0 | the bag

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Helena andava de maneira inquieta dentro do elevador, tudo parecia desmoronar dentro de si, suas mãos suavam incessantemente e sua garganta estava tão seca quanto um deserto. A cacheada caminhou até a porta de Eduarda, sua ficante, sua mão caminhou até a campainha, mas no meio do caminho o medo consumiu seu corpo. Ao tocar aquele botão tudo se tornaria real, Eduarda estaria na sua frente e o fim estaria ainda mais próximo.

Helena desistiu, sua mão voltou ao bolso, a sacola que ela carregava foi deixada na porta da garota, ali tinham diversos objetos de Eduarda que estavam com Helena, que agora deveriam voltar à dona.

O caminho de volta ao seu apartamento foi curto, eram apenas dois quarteirões de distância, mas durante todo esse período as lágrimas não paravam de descer, os soluços não paravam de acontecer e a dor no coração não diminuía.

Helena sabia que amava Eduarda e esse era o problema.

Enquanto a morena estava deitada aos prantos, Eduarda abriu a porta para buscar o pedido de comida que a esperava na portaria, entretanto, sua curiosidade colocou aquela sacola para dentro do apartamento, mas deixou para olhá-la quando voltasse. Assim ocorreu.

A sulista não podia acreditar, todas suas coisas estavam ali, todos os presentes que já haviam sido entregues para Helena, tudo que representava o que elas tinham. Tudo aquilo estava em uma sacola de papelão, a história de amor mais bonita de Eduarda acabou nisso, acabou em uma sacola.

Hanna se aproximou da dona e a olhou, Duda segurava a sua camiseta que havia dado para Helena, já que era sua favorita. Nada incrível, mas o suficiente para que todas as noites passadas no apartamento da mais nova acabassem com a mais velha vestindo-a. O cheiro da cacheada era presente no ar, era mais forte do que a comida que acabara de chegar, talvez aquele fosse o cheiro que Eduarda preferisse sentir.

Não havia nada, nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nenhum bilhete. Apenas uma sacola com memórias. Não havia explicação.

Eduarda tentava pensar em alguma hipótese, mas falhava miseravelmente. Não haviam discutido, não havia algo para descontentamento, não havia nada que Helena tivesse exposto.

Simplesmente acabou. Numa quinta-feira qualquer aquilo que Eduarda sentia parecia algo ruim. Amar parecia ruim.

Eduarda queria ouvir as risadas de Helena, queria sentir seu nariz passeando por seu pescoço, seus lábios beijando suas tatuagens, seu olhar brilhoso e seu sorriso acalentador.

Eduarda queria Helena, mas não podia mais te-lá, esse era o problema.

Helena por sua vez, queria Eduarda, mas não sabia como. Helena sonhava com o futuro ao lado da tatuada, sonhava com cenários idealizados, queria realizar tudo com ela ao seu lado. Mas, agora, ela já havia feito, já havia deixado aquele monstro que habitava dentro dela vencer.

Helena pegou o celular e viu que haviam algumas mensagens, mas nenhuma de Eduarda, nada de questões.

Eduarda havia aceitado que perdera Helena.

Helena não aceitava que havia deixado Eduarda a perder.

Eram cenários diferentes, mas com uma ligação importante. O amor.

——

O início terá dor e sofrimento, mas prometo que uma hora irá melhorar, eu acho.

Um presente após o enem, um abraço pra que prestou 💋💋

Mal resolvido - Doarda Onde histórias criam vida. Descubra agora