vomitei todo o almoço, o gosto amargo e o desconforto me deixando ainda mais tonta.

Eduardo se aproximou rapidamente, preocupado, e segurou meu cabelo para trás, me dando apoio.

— Soso, você está bem? Quer ir a um hospital? — perguntou ele, com um tom preocupado.

— Não... acho que só fiquei nervosa com tudo. É provável que tenha sido isso — murmurei, ainda me sentindo fraca.

Ele olhou para o relógio e suspirou.

— Eu tenho que ir, Soso. Houve uma ocorrência no batalhão, e preciso estar lá. Você quer que eu te leve para casa antes?

— Não, pode ir, eu fico bem. Vou descansar um pouco aqui e me recompor — disse, tentando tranquilizá-lo.

Eduardo hesitou, mas me deu um beijo suave na testa e saiu, lançando-me um último olhar preocupado antes de fechar a porta. Fiquei sozinha no apartamento, tentando me concentrar em algo que não fosse aquele mal-estar que insistia em me acompanhar. Sentei-me no sofá, fechei os olhos e respirei fundo, mas novamente senti uma náusea crescente e corri para o banheiro pela segunda vez.

Corações em CombateOnde histórias criam vida. Descubra agora